(Nós, em frente à estonteante Basílica de São Pedro, um dia antes da Páscoa. Fácil de entrar, de ver e aproveitar. Roma, abril de 2009)
Vocês conhecem o blog da Paula Sartoretto, uma jornalista que vive em Estocolmo? O blog dela, "Na Suécia não tem barata" é um bem dos bons e sempre que leio o título dele eu fico pensando em tantas coisas que "Na Suécia não tem.."
Pra mim não ter baratas é importante, mas para a Paula, com certeza, é essencial. Eu não tenho problemas com as nojentinhas eu tenho problema mesmo é com aranhas, por exemplo. Bicho que aqui quase não tem também, se comparar com as milhares que temos no Brasil. Então vejam que a Suécia pode ser um lugar bem bom dependendo do ângulo que você olha...
A Suécia está longe de ser um paraíso. Muito longe. Aqui há problemas e dificuldades que podem ser bem grandes, sobretudo se você vem de outra cultura. Então na Suécia não tem um monte de coisas que não tem no Brasil e que eu acho muitíssimo legal. Por outro lado, na Suécia além de não ter baratas não tem tanta coisa ruim que a gente encontra ainda em tantos lugares que faz daqui um lugar muito bom de se viver e um exemplo para a gente aprender e tentar aplicar no nosso país também.
Eu tenho pensado nessa seção faz um tempo e pensei muito nela em Roma... Pensei porque lá tem coisas parecidas com aqui e coisas parecidas com o Brasil.
Então pra começar eu percebo que "Na Suécia quase não tem..." gente que corta fila. Quando eu digo "quase não tem" pode ser força de expressão, mas significa que na maioria dos casos não tem mesmo. É raro. Raríssimo.
Eu não peguei todas as filas da Suécia, mas eu consigo constatar isso. É que nem a Paula. Ela deduziu por a+b que não tem baratas, já que desde que ela está aqui nunca viu uma. Aliás, eu também nunca vi uma! Assim como não vi gente dando uma de folgado na cara dura.
E uma coisa que em Roma dava nos nervos era turista e italiano tentando dar uma de esperto em todos os eventos. Brasileiros então! eles iam aos montes cortando as filas.
Enquanto visitamos a praça da Basílica de São Pedro, vimos que havia uma fila muuuuuito, mas muuuito grande pra a visita. Pensamos em não ir, mas percebemos que a fila ia rápido. Fomos com Ângelo e ele foi dormindo no carrinho. Foram uns quinze minutos, vinte no máximo pra chegar dentro da Basílica. Nesse meio teve bandos de italianos turistas, alguns brasileiros e muitos estrangeiros tentando dar uma de esperto. Eles faziam aquela cara de "João Armless" sabe? e ploft! cortavam a frente de todo mundo.
Eu? Eu percebi que agora que sou fluente no meu inglesinho eu briguei horrores com o povão mal educado. Na fila da Basílica umas italianas apontaram um grupo de turistas (com a folgada da guia) furando milhares de pessoas e entrando na frente.
Para entrar nos ônibus, o mesmo! Que nada de respeito! Só socando o cotovelão na frente dos outros.
- Olha, disse ela em italiano. Tá todo mundo entrando lá na frente. Não vamos esperar não! Vamos lá também!
E eu, em inglês, nem dando bola se ela tava entendendo ou não.
- Olha bem, eu tô esperando. As pessoas aqui na minha frente estão todas esperando a vez delas. Você TEM que esperar também. Aquelas lá que cortaram fila são só pessoas mal educadas. Nada mais.
Acho que ela entendeu bem o recado. Me olhou com olhão arregalado e ficou quietinha. Enquanto isso um casal de brasileiros passou a perna no pessoal da frente e foi indo olhando pro céu, manja?
Para entrar nos ônibus, o mesmo! Que nada de respeito! Só socando o cotovelão na frente dos outros.
Umas quatro orientais que pareciam viver em Roma foram enfiando o carrinho delas na frente do meu na hora de subir no ônibus. Virei e falei:
- Você não tá vendo que eu tô na sua frente!
