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Mostrando postagens de maio, 2008

O grito de cada um

"O Grito", Edvard Munch Continuando a idéia do post anterior " Criar é Preciso ou Por que ainda escrevo este blog ", aqui vai um texto que sempre tenho na memória. Um querido amigo que "faz suéteres" nas horas vagas sem saber se alguém vai querer comprá-los... "A infância do Joãozinho" "A infância do Joãozinho. O problema é ter uma vida de "Rock Star". Não, o problema é ter uma vida de "Rock Star" e não ser um. ... Os professores diziam, os amiguinhos diziam. Todos ao redor diziam: "Você tem talento". Ele gostava de escrever, gostava de passar as noites preso no quarto, debruçado sobre seu fichário quase feminino. Escrevendo sobre tudo que achava que entendia. Ele ainda menino, nem tão inocente e longe da amargura da vida, achava que tinha sofrido demais e escrevia. "o poeta é um fingidor" repetia mil vezes pra si mesmo enquanto dissertava sobre dores que ele ainda nem sentia. Achava mesmo que aprend

Criar é preciso ou Por que ainda escrevo este blog?

(Abstrato n.1, ainda nâo assinei nem dei nome às duas telas dessa fase, Somnia Carvalho, maio de 2008) E u acho que deve logo fazer um ano que comecei a escrever este blog. Comecei no fim da gravidez, depois de ter enviado a tese para o Brasil. Quem me incentivou a escrever foi o Renato, porque eu vivia tentando atualizar meu orkut e ele insistiu que eu também devia me atualizar... De lá para cá, tanta coisa aconteceu. Comigo, com todo mundo. E, de uma forma sutil, acho que o blog serviu para atualizar os amigos e os familiares sobre nossa vida aqui. Mas acho que, desde o início, os textos que escrevi e muitos outros que vieram depois, serviram mais para que eu tivesse um espaco para liberar minha criatividade. E nem estou afirmando que os textos eram criativos, mas eu, ao escrevê-los, conseguia extravazar parte do que sentia. Transformava o sentimento e a vivência em imagens, em cores de fundo do blog ou nos textos. Buscava poesias e histórias que gostava e dividia. Mas esses dias qu

Entre passeios e sonhos: visitando a terra da Lego e do Andersen

(Re e Ângelo, loucos para brincar, na entrada da Legoland, em Billund, Dinamarca, maio de 2008) Semana passada, fizemos um passeio que poderia estar nos sonhos de infância do Renato, se ele soubesse da existência da Legoland, a terra da Lego que fica em Billund, na Dinamarca. (A caminho de Billund, passando por várias ilhas e pontes dinamarquesas) Daqui de Malmö so umas 3 horas de carro, mas fizemos uma parada básica em Odense, a terra onde nasceu e viveu Hans Christian Andersen, criador da maioria das fábulas infantis que conhecemos, como "A pequena sereia", "A princesa e a ervilha", "O Patinho feio", " O soldadinho de chumbo" etc. Estar em Odense, a terra do Andersen, foi especial por muitas razoes, mas sobretudo porque me lembrou as centenas de vezes que eu repetia as histórinhas para a Luana, minha sobrinha, quando ela era menor. O único problema da cidade, ou das cidades suecas, é que nos fins de semana elas são tão vazias que tem-se a imp

"Tão longe, tão perto"

Paisagem, Joan Miro, 1927 1. Explicando o sumico e a falta do c cedilha... Pessoal, Estou sem computador esses dias todos, por isso o sumico. Cometi um daqueles acidentes caseiros estupidos e queimei a placa do meu apple. Mas, antes que a culpa me consumisse, me lembrei bem de um livro otimo que tenho, "Perdas Necessarias", da Judith Viorst. A gente tem que aceitar e conviver com as pequenas perdas diarias, porque a vida e cheia delas e porque fica mais facil viver e enfrentar as grandes perdas que teremos durante nossa vida toda. Ta funcionando... Assim que conseguir resolver meu problema da desconexao com o mundo, retorno aos posts, ao skype etc. Esse aqui e emprestado por alguns minutos e, como podem perceber, nem consigo achar acentos nele. Nao que eu nao tenha tentado, pois acho terrivel falta de acentuacao, mas e que e quase impossivel mesmo... Espero poder falar da Legoland, do Andersem e outras coisas mais, em breve. Por aqui, temperatura muito das boas. Todos os dia

Sol, praia e sorvete? Onde mesmo?

Ir à praia na Suécia não é o mesmo que ir à praia, no sentido brasileiro. Não tem banho de mar. Quer dizer, tem, se você é doidinho igual ao Re e ao Gus. Mas se você é uma persona normal, você aproveita muito o sol delicioso, sem vento. Aproveita a paisagem linda, linda, de tirar o fôlego. Aproveita para comer peixes gostosos. Aproveita para se divertir com os milhares de bebês peladinhos que vão à praia.  Aproveita para curtir sua família. E nada de dançar boquinha da garrafa. A coisa é mais familiar, embora familiar no Brasil não inclua top less que muita gente não vê problema nenhum em fazer aqui.... Inclusive umas suecas felosas pra caramba que tavam lá no sábado passado... As bonitinhas, sorte minha e da Xu, não arrancaram nada não. Ir à praia na Suécia inclui, SEMPRE, tomar muito glass, muito sorvete! mesmo que a temperatura não seja realmente adequada... (eles estão tomando sorvete desde que começou a fazer 12 graus, há uns meses). Até Angelito se esbaldou, mas ele é brasileiro,

