Dia de retorno ao médico.
Sem paciência para o elevador tomo as escadas. Chego na sala, senha na mão, escolho um lugar quieto. Quase toda a gente está de pescoço esticado, olhos fixos na tela da fina TV presa ao teto.
Num outro canto um painel com luzes e números: 118.
Uma moça, vestida de branco, chora muito... E então a câmera volta para a apresentadora que fala uma porção de coisas entre elas algo o qual consigo ler: "panela".
Hummmm... panán! Outra senha! Caramba! 121! Até que está indo rapidinho...
Olho pra lá, olho pra cá e lá está a mocinha chorando novamente. Junto dela, outra, quem num claro gesto de consolo põe as mãos sobre o ombro da primeira. Entretanto, ela também tem um "rio de lágrimas sob seus olhos".
Muito estranho... penso. Por que estas aí estão "llorando" tanto? Do pouco que sei aquele não era um programa sobre muitas tragédias... Lembro-me perfeitamente de ter visto um trecho um dia enquanto ficava na esteira do prédio. Não é neste programa que o convidado cozinha e passa debaixo da mesa?
É eu tô sabendo!
Tento então entender mais algumas coisas e não porque eu precise de óculos, mas porque as letrinhas eram realmente muito ruins de serem lidas e a distância bem grande. Até que consigo enxergar mais alguma coisa...
"... .tá tá tá... muita pressão.... tá tá tá... "panela"...."
124!
Ai caramba! Que rápido!
Hummmm... deixa eu entender antes que me chamem... Elas estão vestidas de branco, com aventais grandes. Parecem cozinheiras ou chefs... Caramba! Será que uma dessas coitadas teve explodida uma panela de pressão no restaurante? Naquela correria?
É... pode ser! Eu já vi rapidamente também naqueles programas do Norton, aquele loirão inglês quem detona todo mundo. O inferno pode acontecer na cozinha de um restaurante...
Provavelmente a mais nova teve uma terrível experiência de ter uma panela de pressão explodindo em sua cozinha... Só não encaixava muito aquele outro monte de moços e moças também vestidos com aventais brancos. A falação era muita, mas as letrinhas tão pequenas...
De volta à apresentadora, o "tom" de Ana Maria Braga parece realmente sério. Ela fala, fala e embora quase como uma velha cegueta consigo concentrar meus últimos esforços... Os olhos vão da senha até as legendas e pegam mais coisas soltas... A Fulana, a Ciclana... tá tá tá... Hum... fulana, ciclana...
A câmera volta para as moças que, agora, choram juntas. E choram muito.
125!
Caçarola! Lembrando de uma conversa tida com a sogra dias atrás e do pânico que os suecos, por exemplo, tem ou teriam à nossa quase primitiva panela de pressão concentro minhas forças e atenção restante nas frases escritas na tela... Desejo realmente entender como foi que a panela da moça explodiu e quais as precauções devem ser tomadas para que algo ruim assim não aconteça na minha cozinha, onde sempre tenho a companhia de pelo menos uma menininha e um menininho...
Hummm... cerrando os olhos então consigo ler melhor e entender... Panela, a Panela... Na Panela... Deixar a Panela...
Não....
Eu estava de novo dando o maior fora danado. Todo o xororô era por conta de mais um reality show e de um grande dilema das duas mocinhas: quem sai, quem fica num programa chamado... cha...mado... Adivinhem? Panela de Pressão!
126!
E eu quem um dia duvidou de como televisão em consultório pode mesmo servir para entreter a gente!
Comentários
Mas neste programa da Ana Maria Braga tem tb alguns dramalhões. Sempre que acontece algum tragédia ela convida os parentes da vítima e faz uma reportagem com eles. Apesar de conhecer o reality show dos chefs de cozinha, eu estava pensando em algum familiar de vitima da violencia no Brasil, rs rs rs..
prazer em te conhecer! eu adorei seu comentario no outro post mas so nao consegui tempo para responder com calma!
verdade! nem tente puxar assunto com eles! rs... sabe vou confessar que voltei meio sueca escandinava nisso... eu nao dou espaço pra ninguem puxar conversa no consultorio comiga... que horror nao!
rs
Eu também não sei qual é e o que rola na Ana Maria Brega atualmente, pois faz tempo que não assisto mais tv e nem o programa dela.
Mas, fiquei curiosa pra saber o que aconteceu mesmo com as tais moças choronas. Você não descobriu o que rolou? Pow, agora eu quero saber, caramba!
Por essas e outras que quando vou para qualquer sala de espera médica, levo meu livro do momento na bolsa. Não fico mais de cara pra essas televisões com programinhas chatos.
Não se esqueça de levar um livro da próxima consulta, ok.,
beijocas cariocas
Muito boa a narrativa.
bjoca