Pular para o conteúdo principal

O Super herói Senhor Lixeiro!

(Sopbil, Caminhão de lixo da Scania, igualzinho ao que roda aqui na nossa rua...)


Todo mundo sabe da fascinação dos meninos por automóveis, caminhões, tratores, aviões, trens etc. A do Ângelo começou há pouco e ele passa o dia olhando seus livros que tenham fotos desses "bichos" todos, fica pra lá e pra cá com as máquinas todas "bruuummm", quer ir passear no "bus" e "sitta bus, mamãe" todo dia. Embora continue brincando de outras coisas, além de carros e máquinas possantes, a verdade é que ele parece ter visto um extra terrestre toda vez que encontra um trator no meio da rua, por exemplo.

Eu não sei exatamente o que ele pensa sobre tudo isso, mas sei que foi só há alguns dias que ele percebeu que havia homens dirigindo, pilotando as tais máquinas, quando mostrei no livro dele.

E não poderia haver nada mais excitante, imagine! do que encontrar um desses indivíduos estranhos, cheios de mistério, personagens dos seus livros e fantasias, na rua, ao vivo e a cores!

Meio entediado por conta de uma virose ele pediu para ir "passiá". Saímos pra caminhar na quadra perto de casa, tomar um sol e ar fresco, ver o céu azulado quando, então, fomos surpreendidos por ummm... caminhão! O caminhão do "ixo, mamãe!".  "Caminhão, ixo!" "Caminhão, ixo!". Repetia ele, correndo na calçada para ver mais de perto.

O caminhão parou. "Parô!". E por surpresa do menino a porta dele se abriu. "Mamãe, homi!" "Homi, mamãe". Sim! Ele mesmo! O Sr. todo cheio de poderes mágicos, o Super Herói Sr. Lixeiro, em pessoa, veio dirigindo aquele caminhão.


(O  herói anônimo que não era o do Ângelo, mas bem que poderia ser)

Ele desceu, discreto e concentrado, muito sueco (embora eu não saiba sua nacionalidade) sem olhar para o menino que o fixava de olhos esbugalhados. Abriu o portão de um dos prédios daqui de volta e trouxe de lá um latão enorme verde, de lixo reciclável. Engatou o latão plástico e... ! "Uau!", fez funcionar toda a engenhoca do caminhão. A máquina toda funcionando, amassando o papel, aquele barulho poderoso. Aquelas coisas de ferro rodando e rodando. Demais! Mas o Super Herói, como quase todos eles, tímido e calado e continuava a executar seu trabalho sem olhar para o menino que estava totalmente fascinado. 

Quando terminou, o Super Lixeiro entrou novamente no caminhã. Não olhou para trás, não pestanejou e não deu autógrafo. Como quem precisava fatidicamente cumprir seu dever ele se foi... "Mamãe, imbora!" "Caminhão fô imbora!". 

"Parô, mamãe!" "Parô!". Sim, o Super Herói Lixeiro que, na verdade, não pára nunca, parou no prédio seguinte, há cem metros e começou a repetir o mesmo processo de antes.

Completamente alucinado, o menino o seguiu, ficou a olhar tudo de novo. De olhos arregalados e a respiração quase contida. E foi assim mais uma, mais duas vezes. Quando finalmente ele chegou no prédio do menino, esse já estava cansado demais para continuar na observação. Então, ele voltou-se para casa e disse cheio de alegria:

"Tchau, caminhão!, tchau homi!". 

O Super Herói anônimo que ama (ou odeia) o que faz diariamente não deve imaginar o quanto cheio de significado seu aparecimento teve naquele dia para a criaturinha chamada Ângelo. Mas os Super Heróis são assim e é por isso que sua aparição é sempre tão inesquecível!


Comentários

Beth/Lilás disse…
Que coisa linda este post, Borboletinha!
Li aqui pro meu maridex que achou õtimo também e lembrou de nosso filhote quando era pequeno como o Angelo e adorava carrinhos. Dei todos os brinquedos dele, mas guardei os carrinhos pequeninos para quando ele tiver seus filhos.
Quanto ao gosto dos meninos por carros, levam até a velhice, pois o marido aqui em DC fica até 'zarolho' de tanto que olha para os carros maravilhosos e imensos que passam nas ruas dessa incrível cidade.
beijinhos para vocês
Anônimo disse…
Hej! Adorei esse post!!!XD
Lembrei dos meus irmãos! quando eles tinham uns cinco anos (eles são gêmeos ho,ho), eles sentavam no cantinho da porta de casa e ficavam olhando os tratores da prefeitura passarem na rua, cada um com seu dedinho na boca, até hoje não esqueço os comentário de cada um a respeito de uma ou outra máquina em particular!tipo: "uau!", "Léo, olha aquele!", "que gandão"...
Muito fofo!!!

