Semana passada ganhei dos meus amigos poloneses, Grzegorz e Agnieszka, duas abóbrinhas (Zucchini, em polonês) verdes deliciosas. Grzegorz tem cultivado uma horta, super saudável, no fundo da casa, desde que a primavera chegou.
Acabei por fazê-las, para mim e para Ângelo, picadinhas e regofadas, como minha mãe fazia para eu e meus irmãos. Imediatamente veio à minha memória cenas de minha infância. Minha mãe fazendo seu almocinho de todo dia, a gente fazendo uma bagunça danada...
Pulei, então, para a época em que meu pai e minha mãe começaram juntos uma horta e, entre alguns tapas e beijos, plantavam e colhiam legumes e verduras lindos e deliciosos. Eu a-do-ra-va passar lá nos fins de semana com o Renato e a gente escolhia o que iria levar para a semana... eu adorava gastar meu tempo lá com eles.
Foi rápido o salto que minha mente fez para algumas músicas que meu pai gostava e assoviava, enquanto trabalhava... Veio o Mário Zan, o Liu e Léu e algumas outras canções que ele também tocava em sua sanfona...
Ichi daí deu uma sôdade... Um aperto doído...
Mas, então, Ângelo estava a puxar minha perna e dizer: mãmamãma... E então eu sorri de contente e pensei que, pra gente de raíz "mineira" assim que nem que eu, o pulo de uma abóbrinha para um chororô é rapidinnn que é uma coisa, mas só porque eu tenho lembrança gostosa pra chorar.
...
Talvez a gente sempre vá relembrar o passado e a infância com tal nostalgia. Ao menos ouvi muitas vezes minha mãe e meu pai falarem de seu passado com o mesmo saudosismo que eu tenho agora do meu. E me lembro deles planejando voltar morar em algum sítio, quando a gente crescesse...
Isso e a música abaixo, provam que não sou a única manteiga derretida no mundo. Dêem uma olhada e uma "ouvida" nessa moda de viola do Liu e Léu e me digam se não é assim mesmo...
Jeitão de caboclo
Se eu pudesse voltar aos bons tempos de criança
Reviver a juventude com muita perseverança
Morar de novo no sítio na casa de alvenaria
Ver os pássaros cantando quando vem rompendo o dia
Eu voltaria a rever o pé de manjericão
A curruira morando lá no oco do mourão
Os bezerros do piquete e nossas vacas leiteiras
O papai tirando leite bem cedinho na mangueira
(Meu avô João, rodeado dos bisnetos, Júnior, Ângelo, Vitória e Luana. O tempo não pára... outubro de 2007)
Eu voltaria a rever o ribeirão Taquari
Com suas águas bem claras onde eu pesquei lambari
O nosso carro de boi , o monjolo e a moenda,
As vacas Maria-Preta, Tirolesa e a Prenda
Na varanda tábua grande cheia de queijo curado
E mamãe assando pão no forno de lenha ao lado
Nossa reserva de mato, linda floresta fechada
As trilhas fundas do gado retalhando a invernada
(Minha mãe e minha avó, as Marias que me ensinaram a amar coisas simples, como as abóbrinhas, novembro de 2007)
Queria rever o sol com seus raios florescentes
Sumindo atrás da serra roubando o dia da gente
O pé de dama-da-noite junto ao mastro de São João
Que até hoje perfumam a minha imaginação
O caso é que eu não posso fazer o tempo voltar
Sou um cocão sem chumaço que já não pode cantar
Hoje eu vivo na cidade perdendo as forças aos poucos
Mas não consigo perder o meu jeitão de caboclo.
(Liu e Léu)
...
ps: Ouça essa chorosa cancão lá sessão de músicas, do lado direito do blog, e deixe sua memória voar...
Comentários
Beijos!!!!!
muitas coisas aconteceram e uma bem importante foi o aniversario do angelino!
portanto parabens e muitos beijos atrasados!
espero que esteja tudo bem ai! saudades imensas de vc!
Aqui ou na Suécia elas têm gostinho de casa.
Bjs e saudade.
Dri
Ela não tem cara de tio Chicão?
Boas lembranças... verdade!
Um dia eu quero ser uma lembrança legal assim... quem sabe na vida da Luana, do Ângelo...
a gente nunca volta com o mesmo! a gente volta sempre! sempre! diferente! mesmo que não pareça, logo de cara...
é bom te ter de volta!
outra coisa que tem gosto de casa: sopa da tia Dri, com mandioquinha e outras coisinhas!
aguardo minha ida, que ainda nao sei quando sera, para comer esse sabor de casa...