(Grupo de brasileiros de uma escola da cidade, jogando capoeira no centro, Malmö, abril de 2009)
Foi num final de semana desses aqui da Primavera que eu e o Ângelo estávamos passeando pelo centro da cidade. Numa das praças centrais, a Gustav Adolf, tinha uns moços e umas moças brasileiras sentados tocando o berimbau, chamando aos poucos o povo pra ver uma cena de capoeira.
A sensação super gostosa de ouvir nossa língua e de sentir-se tão em casa no meio da Suécia fez com que sentássemos ali do ladinho deles e fez com sangue brasileirinho do Ângelo gritasse forte. Ele começou a dançar feliz, assim como algumas dezenas que estavam por ali começaram a chacoalhar seu esqueleto.
Mais um e mais um grupo parando... "Capoeira. É do Brasil", alguns muito informados diziam.
E então mais alguns cinco, dez, vinte, cinquenta... Uau! Em uns dez minutos a praça juntou umas centenas de pessoas em círculo. Tudo totalmente natural, tão natural quanto se junta gente em torno daqueles caras que ficam no centro de São Paulo e conseguem juntar gente em torno deles em minutos, apenas contando "causos".
E então os morenões e morenonas com camiseta do Brasil começaram a jogar capoeira. E mais gente parando... e mais comentários e olhos esbugalhados.
(O olhar curioso do Ângelo e de centenas de passantes , Malmö, abril de 2009)
Foi tão curioso ver tantos suecos e alguns estrangeiros vendo com um olhar tão diferente para aquilo que eu já conheço tanto e me é tão familiar. A capoeira tem, inclusive, assumido uma dimensão diferente pra mim desde que estou aqui. Há capoeira na aula de body combat, por exemplo, e eles são tão fascinados que eu pensei: "caramba! como posso dizer que sou brasileira sem saber jogar capoeira?"
Bom, só sei que o pessoal ficou embasbacado. E os meninos que jogavam faziam numa discontração danada. Sem nenhum esforço. Tranquilos e falando com aquele sotaque todo nordeste: "cara tô quebrado!", disse um deles que não deu conta de fazer o salto no ar.
E eu? eu lá cantando as letras conhecidas, com o Ângelo comendo uma banana e uma pêra balançando as perninhas. E eu? eu tirei foto feito estrangeira e pedi o nome do grupo (que eu evidentemente esqueci) a um deles para escrever no blog...
Enquanto isso, no meio da roda de curiosos, os loiríssimos suecos, adolescentes ou mais velhos, parados em frente, com seus cabelos lindões preparados para "tentar pegar as suequinhas" na Primavera ficaram com um olhar tão babão, tão perdidos quase lamentando assim: "agora com esses caras de calça grudadinha, dançando assim com esse corpão moreno como é que a gente vai atrair a atenção?"
É e foi assim mesmo que eu vi na rua do lado um rapaz sueco a tocar seu violão solitário. A roda de capoeira virando a esquina havia desviado dele todos os olhares. Ninguém o ouvia, inclusive porque o berimbau, o batuque e a voz dos brasileiros tomou conta do pedaço.
(O cantor sueco solitário, perdendo na própria casa, Malmö, abril de 2009)
Foi um dia de sábado muito bonito do início da Primavera em que o Brasil invadiu a Suécia e que os brasileiros provaram o gostinho de serem os melhores entre os suecos no meio de uma cidadezinha sueca.
Comentários
Nossa, deve ter sido muito legal.
Espero que eles venham por aqui e que eu encontre.
Beijo
Bom que você estava no lugar certo, na hora certa. Uma feliz coincidência.
Quem nunca viveu fora do Brasil não tem idéia de como é esse sentimento de reencontrar nossos pares mundo afora.
bjks
Faltou um pouco de estratégia da parte dele. ;) hahha
xero grande
Beijos Somnia!!! amo seu blog! toda dia dou uma passadinha aqui!!
mas sei jogar beijos bem abrasileirados!
Então ai vão muitos beijos em vc e no angelito que ta uma coisa de lindinho. saudades em verde e amarelo
Como é bom encontrar algo que nos lembra nossa terra, né?
Tem coisas que eu nem gosto, mas sò de ouvir quando estou fora do Brasil me emociono. Nao passo a gostar, mas me deixa mais pertinho do lugar, o que jà é màgico!
foi super bom nesse sentido!
mas acho que embora eu ate queria, capoeira nao sera minha praia, porque eu faco uns movimentos no bodu combat e fico que nem velhinha de 90...