("Robe púrpura e anêmonas", Henri Matisse, 1937)
Cheguei. Fraqueza. Um mês sem hormônio. Três semanas de dieta. Burocracia. Internação. Um quarto só para mim. Tudo revestido de azul e plástico. Sem tensão. Entra enfermeira, médica, físico nuclear, auxiliar de limpeza. Remédio na veia para não enjoar. Comida sem graça no prato. Estômago meio vazio aguarda para comer gostoso na quarta-feira. Um filme. Dois. Três. Releitura de um livro gostoso. Arruma o quarto aqui e ali. Porta retrato da família na mesinha. Livros na cabeceira. Chega o iodo e a enfermeira com parafernália protetora. Gentis. Todos são gentis. Tudo é tranquilo. Chupa o iodinho no canudinho. Gosto de quase nada. Okey! Acabou? Sim. Acabou. É isso? Sim. Agora espero para passar mal? Não. Não irá passar mal. Então tá. Um filme. Prova comida. Não. Ruim. Espera comer gostosinho na quarta-feira. Mais um programinha. Chupa um limão inteiro. Protege as glândulas salivares. Um banho longo. Lonnnngo. Pijama quentinho. Meias. Delícia. Sem enjôo. Sem vômitos. Sem drama. Quarto azul bonitinho. Outro limão inteirinho. Um telefonema. Dois. Três. Tudo tranquilo. Tudo na paz. Tudo azulzinho. Tonturinha. Deita. Filminho. Musiquinha. O dia 1 está quase chegando ao fim.
Nada de dramático. Só o título desta série. Muchas Gracias vida!
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Beijo!