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Veja o que você fez! Marinalva (Joana) "recebe" sua máquina e passa mal de tanto chorar!

(Marinalva, a "Joana" da nossa Campanha, ontem ao saber do que aprontamos para ela)

Aaaaai gente!

Ontem foi emoção pura! Ceis não têm ideia!

Como sou uma pessoa quase má eu não havia falado absolutamente nada para a "Joana", quem agora posso dizer que se chama Marinalva e nada para a Dora sobre nossa Campanha do realize o "sonho da Dora e da Joana".

Ontem, encontrei com a Marinalva na escola e lá vem ela de novo... o sorriso, o abraço, um carinho imenso! Ai que mulher! Veio me abraçando, falando da semana, me entregou meu carregador de celular (uma das milhares de peças que esqueço na escola e ela guarda pra mim) e aí como eu não sabia como dizer de sopetão "você ganhou uma máquina!" eu emendei:

- Marinalva, cê me disse que tinha feito aquele curso de costura não foi?

- Ih minina, pois é... tão bom! Muitu bom mesmo, mas eu não pude continuar cê sabe né fia...

- Então, mas cê continua custurando?

- Não fia, eu num tenho a máquina... num pude comprá ainda não...

- Ah é... mas Marinalva essa máquina tem que ter o quê?

- Tem que ser industrial fia, pra eu costurá uniform, roupa pra indústria... Eu já vi tudu! Já fui na loja, falei com o gerente, vi o preço, mas num posso comprá agora fia... mas eu falei pro meu maridu: "eu vou comprá essa máquina!" (...)

- Qui que cê poderia fazer se tivesse a máquina Mari?

- Nossa fia! Tudo! Eu poderia fazer tudo! Ajudá em casa, pagá o aluguel, ajudá meu maridu, minha fia...

- Então Marinalva... Queria ti dizê que cê não pricisa mais comprá sua máquina...

- O quê??? - e uma cara de muito espanto se fez...

- Pois é! Eu fiz uma campanha na internet com umas "amiga". Falei de você e de seu sonho e a gente conseguiu o dinheiru. Posso comprá a máquina pra você! cê pode ter sua máquina amanhã, se quiser!

Bom... Fortes emoções! Eu disse que sou má e fui má com a Marinalva que é boa comigo.

A Marinalva chorou gente, mas ela chorou tanto que só de lembrar eu choro de novo. Ela soluçava de chorar e a verdade é que eu não fazia ideia de quanto a máquina de costura era importante pra ela. A ideia de ter a máquina, de poder fazer dinheiro nas horas vagas, pagar as contas dela, tirar a família do sufoco financeiro em que está, viver com dignidade, fazer uma coisa que gosta muito e manter o sonho da sua família de pé...

Eu não fazia ideia!

Só sei que ela ligou pra filha, pro marido, falou para todo mundo na escola e as pessoas foram se juntando, conversando... Era secretária chorando pra cá, professor e professora pra lá... Todo mundo muito emocionado porque todo mundo conhece a Marinalva! E todo mundo sabe do sonho dela ou, como eu, achava que sabia.

Ela chorou por umas duas horas seguidas. Na foto acima, já fazia 1 hora que eu havia dado a notícia e ela continuava a chorar quando tocava no assunto.

A Marinalva, essa pernambucana de 48 anos, casada, mãe de uma moça, moradora em São Paulo há mais de 20 anos, disse que queria muito, mas muito abraçar cada um de vocês quem tornou isso possível pra ela. Ela disse assim: "Fia, eu não sei quem são, mas diz que eu tô dizendo: "muuuito obrigado! Que Deus dê tudo em dobro pra eles!, essa alegria!".

É isso, minha gente!

Já estou organizando com ela a compra. A máquina que ela quer custa R$1.200 reais e foi a máquina sugerida pelo curso do Senai que ela fez. Ela já pesquisou  tudo! Ainda sobra o dinheiro para o sonho da Dora, com quem não consegui ainda falar e talvez, talvez ainda um curso de costura extra para a Marinalva... mas isso é segredo!

