(Princesa coroada da Suécia, Victoria, fonte: The Local)
Em 1980, uma lei na Constituição da Suécia, colocou na sucessão do trono do Rei Carlos Gustavo XVI e da Rainha Silvia, não o filho, como até então deveria ocorrer, mas sua filha mais velha, Victoria Ingrid Alice Désirée.
Esse marco histórico nas leis do pais significava mais um passo em direção à igualdade de direitos entre homens e mulheres pelas quais o pais é conhecido por lutar, já que os primogênitos passaram a ter os mesmos direitos, independente de seu sexo.
A Princesa Victoria é filha do Rei Carlos Gustavo, cuja geração de Gustavos têm reinado na Suécia há séculos, com Silvia, uma nobre cujo pai era alemão e a mãe brasileira, embora o papel dos monarcas no país seja limitado nos assuntos políticos, já que são os Ministros os responsáveis por cuidar do assunto.
Foi, inclusive essa descendência brasileira que já levou a própria Victoria aos morros do Rio (sua avó era de Toledo) e escolas pobres no Brasil e a ser notícia também em nosso país ano passado.
E foi dessa maneira, então, que Victoria, nascida em 1977, tomou o lugar do suposto futuro rei, sei irmão, nascido em 1979, passando a ser chamada desde os 3 anos de idade de princesa coroada da Suécia.
Amanhã, dia 19 de Junho, Victoria, que também é a princesa mais popular e querida da história do país escandinavo, irá se casar com seu ex-personal trainer, Daniel Westling, que também tem família nobre e passará de duque a Príncipe, após a troca das alianças.
Quem ganha o título de Príncipe é ele, o homem, e no futuro de rei, quando Victoria um dia assumir o posto.
Há muita discussão envolvendo o casamento dos dois jovens nobres, incluindo a mais interessante delas, se Victoria deve ou não seguir uma moderna tradição sueca da nobreza: a de entrar com o marido na igreja e não com o pai. Para os suecos entrar, de mãos dadas com o marido, significa, acima de tudo, estar ciente do que se quer quando se está casando. Significa que a noiva não será levada como uma "coisa", um objeto pertencente ao pai (o que foi verdade por gerações) e que passará a ter outro dono que é o marido.
(Victoria e seu noivo Daniel, fonte: The Local)
Victoria pôde escolher seu marido, como qualquer mulher moderna o pode hoje em dia. Apaixonou-se por ele numa academia de ginástica e isso parece ter sido a maior razão da união dos dois até agora. Ela foi livre (ao menos até onde se tem notícia) em sua decisão e essa liberdade foi conquistada historicamente por muitas outras mulheres. Foi conquistada com suor e lágrima de gente que lutou para que ela tivesse, por exemplo, o título no lugar do irmão.
E essa conquista é simbolicamente representada na entrada da noiva na igreja ao lado de seu futuro companheiro. Os suecos entendem que a tradição cuja maior parte das noivas no Brasil segue, por exemplo, é arcaica e expressa uma desigualdade entre mulher e homem que eles não querem e não podem aceitar.
Isso não causaria discussão se o problema todo não fosse que o desejo a princesa coroada Victoria é de entrar ao lado de seu pai, o rei Carlos, e não de Daniel. A pergunta das últimas semanas vinha sendo então se ela estaria ou não "autorizada" a seguir apenas seu coração, quando há toda uma história de conquista do país com relação aos direitos entre mulheres e homens e quando, ao fazer isso, ela supostamente apóia uma outra tradição que não esta moderna.
O babado vai ser quente. Milhares de pessoas se hospedaram numa das capitais mais lindas do mundo, Estocolmo, só para tentar ver o casamento. Hóteis lotados, ruas abarrotadas de gente, e milhares de suecos e não suecos em frente à Tevê amanhã para acompanhar o grande momento histórico. Isso sem contar todos os milhares de objetos com fotos dos noivos, estampados em pratos, canecas, guardanapos de papel, cristais etc e que estão sendo vendidos em todos os cantos das cidades. É um momento histórico do qual as pessoas não querem esquecer.
Algumas das nossas amigas suecas organizaram várias festas e vão acompanhar em grupo não só o casamento, mas o show o qual será exibido hoje à noite em homenagem aos noivos. Foi nesse show, também tradicional, que um dos grupos pop mais famosos do mundo, o ABBA, de origem sueca, ofereceu de presente ao rei Carlos Gustavo e sua futura esposa, Silvia, a música "Dancing Queen", que dançamos há décadas também no Brasil.
