Hormônios à flor da pele. Emoções jorrando escada abaixo. O corpo tenta entender o terrível e (não seria bom?) impacto da volta dos hormônios dentro dele. Cansaço, inchaço, de saco na lua! Chora. Se arrasta pelas ruas para comprar um lanche. Os hormônios é que estão fazendo isso comigo? Come feito vira num cantinho. Facebook. Volta. Deita. Dorme muito. Acorda. Facebook. Tanta gente me faz companhia. Fala com um e outro. Facebook. Por sorte existe este mundo virtual. Inteligente o loiro chato de cabelos cacheados! Chat. Chateia. Chato. O dia não passa. Choraminga. Quero meus dois! Quero meus três! Facebook. Fala. Ri. Algum telefonema. Conversas boas. Escreve. Pensa. Blog a todo vapor radioativo. Facebook. Facebook. Facebook. É só o que me resta? Saudades de casa. Xororôs. Aguarda por visita e encomendas na calçada da Angélica. As pessoas passam. Apressadas. A noite chega. Vão pra onde? Voltam pra onde? Pensam o quê? Saint-Exupéry tinha razão. Não sabem de onde vêm. Não fazem idéia pra onde vão! Os carros buzinam. Os ônibus lotados. Os passos rápidos. Sou Wim Wenders observando o mundo. Sou uma cineasta atenciosa. Por este prisma, o mundo é lindo. Ah! A beleza do segundo! Ao mesmo tempo não estou no mundo. Sentada ao longe, só, na calçada. Ninguém sabe de mim. Só quem não está no mundo consegue observá-lo. Uma, duas, dez fotos. Observo. Um filme. Uma esquina. Ninguém me vê. Não sabem nem deles mesmos? Ai meu Deus! Estou tão fora do mundo. Conseguirei eu voltar a habitá-lo? Como se faz para ir pro mundo real? De novo! Chegam provas de alunos. Não consigo! Ganha jantar entregue à distância pelo amor da vida. Ganha chocolates especiais. Se delicia. O amor é magnífico e tem gosto de bolo de chocolate molhadinho da Jean et Marie. Distância. Retorno ao exílio. Facebook. Xororô. Facebook. Êpa! Não entendo! Não consigo sair. Quem sabe de mim? O Facebook! Quem fala comigo? O Facebook. O Facebook me engoliu? Ele me engoliu? Eu só existo no Facebook! Eu sabia daquele loiro horroroso! Eu sabia que não poderia confiar nele! Como saio daqui agora? Fiquei tanto tempo que não sei mais de mim aqui fora. Existia lá. Existi tanto. Agora não existo mais fora? Quem sabe de mim aqui fora? Choro. Vazio. Dorme para a sexta chegar logo e voltar pra casa! O dia 04 foi o dia de fato triste do exílio. Ainda bem que está quase, quase no fim. E finalmente... o dia chega!
(Fim de tarde, Avenida Angélica com Minhocão, april de 2012, 4o. dia do exílio, foto de Somnia Carvalho)
(Início de noite, Avenida Angélica com Minhocão, april de 2012, 4o. dia do exílio, foto de Somnia Carvalho)
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