Pular para o conteúdo principal

"You can't always get what you want..."


(Eu, de qualquer jeito, em Varberg, Suécia, agosto de 2009) 



"You can't always get what you want", lá lá lá lá lá laaaa... foi a canção que acordei cantando na quarta-feira, enquanto ouvia meu Spotify e dançava na beira da pia lavando uma mamadeira do Ângelo. Ainda de pijamas, limpando as coisas do café da manhã eu cantei com minha guitarra especial, com cerdas de lavar leite... E me senti rainha do mundo e poderosa. A vida, em dias assim, parece mesmo infinita de vida.

Cantando like a Rollling Stones eu fiquei pensando nos versos e dizendo a mim mesma: "Você não pode ter sempre o que você quer!". Deixei por um tempo de ser a mulher dinâmica e cheia de energia para dar numa sala de aula para ter essa experiência de vida aqui com os meus amores. Tem dias que sinto muita falta, tem dias que penso que poderia viver só para eles a vida toda... 

Mudo o tempo todo e todos os dias...

Na maior parte deles é como na manhã de quarta passada... Fiquei cantando com essa certeza: eu posso ter tudo agora se eu não quiser ter tudo ao mesmo tempo. Eu posso ter tudo o que essa vida na Suécia me permite. Ela não me permite ter minha família adorada por perto. E eu, tampouco, posso encontrar com minhas antigas amigas e visitar meus lugares preferidos. A vida aqui me proporciona outras coisas. Muitas lindas e maravilhosas, como poder receber gente que gosto aqui. Poder mostrar lugares como esses que fomos esses dias a Dri, por exemplo. Tem outras bem difíceis, como saber que logo essa minha vida de "prazeres" e de sol dará lugar a dias como noites. Entretanto, talvez a grande lição seja mesma a de perceber que o que torna tudo tão especial é que a gente não pode ter sempre tudo o que a gente quer...

Sem deslumbres e polianismos, eu só sinto tannnta falta de algumas coisas especiais do Brasil porque não as tenho. E como seu sei, eu tenho a mais absoluta certeza, de que um dia eu vou mor-rer de saudades dessa Suécia, desses "anos dourados" em que o Ângelo ainda é pequeno, de ver o pôr do sol as dez e meia da noite ou de pisar na neve silenciosa... Eu sei disso e eu já tenho saudades e é por essas e outras que eu tenho certeza de que nem no futuro quando eu for de novo a professora maluca eu estarei totalmente completa... Vai me faltar o que tenho agora. Isso não muda. Então melhor é cantar e cantar bem alto com os Stones... Vamos lá! Pegue sua escova de cabelo, o microfone do computador, o controle remoto ou o que seja, clique no vídeo e cante bem alto comigo: 


...

ps: respondi os comentários do último post..

Comentários

Anônimo disse…
O segredo da vida é mesmo saber ser feliz com o que se tem, nao?
Nao existe nada inteiro se a gente nao quiser.
Sempre dà pra ser mais, ter mais, ver mais, fazer mais... e tanta gente ve esse mar de possibilidades com frustraçao por nao ter tudo ao mesmo tempo ao invés de com alegria, por poder aproveitar aqui e ali, e escolher por onde se quer caminhar.
Pra mim é a història do copo meio cheio ou meio vazio. Posso chorar agora por ter minha irma na Italia, meu pai no Espirito Santo e minha mae em Santa Catarina. Ou entao posso me sentir a mais feliz das criaturas por saber que estao todos bem e eu estou num paìs tao gostoso como a Suécia vivendo com o meu amor. Ainda fico com a segunda opçao! :)
Camila Hareide disse…
Parece que o mosquitinho que transmite a febre do expatriado mordeu você também... Essa coisa de sentir saudade de coisas do Brasil porque não podemos tê-las é típica dessa febre. Dê uma lidinha nesse texto, se der vontade

http://www.germinaliteratura.com.br/coluna_idelberavelar5.htm

Mas ainda bem que tem a lucidez pra poder refletir sobre isso... Acho que é pior quando a doença pega naqueles que não conseguem se dar conta, e vivem de saudades.

Te dou outra musiquinha pra cantar com a escova de dentes... "O melhor lugar do mundo é aqui e agora"!
http://www.gilbertogil.com.br/sec_discografia_obra.php?id=192

Eita, que música brasileira me deixa triste toda vez...

beijo
Camila
Anônimo disse…
Eu acho muito bacana o seu jeito de ver a vida, sempre otimista. Sabe q as vezes eu to meio pra baixo e venho aqui no seu blog ver as novidades e fico logo alto astral...rs...
As fotos estao lindassss...APROVEITE MUITOO essa sua fase na europa,pq tudo passa tao rápido;;; Ah, seu filho é muito fofo....Puss!
Beth/Lilás disse…
Brabuletinha querida,
Foi bom ler este post hoje, ando meio baixo astral com as coisas que vejo e sinto por aqui. Tem dias que dá um desânimo, mas a gente precisa saber disso, que tem dias que tanto faz estar aqui ou acolá, poderá ser legal ou triste. É assim a vida!