Vocês têm noção do que a gente fez junto?

Tati, Mel quem me ajudaram a organizar isso, muuuuito obrigada meninas!!!

Elas e vocês que enviaram as doações, recebam o abraço apertadíssimo da Marinalva. Ela me disse que me abraçou ontem pensando em todos vocês!!!

O-BRI-GA-DA!!!

Vocês são demais!!!

E chega de emoções fortes por hoje!



Comentários

Anônimo disse…
sem comentários... simplesmente feliz de fazer feliz à outro ser. parece um pouco o filme "pass forward".
Parabéns a vc Sônia pela idéia e execução deste gesto tão nobre.
Bjs / Jessicka
Daniela disse…
Eu vou ser a chata. Sírio Possenti tem um texto maravilhoso que diz assim (sobre a campanha do veta Dilma):

"Mauricio de Sousa entrou na campanha "Veta, Dilma!". Chamou seus personagens para engrossar o coro. Pôs na boca de Chico Bento um apelo: "...licença, Dona Dirma! A gente num intendi muito das coisa da lei mais intendi das nossa necessidade! I nóis percisa das mata, dos rio, dos pexe... E tá todo mundo achando que isso vai sê mexido pra pior! A sinhora podia ajudá pra isso num acontecê? Nossa gente vai agardecê por toda a vida! Eu juro!"

Não vou discutir a questão ambiental, mas a representação dessa fala. Construções como das mata, dos rio, das coisa são traços sintáticos da fala popular. Mas pexe, intendi, sinhora, ajudá, acontecê, e mesmo i nóis e num são soluções discutíveis.
O que não é aceitável é aplicar grafias erradas apenas à fala de Chico Bento. Fazendo isso, insiste-se na tese errada de que só os grupos que ele representa falam assim. Ora, muitas marcas da fala de Chico Bento são comuns a todos, mesmo aos cultos.

Se o leitor duvida, ouça programas cultos (Roda Viva, Painel, Entre Aspas, e mesmo julgamentos do Supremo, com especial atenção para os apartes). Nos jornais das TVs, descobrirá que, lendo, os apresentadores dizem vai ver, conhecer, se entregou, ajudou, pegou, a seguir, etc. Mas, falando entre si ou com repórteres, dizem chegô (chegou), pidí (pedir), é tê (é ter), pras pessoas (para as pessoas), se tê (se ter), pra que o (para que o). O que é normal."

O resto do texto está aqui http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,somos-todos-chico-bento-,878527,0.htm

Isso dito, quero falar que me fez muito bem participar dessa campanha. E ver uma pessoa com nome e rosto sendo ajudada e não uma coisa impessoal e distante. Um beijo grandão, Sonia. E parabéns pela iniciativa! Você é fera.
Somnia Carvalho disse…
Jessica, amiga, saudades de voce!!!

Daniela, minha querida chata, eu entendo sua colocao! eu quase reescrevi o dialogo todo, enquanto o fazia, na normal culta, mas se voce voltar a ele eu escrevi minhas frases e quase o post inteiro com oralidades. Eu concordo com voce! Nós falamos errado o tempo todo, o dia todo! E eu, vinda de familia do interior, mãe que fala tudo muito errado repito isso bem inconscientemente...

relendo meu dialogo vejo que eu também reproduzo a oralidade nas minhas falas! Ou seja, ao escrever o texto eu tinha consciência de que falo "cê" ao invés de "você" e "comprá" ao invés de "comprar", mas vc tem muita razão! Eu não faço isso na minha fala toda. Eu tenho a impressão, provavelmente falsa estou revendo agora, de que eu não falo totalmente errado, mesmo quando estou falando de forma simples.

