(Kenth, o Papai Noel metade sueco, metade brasileiro, assustador de criancinhas, nossa festa de Natal em casa, Malmö, dezembro de 2009)
Sexta-feira passada, enquanto o Renato celebrava com o pessoal do trabalho o fim do ano, eu recebi em casa dois casais de amigos. Um francês, Jocelyn, namorado da sueca Maria e os dois já conhecidos Gus e Xu. Além de nós, o cheio de cachos, Ângelo.
Me dei conta então que aquele era mais um dos muitos encontros que já tivemos esse mês de dezembro por conta do Natal. Não se trata apenas do nosso famoso amigo secreto. Aliás não é nem comum a brincadeira nessas reuniões.
Comum mesmo é tomar uma bebida típica deliciosa e quentinha, o glögg, que vende mais que água e que parece dar um certo trabalho para se preparar. Disse minha amiga Paulina, uma sueca que nos preparou outras dessas reuniões pré natalinas no domingo, acompanhada de um glögg que ela havia preparado ano passado com sua irmã. A receita que leva de batata e pimenta à canela, passas e vodka é o que não pode faltar em qualquer celebração que antecipe o Natal por aqui.
Normalmente, toma-se a bebida como aperitivo e só aí começa-se a comer toda a mesa de frios, peixes crus em conserva ou batatas, salsichas e almôndegas.
(Nina, a sueca derretida e de voz maravilhosa, cantando uma canção típica de Natal para a gente, nossa festa de Natal em casa, Malmö, dezembro de 2009)
Aliás, ingredientes parecidos como canela, cravo, pimenta é o que também vai numa bolachinha típica tradicional dessa época, a pepparkakor (receita aqui) que também acrescenta gengibre. É tradição que as famílias ensinem as crianças a fazerem suas peppakakor, assim como o pãozinho de Santa Lucia, as almôndegas e outras comidinhas do Natal. Leia um pouco mais com a Denise, que também viveu por aqui e presenciou as mesmas festanças e comilanças e também nesse site bem bacana.
(Ângelo em meio a molecadinha da escolinha. Com frio nas mãos não há brasileirinho que cante a música da Santa Luzia direito!, Malmö, dezembro de 2009)
O clima dessas celebrações é simplesmente delicioso. E há as cantorias, como a da Santa Luzia (que em sueco escreve-se Lucia, e lê-se Lucíía), nas quais a criançada se veste de Luzia, anjos, Papai Noel ou de Pepparkakor, que tem inspiração em histórias infantis.
Na escolinha do Ângelo os pais foram convidados, há duas semanas, a uma tarde com comilança e preparação de cartões de Natal. Eu, Ângelo e todos seus amigos e pais deles usamos purpurina, canetinhas, adesivos de Natal e preparamos os cartões que agora estão na nossa árvore de Natal em casa.
Sexta passada foi o dia da cantoria de Natal e o brasileirinho Ângelo que "se apresentou" em cima do sofá para mim, me pedindo para dizer "Bravo!", sucumbiu ao frio e ficou de muito mau humor no páteo da escola. Não era para menos! Três graus e na correria as "tias" suequíssimas não conseguiram pôr as luvas da molecada a tempo.
O Natal é por aqui, como em muitos outros países da Europa, a celebração da família. E mesmo a família do menino Jesus, sua mãe Maria e seu pai José foram tema de uma festa com almoço que nós três fomos com nossos amigos alemães (Nikol, de barriga de 5 meses, Nik e Iven) num restaurante, com cara de casa de fazenda, que celebra o Natal de forma típica há 39 anos. Se quiser conferir, tem um vídeo do Renato nesse link.
Com uns cantores velhinhos linnndos, tocando sanfona e flauta, a gente dançou, cantou, bateu palmas, comeu e se sentiu total num clima de Natal Escandinavo. Em meio às festas, presentes, danças e cantorias, a Mamãe Noel, mulher do Papai Noel (Tönten, que se diz "Tommtem", em sueco e cujo nome foi motivo de piada do Renato, claro! já que Tönten lembra...) disse o seguinte:
- Estava todo mundo esperando a chegada do Tönten, mas não é sobre o Tönten que o Natal trata. É sobre Jesus, um menino que nasceu...
