("Com minha mãe estarei")
Acordei hoje cantarolando (again!) a música da Helena, aquela danada! Aliás, ontem, quando um aluno fofo me perguntou ao fim da aula como deveria escrever seu texto e eu mostrei rapidamente o primeiro parágrafo da "The Story" da Helena ele encheu os olhos de lágrima e disse: "ai que lindo!"...
E então me lembrei da trilha sonora do amor do Ricks e Paulo e do ABBA amado pela Ingrid! Caramba!, pensei, como este concurso me pega! Como estas histórias entram para a minha história! Eu assumo a vida delas como sendo o clipe para estas canções!
Foi quando, preparando, o texto de hoje eu de novo fui pega por mais uma porção de lembranças: as da Nina Sena.
A Nina é muito artista, embora seja engenheira florestal por formação! Costumava elaborar, lá da Alemanha onde vive com marido e três amadas crianças, lindos desenhos para histórias enviadas a um de seus blogs. Em outro, "Entre mãe e filha", ela escreve muito bem sobre coisas diversas que lhe agradam e que ama fazer, meio como eu aqui.
Recebi o texto da Nina há quase um mês e normalmente eu só leio os textos antes de publicá-los para passar aqui a emoção que senti ao lê-los. E foi assim que me vi no início dos anos 80, com meu pai, meu querido pai comigo em seu colo, cantando "Com minha mãe estarei"... E lembrei-me de minhas avós, tão católiquinhas... e revivi momentos com elas... Minha história e da Nina se cruzam e a dela é daquelas recheadas de amor do tanto de amor que as relações nossas são feitas. Tenho certeza de que o mesmo ocorrerá com você!
Obrigada, querida Nina!!! E, todos vocês, chorem a vontade! Depois? É só escrever o seu texto e mandar pro nosso concurso "Uma música, mil lembranças".
...
Difícil. Dificílimo escolher uma música em meio a tantas que amo. Complicadíssimo pra alguém que cresceu ouvindo música soar alto pela casa na vitrola de sua mãe, enquanto essa brigava com a filharada e com o marido mulherengo, escolher uma só. Dou minha palavra que tentei. Procurei muito. Enquanto procurava, aproveitei pra matar as saudades de algumas coisas, pra lembrar de outras, pra dançar na sala, pra chorar num canto. Esse concurso mexeu com minhas emoções. Mas desde que vi esse anúncio no teu blog Sonia, uma música não saia da minha cabeça. Na verdade, eu não queria escrever sobre ela. Tive receio de parecer meio jogo sujo, sabe? Mas ela queria fazer parte, melodiando meu texto. Não teve jeito.
Acordei hoje cantarolando (again!) a música da Helena, aquela danada! Aliás, ontem, quando um aluno fofo me perguntou ao fim da aula como deveria escrever seu texto e eu mostrei rapidamente o primeiro parágrafo da "The Story" da Helena ele encheu os olhos de lágrima e disse: "ai que lindo!"...
E então me lembrei da trilha sonora do amor do Ricks e Paulo e do ABBA amado pela Ingrid! Caramba!, pensei, como este concurso me pega! Como estas histórias entram para a minha história! Eu assumo a vida delas como sendo o clipe para estas canções!
Foi quando, preparando, o texto de hoje eu de novo fui pega por mais uma porção de lembranças: as da Nina Sena.
A Nina é muito artista, embora seja engenheira florestal por formação! Costumava elaborar, lá da Alemanha onde vive com marido e três amadas crianças, lindos desenhos para histórias enviadas a um de seus blogs. Em outro, "Entre mãe e filha", ela escreve muito bem sobre coisas diversas que lhe agradam e que ama fazer, meio como eu aqui.
Recebi o texto da Nina há quase um mês e normalmente eu só leio os textos antes de publicá-los para passar aqui a emoção que senti ao lê-los. E foi assim que me vi no início dos anos 80, com meu pai, meu querido pai comigo em seu colo, cantando "Com minha mãe estarei"... E lembrei-me de minhas avós, tão católiquinhas... e revivi momentos com elas... Minha história e da Nina se cruzam e a dela é daquelas recheadas de amor do tanto de amor que as relações nossas são feitas. Tenho certeza de que o mesmo ocorrerá com você!