E a amiga:
- Calma! é só um carrinho!
Pra mim má educação tem a ver com falta de senso social. E, embora eu saiba que há milhares de pessoas super respeitosas no Brasil, por exemplo, eu sei que a maioria acha que não passar a perna no outro é ser tonto. Bobão. Na Itália não parece ser diferente. Não ser ético e correto é significa ser passado pra trás... então!? Passo-lhe a perna primeiro!
Se isso já me deixava louca na época da Unicamp que eu via centenas de alunos (que deveriam ser educados, mas não eram!) cortando a fila do bandeijão todo dia na minha frente eu agora fico louca e meia, depois de estar dois anos num lugar onde o respeito é fundamental. E o que a gente vê é que respeito se aprende em "casa". Na terra natal da gente e se a terra não ensina, a família precisa. Aqui, nunca me furaram fila no caixa do mercado. Nunca furaram fila nos eventos e shows. Se eu cheguei primeiro, eu tenho preferência. Acabou.
Eu uma coisa que a gente percebe é que estrangeiro aqui acaba "entrando no esquema". Muitos não entram, mas a maioria entra. Então eu vejo que o exemplo é a melhor coisa. Onde a maioria age corretamente o resto vai atrás e assim vice-versa.
Se na Suécia tem gente que fura fila eles com certeza ainda não cortaram a minha frente! E se cortar! eu mando pra trás na fila e escrevo um post dizendo que tem. Mas por enquanto eu preciso admitir que não tem não.
Comentários
Esse post chama atenção para uma coisa que é muito, muito importante, afinal a educação é fundamental!
Toda vez que pego o ônibus para a faculdade observo várias pessoas que não cedem seus lugares para pessoas idosas, gestantes e deficientes físicos, é revoltante! Nas filas então, nem se fala! o pior é que muita gente já se acostumou com isso e nem liga!
Mas felizmente nem todas as pessoas pensam assim.Ufa!
Ai, ai.. sonho um dia morar num lugar onde a educação e o respeito sejam bem mais que palavras pouco praticadas...
Principalmente o fato de não ter baratas, porque se entram na minha frente, em qualquer lugar, brigo mesmo e viro uma gigante, porque se tem coisa que não gosto é gente mal educada e esperta... quanto as baratas... aiai
Muita linda a foto e é bom saber da cultura da Suécia, um lugar explêndido!!
beijos
Sabia que estou morando há 2 anos aqui em Niterói e meu medo era encontrar baratas? Lá em Petrópolis também não tem, por causa do frio, mas em compensação tem arainhas e também morro de medo.
Bom, o que vc falou é mais do que certo e demonstra a educação que teve, assim como eu, seu Renato, meu marido e muitas outras pessoas, quer no Brasil, na Suécia ou em Roma.
Mas, os 'ixpertos' estão em todos os lugares atualmente. Notei isso também nas filas intermináveis do Empire States que tivemos que enfrentar para chegar ao 86o.andar e lá uma gordérrima policial afro-descendente, gritar a todos os pulmões para os da fila, em inglês of course, que quem quisesse subir mais 6 andares ou esperava em mais uma fila enoooorme, ou subia de escadas.
Ali, então deu-se a confusão, mas eles, os americaines, são ótimos para colocar ordem na casa e rapidinho outra fila se formou sem fura-filas, tudo com um belo e grosso cordão vermelho que isolava e fazia a fila ficar direitinha, senão ia 'dar pau', como se diz aqui nesta republiqueta, todo mundo entrou direitinho na fila ou bicha como dizem nossos colonizadores.
Tenho um amigo Japonês legítimo e velho que esteve há 2 anos no Japão e reparou que lá, apesar de toda a educação nipônica, os jovens atuais são parecidos com os ocidentais e nem se levantam para velhos nos ônibus ou metrôs.
O que posso perceber neste nosso mundo atual é que a educação está 'rasa' e pessoas como nós se chocam ou teem que engolir certas coisas.
