(Meus sogros Irene e Caetano, numa das fotos mais lindas que conheço de casamento, creio que em 1974)
"When I'm feeling blue, all I have to do
Is take a look at you, then I'm not so blue"
"Quando eu estou me sentindo triste, tudo que eu tenho de fazer é olhar para você, então eu não me sinto mais triste..."
Sim, ando sumida...
("All you need is love", Beatles)
("The scene of love", Michael Nyman, a música cenário para o filme "Piano", no qual a necessidade de amor é dolorida e mostrada em silêncio... )
("A groovy kind of love", Phil Collins, tema musical que desde sempre tem me inspirado)
Meu sumiço tem a ver com muitas coisas, quase todas boas, mas sobretudo como essas coisas boas e tanta mudança (física e emocional) têm tomado o tempo. Além do que o desejo de querer viver tudo o que não vivi ainda aqui e aproveitar até a última gota as pessoas que passaram a fazer parte de minha vida desde que cheguei. Isso tem consumido quase toda minha atenção e aí não sobra energia suficiente para escrever ou ainda acompanhar com carinho quem gosto de ler.
("All you need is love", Beatles)
Estava aqui, porém, no meio de uma dessas atividades, preparando uma tela, algumas delas para a vernissagen que vou fazer no dia 20 em casa. Trata-se de um projeto que intitulei "All we need is love" (Tudo o que nós precisamos é amor), sendo uma clara referência à música dos Beatles "All you need is love"...
Junto de minhas idéias flutuantes tem estado também o conteúdo do blog de vocês o qual li nos últimos dias. Neles muita alegria, muito desejo, mas sobretudo muita ansiedade, medo, tristeza, desilusão etc parecem sempre rondar os dias de cada um e talvez tudo isso junto seja o tema deste post.
(O casal que me inspirou o projeto "All we need is love", Lúcia e Gabriel, janeiro de 2010)
A idéia do projeto citado teve início no casamento de dois jovens amigos brasileiros, no qual participei em janeiro passado. A leveza, o amor tão casual e o jeito informal, embora intenso, de tratarem a ocasião me marcou... Marcou também a música tocada na saída deles do jardim onde celebraram a troca de aliança, o sorriso dos dois, as rosas vivas em cor de rosa, o vestido de renda da Lúcia...
E assim me pus a pensar em casamento. Por que nos casamos? Por que nos juntamos uns aos outros? Por que muitas noivas ainda vestem branco quando este não caracteriza mais virgindade nem tem mais a ver com a tradição de seus pais e avós... Passei a pensar muito e a relembrar casamentos em que fui, casamentos em que vi em fotos... E tanta coisa me veio à mente...
(Eu e Renato, no dia do nosso casamento, janeiro de 2002, foto de Rafaela Azevedo)
Fiz uma primeira tela teste com uma foto do meu próprio casamento. Eu e Renato num abraço amoroso, fraternal, cheio de sinais e promessas de amor e amizade que tentaríamos sustentar pelos anos que viriam...
E, desde então, tenho tido idéias mil na cabeça e feito outros testes. Centrando apenas em algumas dessas, penso que todos nós seres humanos sofremos de uma carência enorme de amor.
("The scene of love", Michael Nyman, a música cenário para o filme "Piano", no qual a necessidade de amor é dolorida e mostrada em silêncio... )
Sofremos de falta de amor desde que nascemos, clamando e gemendo para ser acariciado junto ao seio de nossa mãe. Depois sofremos a falta de amor no nosso quarto, sozinhos, enquanto adolescentes. Choramos as espinhas, o cabelo desajeitado, os amigos que não fazemos, a sociabilidade que desejamos ter como prova de que alguém nos ame suficiente, apesar do quão horrível pareçamos no espelho.
Com o tempo esta preocupação dá lugar a um querer ser alguém, querer ter certeza de que poderemos sim ter o sucesso sonhado por nossos pais e por nós mesmos... E às vezes conseguimos um tanto disso, outras não...
A verdade é que normalmente essa falta de alguma coisa passa a ser falta de alguém. Alguém que enxugue nossas lágrimas e nos dê abraços apertados antes de dormirmos. Alguém, um amigo, uma amiga, um companheiro, uma companheira que nos afague tanto quanto nossa mãe nos afagou e nos lembre de que, apesar do que somos ou não conseguimos ser, ainda somos amados tanto quanto qualquer criaturinha que vem a este mundo indefesa.
O amor é nossa necessidade suprema.
("A groovy kind of love", Phil Collins, tema musical que desde sempre tem me inspirado)
E a necessidade de amor se manifesta nas mais variadas formas e súplicas: a precisão de ser elogiado, de ser querido, de ser aceito, de ser reconhecido, de ser comentado, de ser lido, de ser visto, de não ser esquecido...
O casamento, a união - formal ou informal - entre pares significa, ao meu ver, o quanto acreditamos no amor e o quanto precisamosda confirmação do amor. O quanto nosso branco do vestido ou das vestes pode ser visto como espelho de um tipo de ingenuidade que sobrevive aos desalentos, aos desamores, à falta de sucesso, ao desejo de que nem brigas, nem doenças, nem o tempo e a morte nos separe do amor. Do amor ao outro e do amor a nós mesmos.