Obrigada, querida Nina!!! E, todos vocês, chorem a vontade! Depois? É só escrever o seu texto e mandar pro nosso concurso "Uma música, mil lembranças".
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Difícil. Dificílimo escolher uma música em meio a tantas que amo. Complicadíssimo pra alguém que cresceu ouvindo música soar alto pela casa na vitrola de sua mãe, enquanto essa brigava com a filharada e com o marido mulherengo, escolher uma só. Dou minha palavra que tentei. Procurei muito. Enquanto procurava, aproveitei pra matar as saudades de algumas coisas, pra lembrar de outras, pra dançar na sala, pra chorar num canto. Esse concurso mexeu com minhas emoções. Mas desde que vi esse anúncio no teu blog Sonia, uma música não saia da minha cabeça. Na verdade, eu não queria escrever sobre ela. Tive receio de parecer meio jogo sujo, sabe? Mas ela queria fazer parte, melodiando meu texto. Não teve jeito.
É a netinha da dona Laura que eu dou permissão
pra escrever agora.
Com vocês, Pingo de Gente:
"Oi. É que essa música deveria ser uma das
mais queridas da minha avó, e é aquela que mais me lembra a vó Laura.
Bom, deixe-me primeiro me apresentar. Meu
nome é Nina Rosa, mas todos me chamam de Pingo, porque sou muito pequena, a
menor de todos os irmãos. Esse apelido quem me deu foi minha avó, mas houve
adaptações. Há quem me chame de Pingulino, de Sugulino, e de Sugu. Às vezes me
chamam de Mucama, por brincadeira de irmã mais velha que pode ser bem malvada,
porque sou também a mais escurinha das irmãs, ou de Vaquinha Mococa, porque sou
nesse quesito que a vaca tem ao dispor de seus bezerrinhos, a mais avantajada
das irmãs... mas gosto de Pingo. Mas só quando minha avó me chamava assim.
Eu adoro lembrar da minha avó. Porque foi
com ela que senti amor pela primeira vez na vida. Foi ela, com seu jeito
simples de mulher interiorana e lutadora e mãe de uma penca de filhos e avó de
uma porrada de moleque, quem me ensinou sobre cuidar do outro, sobre
solidariedade e amar a todos sem fazer desdén de ninguém. Eu nunca havia
pensado nisso, mas foi vovó quem me ensinou o dom de ser generosa. Ela repartia
o amor tão bem entre os netos quanto a sopa que sempre fazia em quantidade bem
maior que precisava porque sabia que sempre iria aparecer alguém na sua porta
com fome. Esse amor era tão bem distribuído que se você perguntasse pra cada um
dos netos quem era o mais querido da vovó, cada um iria dizer: eu mesmo, claro!
Eu cresci achando que era a sua neta mais
querida. Vi com o passar dos anos que outros netos sentiam o mesmo. Então é
isso. Ela era uma sábia em repartir e compartilhar seu amor generoso e bonito.
Era sábia, mesmo não sabendo ler. E é aí, nesse ponto, que quero me prender. A
velhinha não sabia ler. Ia à igreja. Pegava aqueles folhetos de domingo e fazia
cara de quem entendia tudo. E entendia! Com o coração. Foi a seu pedido que fiz
primeira comunhão, não que eu quisesse ou achasse isso algo muito importante,
mas por homenagem a minha doce velhinha, que enchia a casa de amor e carinho
enquanto costurava na sua velha Singer, barulhenta, preta e dourada, ainda com
pedais. Ainda posso sentir os cheiros e a maciez dos seus jérseys, ao fazer
nossos babydolls. Ou nossas bruxinhas de estopa. Gostava de sentar perto dela
enquanto ela costurava e contava seus causos, suas piadas, sua risada era
gostosa, seu olhar bondoso, ela mastigava o nada enquanto enquanto costurava e
falava sozinha, era engraçada. Vejo seu cabelinho longo e escorrido preso num
coque infinito, indefectível, sempre preso por um pentinho de plástico marrrom.