Numa prova de carta da unicamp certa vez alguem construiu um caboclo escrevendo para o Collor e as falas eram assim literais, a nota foi muito boa! mas quando alguem tentava fazer e ao meio o texto ficava no meio do caminho, entao soava falso, soava como construido para impressionar. Talvez essa tenha sido tambem a sensacao pos o dialogo acima.

Com a permissão de vocês, estou reescrevendo minhas falas, tentando me ouvir como eu de fato falei com marinalva e ela comigo... volte lá para ver... beijos e obrigada por ser a chata e faer pensar!
Somnia Carvalho disse…
Dani,

Como professora de redação eu de fato não consigo escrever o diálogo em norma culta, parece inverossímil pra mim... parece que não é a Mari falando...

bom, o que fiz (e peço desculpas pra quem chegou depois e não viu a versão original - eu devia ter feito risquinhos, mas nao pensei nisso na hora) foi mudar alguns es por is... na minha fala já havia oralidade e acho que faltava era que toda a minha fala fosse de fato coerente com a forma como falo com a Marinalva.

A linguagem corriqueira, do dia a dia, do modo como falamos com as pessoas na rua, com amigos e familia, diferente da que aplicamos em situacoes mais formais, e a linguagem real. Esses dias um aluno me corrigiu quando falei "nós vamo ver"... porque normalmente falo em normal culta com eles, sobretudo com alunos de classe media alta, mas sai um "sonia do interior" no meio...

e engraçado tambem nos brasileiros nao percebermos que essa adaptação a fala com as pessoas se trata de uma riqueza linguistica e nao o contrario. De qualquer forma minha querida obrigada pelo seu coments... vou ficar pensando nele! rs
Beth/Lilás disse…
Soníssima, é claro que eu e algumas outras pessoas que a leem sempre, vão entender sua forma de escrever 'não culta' para expressar este diálogo tão emocionante que vocês duas tiveram. Foi bem melhor assim, pareceu-me estar ouvindo as duas no meio do corredor da escola falando.
Que maravilha poder ver esta alegria estampada no rosto da Marinalva! Como me sinto feliz em conhecer pessoas do seu quilate pela internet e que depois foi pessoalmente, porque somos como címbalos sonoros que se atraem pela percussão dos gestos que emitimos e eles são amorosos, carinhosos, de olhar amplo para o mundo que nos cerca.
Parabéns às meninas que te apoiaram e ajudaram a realizar este sonho! Tô muito feliz também em ter participado disto, principalmente num momento em que estou doente, bem fragilizada até, isso vai me ajudar a melhorar, tenho certeza.
um grande abraço, carioca


Lúcia Soares disse…
O que me chamou a atenção, na fala da Marinalva, foi a humildade dela. O falar típico de uma mulher muito mais velha (chamando-a de "fia", por ex., o que não quer dizer que ele seja uma velha, mas que ela respeita você). Posso, de olhos abertos, enxergar o momento de vocês. E pensei, também, em como as pessoas que ficaram à volta de vocês, outros funcionários, seus colegas professores, não devem ter ficado um tiquinho envergonhados (ou entristecidos?) por não terem pensado nisso, por não terem "enxergado" a Marinalva, antes...Olha, Sônia, vou participar - só lhe peço "calma", pq sou uma lerda em matéria de querer sair de casa, mas vou logo fazer o depósito, para o curso da Dora, ou para o que mais precisar. Continue a companha, quem sabe a Marinalva não ganha seus primeiros cones de linha, agulhas sobressalentes, tecidos para começar, etc., etc.? beijo, queridona. Feliz por ser sua amiga!
Fernanda disse…
Arrepiei!
Parabéns!
Alê Brasil disse…
tb fiquei muito feliz por fazer parte deste sonho que vc ajudou a realizar lindaaaaaaaa obrigada por me ajudar a ajudar somnia, vc nos envolveu pq tem uma sensibilidade e generosidade incrível! bjokassssssss

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