hej då och kyssar!
Lúcia Soares disse…
Como uma coisa tão trivial pra nós pode ter uma dimensão dessas pra uma criança, né? Lembrei-me do meu filho, quando pequenininho. Viu o entregador de gás tirar um maço de notas do bolso, pra dar o troco e disse que já sabia o que queria ser quando crescesse...Ahahahah Depois, numa outra vez, viu um trocador de ônibus com aquelas notas todas na mão e disse a mesma coisa...Não é um mundo novo que se abre pra gente, quando se tem filhos? E quando a gente pode descrever, marcar o momento, é melhor ainda!
Somnia Carvalho disse…
Lilas,

a unica diferenca de quando eles crescem e que os carrinhos ficam um pouquinho so mais caros nao e?
Somnia Carvalho disse…
oi Tina!

que legal voce tem irmaos gemeos???

sua mae vai pro ceu diretao ne???

e verdade... eu nao entendo essa fascinacao. Acho que o universo da menina e tao diferente que fica dificil compreender, mas que acho lindo eu acho!!!
Somnia Carvalho disse…
Lucinha fofa,

verdade!!! essa identificacao e tao linda!

sabe que minha sobrinha era assim: ela dizia que quando crescesse e tivesse 7 anos! queria ir morar em São Paulo.. queria morar num apartamento e ser professora..

haha... tudo que eu era... e os seus meninos viam nos moços algo que eles admiravam tambem! e lindo isso!

mas me diz: o que eles acabaram fazendo na vida? fiquei curiosa!!!
Lúcia Soares disse…
Oi, Sônia. Responder post "antigo" é fria...Nem sei se vc vai ler...Tenho 1 filho só. Ele é que fêz as consideraçãoes, mas foi porque viu o "bolo" de dinheiro nas mãos do entregador de gás e depois na do trocador do ônibus. O negócio eram as notas, minha filha! Dindim, aos montes..Rsrsrsr Ele hoje tem 28 anos e é economista. (Tenho, além dele, 2 filhas).

Postagens mais visitadas deste blog

Azulejos em carne viva? O que você vê na obra de Adriana Varejão?

( "Azulejaria verde em carne viva" , Adriana Varejão, 2000) Gente querida, Domingão a noite e tô no pique para começar a semana! Meu grande mural preto, pintado na parede do escritório e onde escrevo com giz as tarefas semanais, já está limpinho, com a maior parte "ticada" e apagada. Estou anotando aqui o que preciso e gostaria de fazer até o fim desta semana e, entre elas, está finalizar a nossa apreciação da obra de Adriana Varejão , iniciada há dias atrás. Como podem ver eu não consegui cumprir o prazo que me dei para divulgação do post final, mas abri mão de me culpar e vou aproveitar para pensar mais na obra com vocês. Aproveito para convidar quem mora em São Paulo a visitar a exposição da artista, em cartaz no   MAM , Museu de Arte Moderna, no Parque Ibirapuera, com entrada gratuita e aberta ao público até 16 de dezembro deste ano. ("Parede com incisões a La Fontana", Adriana Varejão, 2011) Para "apimentar" a dis...

O que você vê nesta obra? "Língua com padrão suntuoso", de Adriana Varejão

("Língua com padrão suntuoso", Adriana Varejão, óleo sobre tela e alumínio, 200 x 170 x 57cm) Antes de começar este post só quero lhe pedir que não faça as buscas nos links apresentados, sobre a artista e sua obra, antes de concluir esta leitura e observar atentamente a obra. Combinado? ... Consegui, hoje, uma manhã cultural só para mim e fui visitar a 30a. Bienal de Arte de São Paulo , que estará aberta ao público até 09 de dezembro e tem entrada gratuita. Já preparei um post para falar sobre minhas impressões sobre a Bienal que, aos meus olhos, é "Poesia do cotidiano" e o publicarei na próxima semana. De quebra, passei pelo MAM (Museu de Arte Moderna), o qual fica ao lado do prédio da Bienal e da OCA (projetados por Oscar Niemeyer), passeio que apenas pela arquitetura já vale demais a pena - e tive mais uma daquelas experiências dificilmente explicáveis. Há algum tempo eu esperava para ver uma obra de Adriana Varejão ao vivo e nem imaginava que ...

Na Suécia também não tem... bebê com brinco na orelha

("Não tem brincos: é menino ou menina?", criança sueca posa para grife Polarn O. Pyret ) Nove em cada dez vezes que alguém no Brasil tenta ser simpático com uma grávida ou alguém com um bebê de colo a pergunta é sobre o gênero da criança. Menino ou menina? Já repararam? Embora essa pareça ser a única pergunta possível para tanta gente, a verdade é que ela diz muito sobre nosso modo de ser e pensar e a importância que damos ao sexo e a escolha sexual de uma pessoa. Tomemos outra situação: quando alguém olha para um bebê menino nas ruas no Brasil você acredita que haja alguma expectativa quanto a algum sinal, uma marca, deixando claro e evidente se tratar de um menino? E quando encontra uma menina? Bom, fato é que nossa menina Marina agora tem 8 meses e eu simplesmente não tenho condições de contar as dezenas de vezes em que fui parada nas ruas em São Paulo por alguém perguntando se tratar de uma menina ou de um menino.  Até aí nenhum problema! Bebês no começo não ...