(Na rua todo tamanho e estilo vale, sapato de verão da marca sueca H&M)
Meo!
Se tem uma coisa na vida capaz de me tirar literalmente o sono e a paciência é vizinha andando de salto alto na minha cabeça a noite e de madrugada.
Acabei de pensar nisso porque vi um recado do novo síndico para as moradoras que não descem do salto nem às altas horas da noite e porque estava lá acabadésima, louca para fazer a bebê Marina voltar a dormir para que eu também pudesse descansar e o som estridente do salto da provavelmente sempre elegante vizinha ressonava em nossos ouvidos.
Lembrei-me então do silêncio impagável de Malmö city. Of course! não tem como comparar lé com cré: São Paulo é por si só barulhenta dia e noite, 365 dias do ano, mas não se pode negar o quanto o hábito de não usar sapatos dentro de casa ajudava nesta questão.
Nunca ouvi barulhos de sapatos no andar de cima e isso, ah! isso era uma benção sueca!
Falei há tempos aqui sobre este costume europeu e de como os suecos respeitam a regra 100% do tempo.
As sapateiras ficam na entrada da casa, onde donos e visitas deixam suas poeiras. Nas casas e em vários outros ambientes também. Um exemplo são as academias. Como lembrara minha amiga Xu na outra ocasião, precisamos trocar de sapatos nas academias de ginásticas. Todo mundo deve carregar seu tênis limpinho, novinho, separado apenas para esta razão e colocá-lo no vestiário.
Em grandes empresas o sapato fica mantido, mas em hospitais, clínicas, laboratórios o pessoal todo usa umas sapatilhas de borracha também separadas só para uso interno e o que não é raro de se ver, meiões pretos por baixo delas. Hahai hihi...
Todos esses cuidados têm a ver com a necessidade de não entrar com chuva, neve, lama dentro das casas e lugares e também com manter mais facilmente o ambiente do lar limpinho e acolhedor. Então tem a ver ainda com o fato de quem vai dançar com rodo na mão no fim de semana na limpeza quase sempre são os próprios donos da casa.
Disso tudo eu havia falado naquele antigo post, mas eu havia me esquecido desta máxima contida na cultura e na ética sueca: "eu não devo, não posso, portanto não vou sapatear na cabeça dos meus vizinhos com meu salto agulha lindo, minhas botas sete léguas, galochas ou o diabo a quatro"! (Vejam como eu estou visivelmente irritada! :")
A carta enviada pela nova síndica de meu condomínio revela os problemas morais enfrentados todos os dias em convivência com brasileiros gersons: respeite a vaga do vizinho, a lei do silêncio, não use saltos em casa, não deixe animais sujarem elevadores etc etc etc.
(... mas dentro de casa, nunca, jamais, em tempo algum! meus pés e os de minhas queridas amigas em noite do pijama da mulherada, Malmö, 2010)
Aqui em casa adotamos a antiga sapateira sueca no nosso hall de entrada. Virou mania, não conseguimos usar sapato em casa, mas deixamos as visitas a vontade. Ainda assim, se (não for uma ocasião especial) e uma visita estiver de salto tarde da noite eu peço gentilmente para trocar por algum chinelo meu.
Há pouco eu comentava no blog da super Lola algo que tinha mais ou menos a ver com isso: a gente vive louco para conseguir parecer e agir como gente de primeiro mundo, mas em muitos casos tem a visão límitrofe. Pensa no próprio umbigo quase o tempo todo. E isso, mal sabemos nós, não tem nada de moderno. Nada de chique. Nada de civilizado. É mais antigo do que as sapatilhas de couro egípcias de mil anos antes de Cristo.
...
ps2: Até o fechamento desta edição a mulher "elegante" do andar de cima continua indo de um cômodo para o outro e do outro para o um com o mesmo salto do início desta matéria.
Comentários
Moramos no primeiro andar. Se morasse em andar intermediário, nunca que ficaria de salto alto em casa. Desrespeito total!
Beijo!
No Brasil em casa também não usava sapato, tirávamos e trocávamos por sandálias de casa, sem barulho, sempre foi assim.
Eu já acho que alguns brasileiros quer a organizacäo que alguns países de primeiro mundo tem, mas näo querem mudar o comportamento deles próprios pras coisas melhorarem nem que seja dentro de casa e na rua onde moram. Reclamam das ruas sujas, mas levam o totó pra fazer cocô e não limpa, e acha que as ruas da Suécia, por exemplo, são limpinhas por milagre. Reclamam de gritaria e barulho, que brasileiro fala alto e tal, mas é o primeiro a gritar dentro de casa incomodando o vizinho. bom, nada cai do céu, tem que mudar o comportamento para início de conversa.
Beijo
Beijo
e tao curioso como atraves da net a gente entra e sai na vida dos outros e vice versa... saudades!
http://borboletapequeninanasuecia.blogspot.com/2009/09/leitor-mostre-sua-cara.html
meo! entao! voce tocou num ponto que eu adoro: a questao da mudanca interior e radical de comportamento. Quando penso nisso, quando vejo o que a gente aqui e capaz de fazer eu meio que desanimo total, dai vejo gente legal como voces! e me animo de novo...
mudar requer coragem, requer sair da tao falada zona de conforto e deixar o conforto, ainda que seja minimo e o que quase ninguem quer aqui no brasil...
gosto de brincar com estas diferencinhas nestes posts, como nao andar de salto em casa, porque elas mostram so a ponta do iceberg que nos separa de ainda agirmos como todo um povo civilizado.
Entao!!! o blog novo e o pensamentos desatados nao e?
vou ver como esta na lista...
dias felizes para ti e os BARN
Lendo a sua historia, me lembrei do meu cunhado reclamando da vizinha de cima do apê deles: além do salto alto o dia inteiro, a moça ainda grita quando o namorado passa a noite lá. Segundo meu cunhado, que não é exagerado, a barulheira entra noite adentro. Ele reclamava que quando eles pensavam que enfim conseguiriam dormir, começava tudo de novo!!!!
saudades de conversar com você!!!!
Pois é, depois que voltamos, não conseguimos mais entrar de sapatos em casa. As pessoas chegam e acabam fazendo o mesmo por encontrar os nossos na entrada do apartamento, rs....acho estranho ter que entrar na casa de outros com os meus sapatos, parece que levo sujeira, fico incomodada. Posso imaginar durante a noite, este barulho de crec, crec enquanto tento dormir. Uma pena, acho que de verdade nem com saltos me acostumo mais, virei mais jacú do mato. Ah, pelo menos não incomodo o meu próximo!!!!!
Gostei muito da nova cara do seu blog. Um abraço apertado,
Fran
beijão
Os vizinhos de cima são super tranquilos e, mesmo com um garotinho de 6 anos, nem parece que tem criança lá em cima. Ainda bem, pois se o barulho fosse grande, fatalmente eu teria que reclamar na reunião de condomínio. Não faço pros outros o que não gostaria que fizessem comigo, este é meu lema.
beijinhos cariocas