(Os dois velhinhos suecos simpáticos que me pediram para escolher uma música e não pararam de falar do Brasil comigo depois, Eslöv, dezembro de 2009)
A Suécia não é um pais religioso. A maior parte de sua população ou é atéia ou se afirma protestante. As igrejas ainda mantém a mesma decoração da época católica, antes da Reforma, mas o suecos adoram manter as celebrações típicas que relembram alguma história do Cristianismo. Todos eles adoram dizer que os suecos típicos vão três vezes à Igreja: quando são batizados, quando se casam e quando morrem, já que quase 90% dos velórios são feitos nas Igrejas.
É verdade que pouca gente é frequentadora de missas e celebrações, mas nessa época, como no Brasil, é comum alguns irem buscar algumas energias e alegrias para o ano que virá. O que me pareceu é que se eles não ligam muito para seguir as normas religiosas eles adoram aproveitar as festas todas e os feriados que a Igreja um dia instituiu.
(Papai Noel sueco é prático, jovem e sem frufru: o Tönten de óculos que cantava e fazia teatro do restaurante, Eslöv, dezembro de 2009)
(Presentes típico para as crianças: o calendário de dezembro em que cada portinha do dia abre um chocolatinho, Eslöv, dezembro de 2009)
Eu agora entendi porque minha amiga Lilás disse num comentário que ainda nem começou a pensar no Natal. Eu celebrarei o Natal no Brasil com minha família e a família do Re no nosso apê no Brasil. Estar com eles é o mais importante pra gente. E me lembro que celebrar na Igreja, quando eu era carola moderninha, era algo sempre renovador também, incluindo o tempo todo do Advento que eu adorava.
Advento significa para os cristãos o tempo de preparação espiritual para o Natal e aqui significa mais ou menos o mesmo, mas com uma prática um tanto diferente. A alegria da Noite do Natal se espalha pelo dezembro inteiro, inclusive porque oficialmente o Natal na Escandinávia começou sábado, dia 13 de dezembro e vai até a Noite do dia 25.
A dica de Madame Sônia é que você tente começar a comemoração do Natal antes. Pegue as receitinhas dadas neste post, convide uns amigos chegados, cante, dance e beba à moda sueca. O Natal fica muito mais divertido que sendo em um dia só e todo o trabalho de correr para lojas em busca de presentes, enfeitar casa e se preparar para a festa acaba rendendo mais alegria do que o que normante rende! Embora, claro, possa render umas gramas a mais também!
Comentários
Minha sogrinha costuma dizer que no Natal as igrejas tb enchem! hehehe Acho q é so para ver o coral. heheh
Escrevi tb um "postezinho" sobre Lucia em 2007 contando a historinha da moça! E um no domingo sobre o glögg ehhehe estamos em sintonia em brobuleta?! ;)
xeroca
beijos
Só isso vale a data.
Bj e benvinda ao Brasil!
Aproveita muito suas férias na terrinha. E imagino que você adentre a terrinha via Sumpaulo, mas a música é simbólica, tá?
beijo e boas festas!
Este Blogger é muito safado, vive comendo minhas amigas, quer dizer, some com os blogs que indico e hoje mesmo pela manhã, andei colocando o seu e de outras que sumiram. Botei novamnte, vamos ver o que eles fazem agora.
Adorei tudo! Mas, ver o Angelinho com as mãozinhas congelando não foi muito legal, fiquei até aflita pensando no incomôdo do pobrezinho.
E o Papil Noel todo de vermelho e magrelo, faça-me o favor heim!
Pow, os nossos tupiniquins são até bem rechonchudos, mas esse daí, sei não! hehe
Sabe que você tá ficando com cara de gringa!? hahahha Quero só ver quando chegar aqui, branquinha e loirinha desse jeito, vão te estranhar!
Tua casa e a energia de todos nela estavam mesmo muito bacana. Parabéns, grande anfitriã que correu muito para deixar tudo assim bonito e fez até a árvore, caramba! Gostei de ver! Trabalhou mesmo, menina!
beijos grandes cariocas
Ah, só uma obs. sobre a Lucia... a pronúncia do Lucííía vem do Italiano... tipo, "Lutchia" (rsrsrsrsrs). A tal santa vem da Sicilia. Olha só, Xu também é cultura.
Bjos e uma ótima viagem pra vcs
... já to com saudade :-(