Berlim, algumas imagens e impressões

(Adoro balões: assim que entramos no centro de Berlim, avistei este lindo balão do jornal "Die Welt") De Malmö a Berlim: tudo vale a pena... Nossa viagem de carro, de Malmö até Berlim, durou bem mais que as quase seis horas previstas, porque incluímos várias paradas para brincar, matar a fome ou simplesmente descansar com o Angelito. Apesar de termos viajado no feriado prolongado do 1o. de maio, nada de trânsito. Nada de horas desperdiçadas em engarrafamento ou dinheiro em pedágio. A viagem por aqui é tão, tão tranqüila que parece cena de um filme do alemão Wim Wenders. A diferença é que as rodovias e os automóveis são apenas uma das muitas formas de se viajar pela Europa. Alguns tomam o carro como nós ou ônibus. Muitos outros vão de avião, incluindo passagens muito baratas, se compradas com antecedência, enquanto a maioria vai mesmo é de trem. Os confortáveis e rápidos trens que circulam pela Europa toda dão até nó na garganta de raiva de pensar que no Brasil, desistimos do

"Olhai os lírios do campo"... e

(Eu olhei e me enfiei na plantação dos campos aqui da Skåne, pela segunda vez, maio de 2008) Tem algumas coisas que essa plantação amarelinha daqui sempre me faz lembrar ou sentir: uma delas é a famosa passagem do Evangelho de São Mateus "Olhai os lírios do campo"... Passando por elas é impossível eu não pensar como crescem lindas, amarelas e maravilhosas, sem que seja feito nada mais além de ter sido semeada a semente. Acho lindo demais.  A vontade que tenho é sempre de me jogar completamente e me misturar na pintura amarela. Já tinha feito isso ano passado e não me contive de novo no sábado, mas, dessa vez, tive companhia...   (Minha amiga Xu-Muié, brasileira, falante e inteira do jeito que eu gosto) "Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive." Fernando Pessoa.

"Mamãe, mamãe, mamãe, volto a ti e me sinto criança"

( Audrey Ficociello , Mãe 1) “Mamãe, mamãe, mamãe  Tu és a razão dos meus dias  Tu és cheia de amor e esperança  Mamãe, mamãe, mamãe  Eu cresci e o caminho perdi  Volto a ti e me sinto criança  Mamãe, mamãe, mamãe  Eu te lembro de chinelo na mão  De avental todo sujo de ovo  Se eu pudesse  Eu queria outra vez mamãe  Começar tudo, tudo de novo” Eu sempre gostei demais dessa canção em homenagem às mães, cujo autor é desconhecido. Apesar de nostálgica e, de certo modo, até triste, eu sempre dava um jeito do coral da igreja cantá-la no dia das Mães, quando eu coordenava a liturgia, lá da comunidade onde trabalhei por alguns anos. E sempre funcionou que era uma beleza. Todas as mães choravam. Todas elas. Entretanto, só com o tempo percebi duas coisas: que era meio sádico o que eu fazia com as coitadinhas e que elas não choravam só porque estavam sendo homenageadas como mães, mas principalemente porque, na canção, se sentiam filhas de novo. E era às suas próprias mães que a singela canção l

25 graus em Malmö: temperatura ideal para fazer amizade com os suecos

(Ângelo, feliz da vida com o piquenique no parque e a "chuquinha" do Kian, seu amigo de muitos meses atrás) Eu queria pôr logo as fotos da fantástica Berlim que eu amei tanto. No entanto, a temperatura na gelada Suécia está tooom agradável que a gente não consegue ficar em casa. Pra quê ficar em casa, se o povo todo tá na rua? Como ficar em casa, se o sol e a claridade que não vimos por meses seguidos, agora vai das 5 da manhã até quase dez da noite? Entonces, apesar de eu já ter metade de dois textos, sobre Berlim, escritos, não consigo terminá-los. Só quero estar "outside"! E desculpa a misturança de língua no meio desse texto, mas é que tenho falado um pouco de tudo aqui. Ontem, quando me apresentaram para uma cozinheira chilena, na escolinha onde o Ângelo vai em agosto, eu não conseguia falar português, nem espanhol, nem nada... fiquei como se fosse muda.  Voltando à temperatura e o porquê da demora dos textos berlinenses. ....... Hoje eu senti 30 graus na pele,

Berlin by car: todo pensamento que a paisagem permite

(De dentro da balsa-navio que nos levou da Dinamarca à Alemanha, várias gaivotas nos acompanhavam. Algumas chegavam muito perto, como essa que pairava tranquila no ar, maio 2008) “Nada te perturbe, Nada te amedronte, Tudo passa, A paciência tudo alcança.” (Canção baseada em pensamento de Teresa D’Ávila) Há um ano atrás, tendo chegado do Brasil em terras suecas eu tinha um mundo a explorar e, por outro lado, alguns desafios grandes a vencer. Um dos primeiros seria se instalar, vencer as primeiras dificuldades com a língua, conseguir ir ao supermercado e trazer o pote de margarina e não de fermento para casa e, dos mais difíceis, superar a saudade da família querida e do país onde nasci. Havia também a necessidade de finalizar a escrita de minha tese de doutorado. Grávida, com enjôos, com dores comuns do período, um mundo inteiro novo lá fora para ver, tive de sentar, dia após dia, na solidão de um apartamento na Suécia, e escrever linhas, páginas. Centenas delas. Boas e inovadoras. Essa