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Mostrando postagens de março, 2008

Sobre algumas afinidades eletivas ou "Purtugal" em todo canto da Suécia

(Vista de Lisboa e do Tejo, o rio mais bonito da aldeia do Fernando Pessoa) Eu disse que faria posts sobre Milano, mas esse aqui, sobre Portugal, já estava pronto há algumas semanas e só me faltava revisar. Então, Portugal primeiro... .... Portugal aqui dentro: eu e todas as Marias (O grupo português Madredeus, que tem o poder de nos ligar à Portugal e aos portugueses) Meu amor com Portugal começou, talvez, há uns 15 anos. Antes disso, eu só tinha duas referências: uma bem negativa que formei aprendendo sobre o "Descobrimento do Brasil" e outra positiva-fantasiosa que vinha da idéia que eu tinha de pertencer a uma geração remota que tivesse vivido em Portugal, já que meu sobrenome "Carvalho" sugeria isso.  Também tinha o fato de minha avó materna, Maria (minhas duas avós e minha mãe se chamam Maria, e eu me chamo Sônia Maria, ó Marrriia!), ter todo o tipo português: baixinha, troncudinha e com bigodichs.  Infelizmente não sei se da história de meus antepassados. De

Horário de Verão na Suécia!

Pessoal, Apesar das fotos com neve, anotem aí: Hoje começa o horário de verão por aqui e ficaremos com uma diferença de 5 horas com o Brasil. Agora são 10:36 da manhã daqui e aí são 5:36. Embora pareça meio "non sense", a gente já está com 11 graus no termômetro!!! Mas o que move o horário de verão é o início dos dias bem longos. Já amanhece as cinco da manhã aqui e está anoitecendo quase sete. Então, que venha o Verão e a Primavera!

Soneto de Aniversário

(Desenho de Gaelle Boissonnard) Soneto de aniversário Passem-se dias, horas, meses, anos Amadureçam as ilusões da vida Prossiga ela sempre dividida Entre compensações e desenganos. Faça-se a carne mais envilecida Diminuam os bens, cresçam os danos Vença o ideal de andar caminhos planos Melhor que levar tudo de vencida. Queira-se antes ventura que aventura À medida que a têmpora embranquece E fica tenra a fibra que era dura. E eu te direi: amiga minha, esquece... Que grande é este amor meu de criatura Que vê envelhecer e não envelhece.  (Vinícius de Moraes) ............... Eu sou uma pessoa que tem muita consideração pelos amigos e pela família, mas uma péssima memória para as tais datas que gosto de celebrar. Ainda assim, muitos me escreveram belíssimas coisas na semana passada, através do orkut ou de email, através do celular ou do blog. Alguns enviaram flores, como a Dri, outros me mandaram fotos e me fizeram homenagens simples e sinceras, como meus irmãos e minha mãe.  Eu ainda não

"Da janela lateral..." ou Impossível ter tudo

("Da janela lateral, do quarto de dormir" do Ângelo, vejo a neve enfeitando as árvores ) Eu vivo a cantar saudade do calor do Brasil, desde que o inverno pesado chegou por aqui... mas essa madrugada, enquanto fui pegar um copo de água, uma surpresa linda e branca pela janela: havia caído uma neve silenciosa e deixado o jardim dos fundos todinho branco de novo. Pareciam flores nos galhos secos das árvores... E eu pensei que, quando eu tiver de volta à quenturinha do meu país todas as manhãs, eu nunca mais terei essa paisagem para apreciar... Se o Brasil tem o calor que a Suécia não tem, o inverno daqui traz a neve que a gente nunca terá. E fiquei pensando que em todo canto há compensações e belezas mil e que a natureza é tão bela quanto sábia. (O banco vazio e solitário do jardim aguarda silencioso a chegada da Primavera) Balada de Neve "Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será chuva? Será gente? Gente não é, certamente e a chuva não bate assim. É talvez a ven

"É Primavééééra..."???

(Foto alheia do Teatro Scala de Milão, que por fora não é assim uma Brastemp, mas por dentro belo! hum... belíssimo!) Gente querida, Meu termômetro aqui, do balcão da janela da cozinha, está marcando exatos zero graus. E, lá fora, acaba de cair neve por uns quinze minutos. Lindo! A neve deixou todas as árvores do jardim branquinhas, porééémmm... Se ver a neve caindo e o meu quintal dessa cor é tão bonito, não é nada legal pensar que agora era pra ser Primavera!!! E que aqui tá todo mundo, inclusive a suecada branquelinha que nunca ouviu o Tim Maia antes, querendo cantar: " É Primavééééra!!! Te amo!  Trago esta rosa, para lhe dar!" Foi essa a previsão que o aquecimento global deu para o feriado inteiro, não só na Suécia, mas neve em muitos países aqui por perto. Esse foi um excelente motivo para a gente fazer as malas, meio em cima da hora e ir para Milano, como dizem os italianos!  Todo mundo esqueceu meu aniversário semana passada, quase todo mundo! minha santa mãe se l

"Se e somente se..."