("Dancing Queen", ABBA, música em homenagem ao rei Carlos Gustavo e a rainha Silvia, 1976)
Victoria será a primeira a se casar após a mudança de lei de 1980.
Então, na segunda eu volto, contando como foi e também retornando nessa discussão, ao meu ver, super interessante sobre liberdade de expressão, conquistas entre gêneros etc. Por hora, preciso finalizar um montão de coisas para minha vernissagem que inclusive iria acontecer amanhã, mas que por conta do casamento de minha amiga Vitorinha, eu tive que mudar para domingo.
Até lá queria deixar vocês com duas perguntas:
- Você acha que o mais correto é entrar com o pai na igreja ou com o noivo?
- Você acha que a princesa Victoria deve seguir a tradição do seu país, por conta do posto que ela representa, ou seguir seu desejo pessoal?
Ótimo fim de semana!!! E rezem para não chover nem no casamento da Vivi nem na minha vernissagem! O tempo anda difícil por aqui!
Comentários
Quanto à discussão de entrar com pai ou noivo, eu vou por entrar com o noivo, sempre achei muito antiquado e negativo entrar com o pai. Ainda jovenzinha eu tinha decidido que se casasse na igreja um dia iria entrar só, nem tinha consciência absoluta do significado de entrar com o pai, mas já achava que aquilo representava muito mais um conssentimento da família, um ato de entregar a filha, do que a decisäo da noiva de escolher aquele noivo. Bom, depois vi que não tinha nada a ver comigo casar na igreja.
Mas já que vão casar, sou pelo de entrarem noiva e noivo, sem isso de papaizinho levando filhinha pra dar pra noivo. Ou que pelo menos entrasse o pai com a filha, o noivo com a mãe, e os demais da família formando casais ou não, todos juntos na mesma hora, pelo menos seria menos mal.
Beijo
Que interessante isso tudo. Eu aguardo as novidades sobre o casamento e a vernissage. Torcendo para que nao chova.
Bom, eu acho que o que manda é o coração. Correto e nao correto nestas coisas nao existe. Eu entrei com meu irmão pois meu pai é falecido, mas se nao fosse meu irmão, seria com meu sogro, que adoro. São escolhas do coração, eu acho.
Por isso acho que ela, indepentende da tradição, deve entrar com o pai, se ela assim o quer. E claro, se agradar a um grupo, desagradará outro, nao tem jeito.
Beijos e bom fim de semana.
Curioso, porque eu tô pra escrever sobre isso. Uma amiga minha muito querida casou há pouco tempo, só no civil. Mas fez uma cerimônia. Apesar de não ser entusiasta do feminismo como eu, também sempre achou machista essa história de entrar com o pai, queria entrar com o marido, até porque eles já viviam juntos há alguns anos. Só que o pai dela ia se ofender. E eu disse pra ela que achava que não valia a pena chatear o pai por um símbolo. Símbolo a gente resignifica, ué. Se significava a submissão feminina, pra ela passa significar o amor ao pai, qual é o problema?
Mas olha, família real é algo muito complicado, viu? Porque na verdade eles tem essa vida improdutiva pra representar a instituição, são sustentados em função disso Daí que certas coisas podem ser vistas como obrigação mesmo. Enfim, não deve ser fácil, porque atender às expectativas neste caso vira obrigação.
Adorei esse tema e penso que a escolha depende dos sentimentos. Pra mim a entrada na igreja é como estar com alguém que tem essa importância afetiva na vida da noiva, e com certeza a pessoa convidada se sentirá honrada com isso.Independente de ser o pai, irmão, avô. Já ouvi meus irmãos comentarem por aqui que a minha mãe já entrou na igreja duas vezes e que meu pai só entrará uma, afinal sou filha única. hehehe...Mas enfim, acho bobagem esse tipo de pensamento sobre o "pai entregar a noiva", o que vale é a união das famílias. Ninguém está para dividir e sim somar. É um momento único para o casal, onde vão estar reunidos com os familiares e amigos.
Abraço!
Acredito que o melhor é seguir o coração.Eu pessoalmente quero entrar com meu pai.Acho que é um orgulho para os pais quando os filhos se casam,e nada como compartilhar este momento com quem tanto nos deu auxílio e apoio.