Gostava de sentir sua pele molenga e cheirosa e seu cheiro de vó, quando a abraçava
ao chegar em sua casa pra passar noites com ela e ela tinha aquele cheiro de
lavanda no pescoço. Comíamos juntas bobagens escondidas da minha tia. Vovó não
podia comer tanta guloseima, mas ela sabia que eu gostava e eu sabia que ela
gostava, então éramos ali, cúmplices amorosas.
Amo as muitas lembranças que tenho da vovó.
E não há um dia que eu lembre dela e não chore. Às vezes me vejo como naquele
filme antigo, "O Pássaro Azul", quando os dois irmãozinhos vão visitar os avós no
cemitério. E eles ficam felizes porque sempre que alguém lembra deles, eles
voltam a viver... se depender de mim minha avó nunca morreu. Ela mora e vive
pra sempre. Em algum lugar dentro de mim.
E a música? Você deve estar se perguntando.
Essa música ela cantava quando já estava de
cama, em seu último leito. Passou meses num hospital. A família a levou pra
casa. Melhor que ficasse sob seus
cuidados do que em meio a doentes que a faziam piorar por dentro. Ficou até o
fim dos seus dias nessa cama. Sem poder se levantar mais, com tantas dores,
tantos calores e tantos amores. Sim, amores, rodeada que sempre esteve de amor
e atenção. Cantava a música sozinha. Quando eu chegava da aula de catecismo ela
pedia pra eu ler a Bíblia pra ela. Só ali descobri que vovó não sabia ler. Nos
enganava direitinho quando dávamos cartões do dia das mães e ainda elogiava
nossa letra ... velhinha esperta! Perto de sua partida, cantava a mesma música,
sem poder mais falar, gemendo. Ela gemia essa música. Que não sai da minha
memória.
Foi-se minha avó. Há quase 29 anos ela se
foi. Deixou uma netinha que ainda se acha a mais amada, digam o que disserem os
outros netos.
Está lá, com sua virgem Maria. No céu. No
céu. "
Comentários
Ela escreve lindamente, passa de verdade aquilo tudo que lhe vai na alma e ao final de sua história fiquei aqui, imaginando a pobre velhinha cantando este hino à Maria que minha mãe também gostava.
Este concurso está muito lindo e vai ser difícil escolher um entre tantos bons escritores.
beijos cariocas
Obrigada Sonia, pela oportunidade. Na verdade,uso todas que tenho pra escrever sobre ela, sabe?
E claro, to aqui chorando de novo! :-)
Costumo escrever mt pra ela, sempre em homenagem a ela, meu grande amor.
ps. cliquei no filme que vc colocou, aaahhh obrigada tbm por isso, a cena dos avós acordando, geeeeeente, vi de novo. Que bacana, fazem tantos anos...
Um abracao Soninha, com mt carinho
Você sempre falando com tanto amor e carinho da sua amada vozinha... lindo como você descreveu, tão simples e tão bonito, tão cheio de amor, de verdade!
Bjs, que Deus nos abençoe!
sua danada! tô aqui debulhada em lagrimas...
Parabéns, Sonia, o concurso está fantástico e concordo que será dificil achar um vencedor.
Essa música me faz lembrar minha primeira comunhão...boas lembrançs!
Beijinhos!!
Thaís
t.thaismarques@gmail.com
Essa música me faz lembrar minha primeira comunhão...boas lembrançs!
Beijinhos!!
Thaís
t.thaismarques@gmail.com
Lendo o texto e ouvindo a música, voltei no tempo junto com Nina! E junto com o texto da Nina, chorei! Porque a saudade é algo que não se define e na mesma proporção do amor, aumenta conforme o tempo nos distancia das pessoas amadas.
Obrigada Nina, por me levar à passear no tempo de um tempo muito feliz!!
Beijus,
Bj no coracao.
Tbm pra ti, Somniaaaaa.