("Língua com padrão suntuoso", Adriana Varejão, óleo sobre tela e alumínio, 200 x 170 x 57cm)
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Consegui, hoje, uma manhã cultural só para mim e fui visitar a 30a. Bienal de Arte de São Paulo, que estará aberta ao público até 09 de dezembro e tem entrada gratuita.
Já preparei um post para falar sobre minhas impressões sobre a Bienal que, aos meus olhos, é "Poesia do cotidiano" e o publicarei na próxima semana.
De quebra, passei pelo MAM (Museu de Arte Moderna), o qual fica ao lado do prédio da Bienal e da OCA (projetados por Oscar Niemeyer), passeio que apenas pela arquitetura já vale demais a pena -
e tive mais uma daquelas experiências dificilmente explicáveis.
Há algum tempo eu esperava para ver uma obra de Adriana Varejão ao vivo e nem imaginava que seria hoje, já que vim a saber da exposição dela ali mesmo no Ibirapuera. Eu queria entender exatamente com que material Varejão trabalhava e qual impressão eu teria de sua obra estando diante dela.
Ainda lá pensei em dividir com vocês as impressões e resgatar aquela seção "Uma obra de arte ou mil palavras", cujo última artista apresentado, Makode Aj Linde, havia provoado polêmica no mundo e também aqui no "Borboleta".
Então com muito prazer eu venho te perguntar hoje novamente:
"O que você vê nesta obra?", "Língua com padrão suntuoso", de Adriana Varejão?
Que tipo de sensações ela te passa e qual tipo de ideia você consegue formular a partir dela?
Ela te passa alguma mensagem? Qual?
A que tipo de referências históricas, artísticas, pessoais esta obra lhe remete?
Volto a frisar que nesta brincadeira não tem certo e errado. É claro que se pode fazer uma leitura crítica da obra por um viés acadêmico, mas quero que a gente partilhe esta experiência de ser tocado pela obra de arte. Me fale de seu choque, seu horror, seu encantamento, seu deslumbre, o que for! Apenas partilhe. Sem receio algum. Estarei aqui aguardando ansiosa para ouvir!
Obviamente, estar pessoalmente tem um impacto diferente, mas ainda assim, te convido a brincar comigo. E eu prometo sair das catacumbas do cotidiano e responder a quem comentar aqui. E, daqui há 15 dias publico um post com as impressões de vocês, a leitura que eu fiz da tela e a leitura feita por especialistas.
Ah! Só não vale ir se informar antes! Deixe que a obra fale com você, não a opinião de terceiro, ok?
Beijos e ótimo fim de semana!
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ps: estou começando a inverter o nome dos posts antigos "Uma obra de arte ou mil palavras" com o nome da seção "O que você vê nesta obra?", porque acho que faz mais sentido do que o inverso.
Comentários
Adoro estes seus desafios!
bjs
obrigada por ser a primeira a comentar! e eu espero de outras e outros! rs..
não sei se na foto dá para percber que esta parte rasgada é puro sangue... são quase pelotas de corpo em cor de sangue.
Talvez isso ajude-a a ver mais do que o perfil se vc quiser! rs
Realmente, não enxerguei uma parede "em carne viva" por trás do azulejo.
Enfim, ainda vejo o tal perfil. (rsrsrs)
Muito obrigada pela dica. ;-)
Tenho a impressão que a língua mostra o que esta escondido. Expõe o interior, as vísceras.
E ela pode estar travestida de uma bela parede decorada. Então cuidado, com o que mostra porque cada um da o que tem dentro.
Ps. Leio o seu blog há um tempo. Moro na suecia há 1ano e 1/2. Ele me ajudou muito colocando em palavras as impressões que tbem tive dessa sociedade, fazendo uma inevitável comparação com nosso Brasil. Escrevo o vivernasuecia.blogspot.com.
Beijos e obrigada por compartilhar.
Resolvi participar da brincadeira.
Ó só: vi uma parede de azulejo "descascada, despencada" de um jeito muito insólito. A parede tem um padrão bonito e a interferência causa um belo estranhamento já na foto. Imagino ao vivo. Então, contraste interessante. Levei o título em conta, p/ ver a que lugar ele me levaria... e num exercício gestáltico, vi esse despencamento da parede como uma enorme língua pendendo dela. Pensei primeiro em uma língua de cansaço, de tanto limpar azulejo...rs...(mentalidade de faxineira, pq andei mesmo na faxina pesada aqui em casa, dessa q a gente limpa tudo, até a alma!).
Não resisti a ler os comentários das meninas, mas sei diferenciar bem o q percebi e o q fui despertada a perceber. Sem problema, que a vida é um jogo polissêmico, polifônico e por aí vai... Então a imagem de carne viva me fez sentido. De um jeito maluco, pq carne é quente e flexível, mas o material parece duro, e ao mesmo tempo toma formas orgânicas... Indo além das impresões de meu corpo q ainda sente os efeitos da faxina...rs... a língua posta pra fora é sinal de provocação, "má criação", ou apenas de espontaneidade ao demonstrar estados de corpo e espírito, então tbm é interessante pensar nessas ideia "orgânica e natural" contrastando com a formalidade do "padrão suntuoso". A pontinha da língua enrolada é um detalhe "matador". Tou curiosa p/ saber +, por ex. como a artista trabalhou o material pra conseguir o efeito... Abraço!
Ao ver essa obra de arte a primeira coisa que me chamou a atenção foi sem dúvida alguma os azulejos, a delicadeza de seu padrão, suas cores e me veio logo um nome: Portugal!!! Já que vivi lá algum tempo e a arte dos azulejos é como uma tradição em design pois quase todas as casas tem alguma coisa em azulejo..enfim, me chamou muito atenção nesse sentido. Eu não entendo de artes ou o que os artistas tem em mente quando criam algo, mas vejo esse detalhe como que fosse um contar um pouco da história entre Brasil-Portugal, da nossa herança cultural...já a língua....alumínio, bem afiada, áspera, escura...vejo como aquilo que colocamos para fora que pode muitas vezes ferir. Bom foi essa minha visão, talvez totalmente errada...this is it!!! :-))) bjs
Seguinte: coisa muito comum em mim, se não tenho simpatia pela pessoa "embirro" com tudo dela...rsrs Essa artista tem algumas obras muito bonitas aqui no museu de Inhotim, cujo dono (nem sei se é "dono", é o idealizador do museu, dono do local) foi seu marido por uns tempos e ela viveu aqui nas Minas Gerais, sei lá eu se sim, mas acho. Já vi sua arte em jornais e revistas, nunca fui a Inhotim ver pessoalmente. Acho-a muito surreal, se é que posso usar a palavra, se cabe.
Achei esse trabalho dela aqui mostrado muito...artístico. Quer dizer, é a visão do artista e a gente tem que enxergar aquilo que quis msotrar. Para mim, está além da minha compreeensão. Gostei dos azulejos, gostei do material da obra em si, mas não a entendi, do fundo do meu coração.
Beijo!
As percepções de vocês estão demais! muito legal mesmo!!! Anotei todas e elas vão entrar no post que estou fazendo para continuar a discussão. Peço apenas desculpas porque não consegui publica-lo no prazo que dei, mas ele sai por estes dias.
Se tiverem pensado em algo mais, digam que vou dialogar com isso no post.
Beijos e obrigada!