(Registro do meu empenho em celebrar "minha existência", no centro de Copenhaguem esta terça-feira. Tirar foto de si mesma sempre sai horríver! e o Ângelo tava dormindo no carrinho) Terça-feira, dia 18,  foi meu aniversário. E eu só me dei conta da data, quando olhei o calendário enquanto tomava café da manhã. E foi, então, que percebi que não tinha preparado absolutamente nada, necas de pitibiribas, para esse meu aniversário. Logo eu, que sou a rainha da polyanisse e do deslumbre!  Comecei a pensar alguma possibilidade do meu dia não passar em branco, já que era dia de trabalho do Renato e ele não poderia fazer nada comigo até a noite. E daí tive uma idéia: passar o dia em Copenhaguem com Angelito! Eu adoro a cidade e não é longe! Faria um passeio e voltava no fim do dia!  Mas, contrariando minhas próprias sugestões do celebrar sempre , comecei a pensar em todos os "ses" que jogavam um balde de água muito fria em minha empolgação: . (Registro do início da forte

"As duas Fridas" pulsantes em nós

"As Duas Fridas" 1939, Frida Kahlo Esse fim de semana eu tava falando com minha amiga Flávia, a Xu, que vive aqui em Malmö, sobre a Frida. Folheamos um livro lindo que tenho aqui e depois ficamos a comentar o filme que eu havia lhe emprestado. A verdade é que esses dias muita coisa que pego tem algo sobre Frida Kahlo e eu, que sempre quis fazer um post a respeito da obra dela e outro sobre o filme, vou deixar essa idéia perfeccionista de lado e pôr uma pintura de Frida aqui. A obra de Frida fala por si mesma. Claro que se você conhecer a biografia sofrida dela entenderá porque sua obra dói, mas eu acho que suas telas podem dizer milhares de coisas diferentes a milhares de pessoas diferente, assim como qualquer obra de arte. Nesta tela aqui, "As duas Fridas" há muito que falar se eu pensar em crítica de arte. É uma tela imensamente rica, está inserida num contexto artístico e histórico super importante. Mas deixemos esses ismos. Se olhar para a tela verá uma mulher b

Celebrar o fato de poder celebrar

(Eu, Re e Ângelo, em casa no Brasil, fevereiro de 2008) Hoje, 16 de Março, o Ângelo faz oito meses.  Eu sei. Oito meses não é assim uma idade que a gente comemooore, mas eu queria celebrar essa data. Eu tava pensando e acabei por concluir que não gosto muito dessa idéia nossa de comemorar apenas algumas das muitas datas importantes da vida. E eu também tenho amigos que têm um bonde de argumentos para dizer o porquê odeiam comemorar quaisquer aniversário: deles ou de outrém. Eu respeito. Mas, embora, eu continue gostando desses amigos, acho o fato de não gostar de comemorar, uma "perda de". Respeito, mas acho bobagem porque a vida passa, passa, corre tão depressa. E poder abraçar, beijar apertadinho e dizer "te amo!", "te amo muuito, você não imagina o quanto é especial pra mim", pode ser uma oportunidade de ouro. Me lembro perfeitamente do único aniversário meu que teve festa em casa, enquanto eu era criança. Foi o de sete anos. Não sei o porquê direito,

As coisas simples

(Frida Kahlo com granizo) A Espantosa Realidade das Cousas "A espantosa realidade das cousas É a minha descoberta de todos os dias. Cada cousa é o que é, E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra, E quanto isso me basta. Basta existir para se ser completo. Tenho escrito bastantes poemas. Hei de escrever muitos mais. naturalmente. Cada poema meu diz isto, E todos os meus poemas são diferentes, Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto. Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra. Não me ponho a pensar se ela sente. Não me perco a chamar-lhe minha irmã. Mas gosto dela por ela ser uma pedra, Gosto dela porque ela não sente nada. Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo. Outras vezes oiço passar o vento, E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido. Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto; Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo, Nem idé

Lá na minha terra...

("Minha terra tem Palmeiras"... - Ângelo curtindo o sol e sombra brasileira) Depois de um ano vivendo na Suécia e um ano fora do Brasil, a última visita teve um sabor de "Canção do Exílio". Eu tava falando com minha amiga Mafer sobre a diferença de sentimento dessa minha ida e daquela primeira , em outubro do ano passado, e percebi ainda mais o que eu havia dito daquela primeira vez, porém, de forma mais intensa. Sou estrangeira aqui. Sempre serei. Como estrangeira nunca conseguirei sentir, nem viver, nem ser, como um sueco. Por isso mesmo consigo ter um olhar sobre esse lugar que quem sempre viveu aqui não tem. Sou louca pelas árvores secas do inverno, adoro respirar o ar puro da manhã e viajar de trem. Contudo, me irrita ter que prever o imprevisível, ser organizadinha como os suecos são e resolver tudo por telefone, ao invés de falar pessoalmente. ("Minha terra tem": sol o ano todinho) Se você já viveu fora de seu canto um tempo, você entenderá o que eu

Ir e voltar: entre dois amores

Chegamos de volta do Brasil ontem. E para variar o cardápio das nossas voltas, os funcionários do aeroporto de Frankfurt estavam em greve e nossos vôos atrasaram.  No entanto, vou começar esse retorno sem chorumelas. Porque uma viagem longa assim sempre é muito cansativa e o retorno exige novamente uma readapção. É verdade que estranhamos o tempo. Saimos dos 30 para chegar por aqui com neve. É verdade também que estranhamos a falta de gente e as babás perfeitas do Angelinho. E ele também. É verdade que ficamos com a um nó na garganta de pensar a ausência. Ausência daqueles que amamos e das coisas que gostamos de ter e fazer. Uns dois dias antes de voltar já estávamos com uma certa angústia da separação. Mas, tô aqui escrevendo de frente para a janela do novo apartamento onde estamos. E se tudo está por fazer, comprar e arrumar, tenho uma vista linda daqui de onde estou. Apesar do frio, o céu está claro e azul. E assim tem ficado até umas seis e meia da tarde. Tudo mudando para a chegad