E você nesta bonita foto, lembrou-me daquela musiquinha: O que você foi fazer no mato Maria Chiquinha, lembra?

Gostei do vestido de margaridas combinando com o meio ambiente à sua volta, isso é que é engajamento ambiental!

bjs cariocas
Mariana disse…
Olá Somnia,

eu acho que aprendi a dar mais valor nas pessoas e algumas coisas do Brasil depois que fui embora. E ao mesmo tempo eu aprendi a valorizar o que tenho hoje porque, assim como vc, sei que um dia vou sentir saudades. Acho que tenho conseguido viver mais intensamente e me preocupar menos com bobagens. certamente hoje tenho problemas que nunca imaginei que teria e consegui resolve-los com mais bom humor e tranquilidade.
Algumas pessoas me acusam de ser Poliana demais ou acham que eu fico me enganando. Pode ser e eu não percebo, mas eu sempre tento tirar o melhor de cada situação e ver coisas boas nelas. Tento aproveitar ao máximo o presente porque não sei qual vai ser o futuro e pelo menos por enquanto, ninguem pode roubar de mim as lembranças. Então que elas sejam boas.

um beijo

Postagens mais visitadas deste blog

"Em algum lugar sobre o arco íris..."

(I srael Kamakawiwo'ole) Eu e Renato estávamos, há pouco, olhando um programa sueco qualquer que trazia como tema de fundo uma das canções mais lindas que já ouvi até hoje. Tenho-a aqui comigo num cd que minha amiga Janete me deu e que eu sempre páro para ouvir.  Entretanto, só hoje, depois de ouvir pela TV sueca, tive a curiosidade de buscar alguma informação sobre o cantor e a letra completa etc. Para minha surpresa, o dono de uma das vozes mais lindas que tenho entre todos os meus cds, não tinha necessariamente a "cara" que eu imaginava.  Gigante, em muitos sentidos, o havaiano, e não americano como eu pensava, Bradda Israel Kamakawiwo'ole , põe todos os estereótipos por terra. Depois de ler sobre sua história de vida por alguns minutos, ouvindo " Somewhere over the rainbow ", é impossível (para mim foi) não se apaixonar também pela figura de IZ.  A vida tem de muitas coisas e a música é algo magnífico, porque, quando meu encantamento por essa música come

"Ja, må hon leva!" Sim! Ela pode viver!

(Versão popular do parabéns a você sueco em festinha infantil tipicamente sueca) Molerada! Vocês quase não comentam, mas quando o fazem é para deixar recados chiquérrimos e inteligentes como esses aí do último post! Demais! Adorei as reflexões, saber como cada uma vive diferente suas diferentes fases! Responderei com o devido cuidado mais tarde... Tô podre e preciso ir para a cama porque Marinacota tomou vacina ontem e não dormiu nada a noite. Por ora queria deixar essa canção pela qual sou louca, uma versão do "Vie gratuliere", o parabéns a você sueco. Essa versão é bem mais popular (eu adorava cantá-la em nossas comemorações lá!) e a recebi pelo facebook de minha querida e adorável amiga Jéssica quem vive lá em Malmoeee city, minha antiga morada. Como boa canção popular sueca, esta também tem bebida no meio, porque se tem duas coisas as quais os suecos amam mais que bebida são: 1. fazer versão de música e 2. fazer versão de música colocando uma letra sobre bebida nela. Nest

O que você vê nesta obra? "Língua com padrão suntuoso", de Adriana Varejão

("Língua com padrão suntuoso", Adriana Varejão, óleo sobre tela e alumínio, 200 x 170 x 57cm) Antes de começar este post só quero lhe pedir que não faça as buscas nos links apresentados, sobre a artista e sua obra, antes de concluir esta leitura e observar atentamente a obra. Combinado? ... Consegui, hoje, uma manhã cultural só para mim e fui visitar a 30a. Bienal de Arte de São Paulo , que estará aberta ao público até 09 de dezembro e tem entrada gratuita. Já preparei um post para falar sobre minhas impressões sobre a Bienal que, aos meus olhos, é "Poesia do cotidiano" e o publicarei na próxima semana. De quebra, passei pelo MAM (Museu de Arte Moderna), o qual fica ao lado do prédio da Bienal e da OCA (projetados por Oscar Niemeyer), passeio que apenas pela arquitetura já vale demais a pena - e tive mais uma daquelas experiências dificilmente explicáveis. Há algum tempo eu esperava para ver uma obra de Adriana Varejão ao vivo e nem imaginava que