Mas, ainda sou como você, porque na minha frente esse tipo de gente não entra, não se cria e aí eu 'parlo molto'. Sangue italiano não é mole!
bjs cariocas
Na cidade onde moro atualmente, tem um festival de teatro todo ano, e a fila é sempre enoorme p conseguir os ingressos. Ano passado eu e minha amiga tivemos q discutir com um grupinho q entrou na maior cara de pau na fila. Isto porq já estávamos mais de 3 horas, e as belezuras querendo dar uma de espertos...
Nisso tudo o maior problema foi q este grupinho Não queria sair da fila!! Acharam um absurdo o barraco q fizemos, e p piorar outros q estavam na fila estavam fingindo q nada estava acontecendo, como se eu e minha amiga q estivessemos exagerando, tipo " ai gente não precisa de tanto!".... isso é o q mais me irrita aqui!
Vc fica como a chata, e a injustiça fica como a maneira de ser "de boa" !
Vixi,,, está tudo invertido!!!
Abraços e sorte tua não ter isso na Suécia!
Voce faz faculdade do que? eu sempre penso que como e que pode alguem que tem o privilegio de estar na universidade, num pais como o nosso, e ainda nao tem nenhuma consciencia coletiva como esse pessoal ai!
Eu nao sei dizer se o pessoal aqui respeita os lugares nos onibus porque uso pouco, mas tem o seguinte: o cara que chega e ve que alguem ta no lugar dele, de reservado, vai tirando o outro tambem. Isso eu ja vi...
Eu nao aguento quem senta no lugar do velho, da gestante e acha que e folga do outro que quer usar seu espaço! demais nao!
sabe que seu comentario ficou engracado... parece que se as baratas entrarem na sua frente voce vira uma fera... mas acho que voce queria dizer as pessoas. Se bem que acho que voce vira fera diante de qualquer um dos dois nao e?
ou voce e daquelas que sobe em cima da mesa se ve uma nojentinha pelo chao? rs..
e isso mesmo! e onde tem muita gente e dificil demais dar conta de organiacao! ainda quero ter essa experiencia dos States pra contar como voce!
mas sabe que aqui nao ha muito desse negocio de reservado, preferencial nao... eu vou fazer outro post disso depois. Tem assento preferencial no onibus e transportes em geral, mais nada... e geralmente eu vejo o pessoal respeitando, embora eu saiba mais dos trens do que do resto...
Eu to tentando ensinar educacao pro angelo desde ja... hoje no onibus ele queria ficar sozinho no banco e eu expliquei que tinha mais gente pra sentar e ele tinha que ficar no meu colo... ontem ele pegou uma casca de banana que comeu no parquinho e disse: mamae, lisso... e foi la por... haha...
ao menasss to fazendo minha parte! rs
eu sou boca dura também e falo o que me vem na cabeca em situacoes assim! dai sempre tem um me olhando com cara de que eu sou a escandalosa...
exatamente como voce disse: quando da barraco eles nos olham como se nao fosse pra tanto!
sabe uma coisa que eu vi aqui e achei legal... no melodiefestivalen teve cantora que cantou com uns decotes meio demais para o horario e milhares de pessoas ligaram no mesmo dia pra reclamar porque tinha crianca assistindo... aqui nao e que o pessoal reclaaaama pra caramba, mas eles nao acham que exigir o justo seja ser idiota... ou exagerado...
prazer em conhece-la!
E quando a gente tenta os amigosa mudar essa atitude, eles tentam nos convencer de que estão certos. Não falo só na questão da fila, mas em outras de "tirar vantagem" também.
Sônia, queria saber o que você não gosta da Suécia. Nos blogs que leio em geral, mesmo que não gosta só tem uma reclamação que é entre suecos e imigrantes. Claro que tem outros problemas, mas não consigo descobrir.
Beijos.
Moro em Londrina-PR, mas sou de São Paulo, tô terminando Sociais aqui.
Leio bastante teu blog, acho q vim através do da Denise.
Legal ver outro país pelos olhos de alguém!
Conheci muitos suecos quando morei em Madrid!