Estou com algumas fotos antigas aqui... Algumas de amigos, outras de familiares de amigos ou meus... e ouvindo algumas músicas cujo tema seja o amor para me inspirar na criação das telas...
Daí entra os Beatles, Elvis (na voz de Norah Jones), Phil Colins, Michael Nyman... Sempre seleciono e faço a tela ouvindo uma determinada música. Minha idéia é ver o quanto a obra que imaginei criar se soma à canção que ouço no momento. E minha animação é perceber o quanto sou quase sempre movida pela música tanto quanto pela foto e pela idéia inicial tida... Há um casamento entre pintura e música... Entre meus sonhos e os sonhos daqueles que tenho como objeto. Entre minhas alegrias, conquistas, dores e perdas com as deles...
(Anéris e Rubens, o avô e a linda avó de minha amiga Xu, celebrando amores e promessas, início dos anos 40)
Com as fotos dessas pessoas estou a pensar o quanto elas amaram. O quanto desejaram ser especiais e o quanto o conseguiram, apesar de não acreditarem.
Nossa existência e nosso passado, longínguo ou próximo, não morre. Ele permanece vivo e nós permanecemos vivos porque existiu ou existe amor que nos enlaçou uns com os outros.
E eu creio, ou ao menos ando nisso pensando, que é exatamente essa necessidade que faz com que lutemos ardentemente para que o amor sobreviva. E é essa a razão pela qual devemos tentar com todas nossas forças sustentá-lo e preservá-lo nas pessoas que nos são caras.
Não devemos desistir de amar e ser amados porque...
"All we need is love..."
All you need is love
"Love, love, love, love, love, love, love, love, love.
There's nothing you can do that can't be done.
Nothing you can sing that can't be sung.
Nothing you can say but you can learn how to play the game
It's easy.
There's nothing you can make that can't be made.
No one you can save that can't be saved.
Nothing you can do but you can learn how to be you
in time - It's easy.
All you need is love, all you need is love,
All you need is love, love, love is all you need.
Love, love, love, love, love, love, love, love, love.
All you need is love, all you need is love,
All you need is love, love, love is all you need.
There's nothing you can know that isn't known.
Nothing you can see that isn't shown.
Nowhere you can be that isn't where you're meant to be.
It's easy.
All you need is love, all you need is love,
All you need is love, love, love is all you need.
All you need is love (all together now)
All you need is love (everybody)
All you need is love, love, love is all you need."
Beatles
Comentários
Só mesmo uma filósofa para desenvolver tão bem este tema e ainda passá-lo para uma tela!
Vai ficar show este quadro e tomara que você o acabe antes de voltar pro Brasil. Não deixe de postá-lo aqui pra gente ver.
Se quiser ver o meu post sobre este tema, abaixo um post que fiz em janeiro/2010:
http://supremamaegaia.blogspot.com/2010/01/all-you-need-is-love.html
bjs cariocas
Eu vivo amor, eu respiro amor, eu preciso de amor para viver... é esse sentimento que faz tudo acontecer a minha volta!!
Maravilhosa ideia sua!!
Um mundo de beijos para você, para seu pequeno Angêlo e para linda jóia que cresce dentro de você, Marina!
Uma história que valeu e vale continuar sendo vivida.
Obrigada !! Valeu !!!
*São posts como estes que gosto de ler, lembra que me perguntou???? Eles me ajudam a ser melhor, aprendo com você.
Abraços
Baby, inspirada no tema deste post, posso dizer que AMEI a forma como vc escreveu sobre o amor, sem ser piegas ou melosa.
Apesar de te emprestado a foto pra vc, fiquei muito surpresa ao ver meus queridos avós no seu blog! Vou fazer de tudo pra q minha avó "Nerinha" (como a bisneta a apelidou) leia o texto e se veja na internet...rs. O casamento dos 2 durou até a morte do vovô Rubinho, mas os eles tiveram a alegria de comemorar 60 anos de casamento! Coisa rara hoje em dia.
Continue amando intensamente tudo e todos que te rodeiam! beijos
amei o post!
engraçado que eu estava com a música do Beatles na cabeça esta semana. Foi uma delícia encontrá-la no post.
as fotos estão lindas!
a única coisa que não gostei, não tem jeito, foi a música com a Norah Jones...
beijocas
E se todo mundo amasse e entendesse assim como você o amor, a vida seria outra.
Não sei como nossas vidas se entrelaçam com a de alguém, mas só é válido para um grande amor. Andam banalizando tanto o sentimento, já se casam com um "se não der certo, nos separamos", que é uma pena.
Mas amor de verdade, que dura a vida toda, sem arranhões, é raridade.
Beijim!
Lindo texto! Um texto escrito com amor! Amo a música dos Beatles e amo mais ainda os casais das fotos!
Bjs,
Dri
Beijos e obrigada pelas dica
vou ficar tentando, ehhhhh(gostei de brincar)