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"Uma foto, mil lembranças": Sempre existirá Paris, por Adriana Cechetti

(Paris, foto de Adriana Cechetti)

É meio difícil para minha pessoa apresentar a participante de hoje, no nosso concurso "Uma foto, mil lembranças", sem começar a jogar para cima dela alguns confetes. Para começar, a autora deste texto reúne em si tantas qualidades que é preciso escolher algumas apenas para contar. Ela tem uma carreira de dar orgulho para qualquer mãe e pai. É jornalista, já trabalhou escrevendo para revistas, apresentando programas e produzindo outros de bom tamanho como "Super Nanny", Dez anos mais jovem, meu favorito "SOS Casamento" e agora "Esquadrão do amor", todos no SBT.  

Do lado pessoal é irmã do grande amor da minha vida, portanto, minha cunhada. Além dos laços "obrigatórios" do meu matrimônio que nos une somos, de fato, amigas. Temos trocado idéias, dramas e sonhos desde há muito tempo. Um dos sonhos foi ter ido juntas à cidade luz em 2009, experiência a qual retratei neste post e também neste aqui. Antes, porém, de eu desembarcar de Copenhaguem no aeroporto Charles de Gaulle, a Dri já me esperava lá. Havia ido sozinha dias antes e sobre sua primeira vez em Paris ela teria muito a me contar a noite e eu ouviria com prazer suas histórias, sentadas as duas à beira do Senna dividindo uma pizza e uma garrafa de vinho tinto...

As primeiras impressões estão neste texto enviado por ela para participar do concurso...

Delícia de texto!

...

Sempre existirá Paris

Não é a foto mais bonita e tampouco a minha predileta, mas só ela, apenas ela, consegue entender a emoção que eu sentia naquele instante em que apertei o botão da câmera. Se fosse um conto de fadas, os tons frios e acinzentados dariam lugar a um lindo e poético céu azulado. Mas o dia estava cinza e, nem mesmo isso, conseguiu tirar o brilho daquele encontro.


Era agosto de 2009. Eu realizava um dos grandes sonhos da minha vida: estar em Paris. E chegava com as minhas próprias pernas. Sozinha. Sem ter com quem dividir a felicidade e o medo de se perder pelo encanto de cada esquina. Era Paris. Eu estava em Paris! Havia chegado há pouco. Ainda atordoada com a viagem do trem que me trazia de Londres e pouco acostumada com a beleza daquela língua, até então, estranha pra mim. Saí do metrô com um mapa na mão e fui caminhando até o hotel em meio ao olhar curioso dos franceses, que me presenteavam com sedutores “Bonjourrrr!!!”. Deixei as malas no hotel e resolvi andar.


Atravessei cada “quartier” com a delicadeza e o entusiasmo de quem pisa nos próprios sonhos. Depois de caminhar por 3 quarteirões, me dei de presente uma bola do sorvete mais famoso da cidade e o predileto do Chico Buarque. A minha empolgação era tanta, que eu já tinha até me esquecido de que não estava na minha terra. E só descobri isso naquele instante, quando atravessei a ponte e vi, pela primeira vez, Ela! A Torre Eiffel! Ela estava ali, observando meus passos e eu ainda não tinha me dado conta de seu olhar. Ela me mirava como quem recebe um conhecido e eu a admirava como quem olha o que sempre amou. Naquele instante chorei. Chorei por ter conseguido chegar ali. E foi logo depois de fazer um pedido, que tirei esta foto, ainda não sabendo que faria muitas outras melhores e muito mais próximas da imponente Torre. Mas só essa imagem entende a grandeza desse momento.


Depois desse encontro tão aguardado, resolvi caminhar à beira do Senna, ainda com os olhos marejados. Mas a partir daí, a brasilidade das minhas Havaianas andavam com tanta certeza por aquele solo, que eu já me sentia dona da cidade e, principalmente, dona de mim. Nunca mais fui a mesma depois de Paris e me conforto na certeza de que se tudo der errado, sempre existirá Paris!


Adriana Cechetti

Comentários

Lu Souza Brito disse…
Que lindo Somnia. Fiquei com mais vontade ainda de conhecer esta cidade. Acho que ja comentei que é a 'viagem dos meus sonhos'. Sou apaixonada pela historia, beleza, arquitetura e gente deste lugar.