Abraços
Claro que as tradições tem SIM significado. E nesse caso específico é a filha (que é responsabilidade do pai) sendo entregue ao noivo (debaixo da responsabilidade de quem ela ficará a partir de então). E SIM eu acho isso extremamente machista e SIM eu acho isso muito antiquado. E eu me rebelo contra a maioria das tradições porque elas todas foram criadas em épocas nas quais as mulheres eram acessórios.
Mas no caso da princesa que vive num contexto de relativa igualdade entre mulheres e homens e DESEJA entrar com o pai (não pq está sendo simbolicamente sendo entregue, mas por quaisquer razões outras), eu sinceramente não sei.
Não tenho opinião formada. Porque ao mesmo tempo que acredito que ela deve ser plenamente livre pra escolher se quer entrar com o marido ou com o pai. Eu sei que como princesa, como figura pública, é mais do que isso. Vou e volto.
Enfins.
As coisas deveriam ser mais simples. Infelizmente, não são.
Beijos querida, boa vernissage.
De cara achei estranho - "putz, qual o problema dela entrar na igreja com o pai, isso não é normal"? Aí fui ler mais e entendi que eles levam realmente muito a sério a questão da igualdade entre sexos, mais ainda do que eu poderia imaginar (tomara que se aplique na prática..). Mas não consigo deixar de pensar que seja muita polêmica por nada; sim, claro, a princesa é um símbolo, mas até quando essa questão pode interferir nas suas escolhas pessoais num momento tão importante?
Essa visão "machista" de que o pai "entrega" a filha para o marido como um pacote, ao menos no meu ponto de vista, é passado, ninguém enxerga mais a questão dessa forma. Eu entraria com meu pai na igreja sim, como gesto de carinho para com ele, acima de qualquer preocupação ideológica.
Falei mais sobre isso no meu post: http://dofornoaofreezer.wordpress.com/2010/05/21/67/; também postei hoje comentando sobre a cerimônia. :) Vou te linkar por lá!
Quero um vestido desse no meu casamento, tão lindo.
Feliz vernissage...
Estocolmo ficou com um ceu nublado antes da cerimonia...mas, depois passou
A Princesa chorava muito antes de entrar na Igreja...O carro teve que ser parado duas vezezs..
http://graceolsson.com/blog/2010/06/swedish-princess-married-today/
Ela entrou com O pai..e acho que é o certo...
Algumas fotos do casamento, vc ver aqui
http://graceolsson.com/blog/2010/06/swedish-princess-married-today/
Foi um sacrificio sacar fotos...algumas tive que subir num poste...revezando com outros fotografos...Coisa de doido..kkk
bjs e dias felzies
http://graceolsson.com/blog/2010/06/swedish-princess-married-today/
Também acho que esta visão de que alguns falam sobre a noiva ser entregue como um pacote não é mais vista assim, pois se eu tivesse meu pai vivo quando casei-me, teria tido uma enorme alegria em ser levada por ele até o altar, meu sogro fez a vez e fiquei muito feliz também.
E esta princesa noiva é muito bonita também.
bjs cariocas
Por isso eu me pergunto... Pra que familia real então? Eu acho que tá na hora de deixar tudo isso de lado. Minha humirde opinão...
E que casamento looooongooooo, pobres noivos!!!
beijo
Sou totalemnte a favor de que a noiva faça o que quiser. Quanta gente "odeia" o pai e no dia tem que entrar de braços dados com ele, porque é "convencionado"?
Minha irmã mais nova entrou assim: até no meio da igreja, foi com meu cunhado, padrinho dela; do meio pro altar, foi com meu irmão, que não era o mais velho, porque com este ela não quis entrar. (meu pai já tinha morrido).
Uma filha de amiga minha, que se casou agora, não quis entrar com o pai, de quem a mãe era separada desde que ela tinha 4 anos. Dos 5 anos até hoje, ela teve um padrasto, a quem adora, mas para não afrontar o pai, não entrou com ele. Como tem a avó, que fêz 99 anos e é esperta, anda sem bengala, tem memória melhor que a nossa, (rsrrs) , ela entrou com ela.( a mãe dela morreu há um ano...) Então, cada um entra como quer.
Conheci uma menina que não tinha pai e entrou com a mãe, oras!
Acho que quem nos leva ao altar é alguém a quem distinguimos.
Quanto à decisão da princesa, pra mim foi 10. Ia dizer que ela deveria entrar mesmo com o pai, nada de só cumprir regras.
Bj