Prazer é o meu!
Abraços
eu nao innntindi o que voce quis dizer com "mesmo que não gosta só tem uma reclamação que é entre suecos e imigrantes."
eu respondi mais no post ali de cima...
beijocas
Nossa... eu tinha tantos alunos no cursinho que incentivei pra irem pra Londrina...
alias temos um primo ai... o Victor... ele era de Santo Andre e ta fazendo veterinaria... mas deve ser outro predio..
poxa entao eu e vc somos da mesma area mulhé! quase!
Sobre a educação das pessoas: esta minha filha, esteve no final do ano passado na Europa. Já grávida de quase 6 meses, barrigão de gêmeos, era empurrada, acotovelada, na maior sem-cerimônia, tanto em Roma quanto em Paris.E, na maioria das vezes, por homens, viu? Não mulheres. Estas, parece que respeitavam mais. Educação (ou a falta dela) "contempla" qualquer pessoa, em qualquer lugar do planeta. Por isso ela tem que vir é de berço, mesmo!
Essa història de fila é incrìvel mesmo...o Erik ficava puto mesmo quando via alguém furando a fila do almoço na universidade, e sempre soltava um "na Suècia isso nunca aconteceria!". Até que o portugues dele melhorou e ninguém mais cortava a nossa frente sem ouvir que nosso temmpo era tao precioso quanto o deles.
E é sim questao de educaçao, e que vem de casa. Esse jeitinho brasileiro estraga e muito a ordem e a sensaçao de justiça no Brasil, porque vai desde cortar a fila no transito até questoes mais sérias e que envolvem um nùmero muito maior de pessoas.
Eu e o Erik concordamos no ponto de que na Suècia as coisas funcionam, nao existe toda a malandreagem daqui nao. Parece que o povo de là entende que se alguém tiver vantagem, é porque alguém està sendo pisado. Saudade dessa terrinha...
Adoro teu blog, mas ultimamente está difícil para mim ter um tempinho para acessar, afinal é epoca de imposto de renda.....
Pensei que fosse problema do Emisfério Sul a falta de educação, mas vejo que é um problema mundial, e sinceramente deixa a gente um pouco desanimada, afinal acabamos lutando contra a maré.
Mas mesmo que fosse a única no mundo não deixaria de lado minha maneira de ser, hehehe
Teu blog continua lindo assim como Angelo, cada dia mais fofo.
Beijos
Eveline
Muito bom este post. Tenho 3 comentários a fazer:
1. Baratas: realmente, nunca vi. Ufa! Agora, aranhas... passa em casa quando comecar a esquentar pra valer. Já comecei a ver uma ou outra tentando tomar conta das minhas janelas, mas ainda nada grave. Mas posso garantir que no verão, elas e suas teias dominam... dá a sensacão (pra mim pelo menos) q não limpo a casa há meeeeses! Tudo bem que não são das grandes e cabeludas, mas elas estão por aqui sim. Que ódio! (rs)
2. Fura-fila: é, confesso q este não é um comportamento sueco. Talvez o fato deles colocarem aqueles "tickets" com números, ajude bem. Vc tira seu ticket e espera pacientemente seu numerinho pipocar no display. Quantas vezes eu fiquei no balcão, sorridente, esperando minha vez... e nunca q chegava. Depois de alguns minutos, me dei conta q tinha o tal esquema do tkt. Na loja de queijos, Ikea, eletro eletrônico, banco, etc.
3. Senso social: Já morei em 3 casas aqui na Suécia e posso dizer q (pela minha experiência) sueco não tem senso de coletividade quando se trata de lavanderia comunitária. Inúmeras foram as vezes q cheguei com minha roupa na lavanderia e as máquinas (de lavar e secar) estavam abarrotadas de roupas! Daí, sobrou pra mim tirar as calcinhas e cuecas do vizinho (sabe-se lá quem) pra eu poder usar as máquinas.
É, como vc mesma disse, a Suécia tá longe de ser um paraíso... mas tem mta coisa boa sim. :-)
Beijos
Xu