Parabéns Adriana pelo lindo post.
Que lindooooooo!!!! Também tenho esse sonho: conhecer Paris! Achei que ele se realizaria rapidamente, mas está demorando...Sei bem que sentimento é esse, pois senti isto em Roma...exatamente isto. Essa noção de pertencimento, como se já a conhecesse, como se já houvesse pisado aquelas ruas...Paris é um sonho a ser realizado. Não sei quando nem se...mas é mais um para acalentar entre tantos que possuo. Acho que ninguém continua a mesma depois de caminhar às margens do Sena com a Tour Eiffel ao fundo! Lindo texto, beijos,
Dri Cechetti disse…
Vale chorar com o texto de introdução?! Rss. Obrigada por ser minha cunhada-amiga-irmã, aqui ou em Paris!
Lúcia Soares disse…
Lindo mesmo! Emociona, pois acho que todo mundo tem esse sonho de ver Paris. Há muitos anos, um irmão foi lá e voltou dizendo que "ninguém deveria morrer sem conhecer Paris". Textualmente.
Uns meses depois que meu pai morreu, há muitos anos, uma amiga de minha irmã disse que tinha sonhado com ele, sem nunca tê-lo conhecido, mas falou de várias coisas dele que apareceram no sonho e que nos fizeram ter "certeza" de que era ele realmente, e ela disse que o viu num sótão, bem no centro de Paris. E que ele era um boêmio. (Isso seria típico nele...rsrsr).
Aí nos encantamos mais por Paris. Vários irmãos meus já foram lá, mas eu ainda não.
A foto é linda.
Beijo!
Beth/Lilás disse…
Ai que texto mais lindo da Adriana!
Ela escreve e descreve lindamente as sensações que teve na chegada sozinha a uma terra distante e diferente, mas que já era muito conhecida em seus sonhos.
Todo mundo fala o mesmo de Paris, ainda não ouvi o contrário e de tanto contarem, cada vez aumenta mais nossa vontade de conhecer tal lugar.
O filme de Woody Allen, que já vi duas vezes, mostra justamente este encantamento que as pessoas sensíveis e de bom gosto têm ao chegar na cidade luz.
um beijo grande para a Dri


Tá bom, outro pra você Brabuleta.
Anônimo disse…
Ai Dri que lindo texto... e eh isto mesmo vc nunca mais é a mesma pessoa depois de Paris. A cidade muda vc completamente... além de ser linda, mesmo chovendo, nublado...srs Parabéns. Tita
Maariah disse…
Paris tem esse poder de nos transformar. Passei lá 10 dias numa altura agridoce da minha vida, e foi lá que tomei algumas decisões que me fazem estar hoje onde e como estou. E tal como a autora do texto, também tenho o conforto de ter Paris, se algo correr mal.
Nina disse…
Eu leio teus posts pelo reader, e to acompanhando alguns dos textos dessas postagens especiais, e preciso dizer que esse me conquistou, porque acho que Paris é o sonho mesmo, de mts mulheres românticas, nao é? Tbm foi o meu... depois de realizado, deixou de ser, descobri que há cidades mais encantadoras, mas Paris é mesmo Paris e sempre vai estar lá, se Deus quiser.
A delicadeza desse texto lindo me encantou. Como ela chegou lá, emocionou.

Parabéns! Mt bem escrito, viu?
Ed. disse…
Ah Paris! Ah Cechetti!
Amei o texto!!!
Lindo como a autora!
Por dentro, por fora.
Dri Cechetti disse…
Bom, não importa qual vai ser o resultado do concurso, ler esses comentários já é suficientemente gratificante.

Obrigada a todos que comentaram com tanto carinho!
Maria Célia disse…
Olá!
Achei simplesmente encantador este texto. Como me identifiquei com ele.
Meu sonho é conhecer Paris, e acho se algum dia o bom Deus permitir que eu chegue até lá, me sentirei como a Adriana.
Parabéns pela beleza do texto.
Maria Célia
Celina Dutra disse…
Tenho o privilégio de ter vivido as mesmas emoções da Adriana. No avião, quando sobrevoava Paris, na 1a chegada lá, chorei de soluçar! E, em outra ocasião, realizei a promessa feita a mim mesma de que voltaria a Paris com meus filhos e meu neto (a neta estava na barriga da minha filha, com 4 meses). Só felicidade.
Parabéns Adriana pela foto (qualquer foto em Paris é linda e tem história) e pelo texto.

Girassóis nos seus dias.
Beijos
Leila Brasil disse…
Amei ter vindo aqui, ter lido a memória trazida pelo texto. Faço isso numa manhã de sol e me ocorreu que sempre que imagino Paris eu a imagino prateada, nublada e acolhedora e sempre imagino que vou passear e encontrar o Chico Buarque construindo mentalmente uma canção . De alguma maneira eu já visualizo que não daria chiliques de fã para não atrapalhá-lo ( que louca, né!!!). Enfim, eu tomei emprestado imaginações, canções,e poesia que ainda seriam ou serão ( quem sabe?, rs) compostas. A leitura me deu esse movimento de ficção que meu causou um prazer real. Coisa boa né?
maldade, quem ja foi a paris vai sentir o mesmo e... ponto pra ela hahahaha tou aqui cheia de lembranças e a entendo perfeitamente :X
Anônimo disse…
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Que texto lindo! Estou encantada!

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