Minha prova e meu desempenho:
Acabo de chegar da primeira fase daquele teste de inglês danado do qual falei e tô até que feliz. Não fui suuuper bem, mas parece que foi de bom tamanho. Ouvir as entrevistas é sempre a parte mais difícil para mim, mas a compreensão de texto e a escrita estavam tranquilas.
A prova é longa e exigente. Fiquei no clima de vestibular e me lembrei das sugestões que dava aos alunos: respirar fundo primeiro, ler com calma, grifar idéias centrais, prestar atenção nas perguntas, responder e rever no final depois de uma água. Só me esqueci de levar água e do meu remédio para o nariz. Com esse tempo eu vivo com nariz entupido e isso dá uma dor de cabeça que só.
A dissertação, na verdade, estava baba! Pra quem adora escrever, dissertar é sempre um prazer!
Imaginem que um dos temas que eu poderia escolher era exatamente quais as vantagens e desvantagens da internet a partir de minha experiência pessoal. Hahá! Falei de vocês, falei do blog, falei do lado bom dessa relação e do poder que a genta acaba tendo ao ter um blog. Falei da troca e do que imagino que a internet ainda vá interferir positivamente no meu trabalho e no trabalho das pessoas. Falei muito e sobre muita coisa. Bom, quando vi tinha escrito mais do que o limite que era no mínimo 200 e no máximo 600 palavras. Meu problema como vocês já sabem é falar, quer dizer escrever demais, daí que quando vi tinha escrito 680 palavras... ojojoj... Tive que apagar um bom tanto e refazer o final.
Um desafio foi não grafar incorretamente as palavras, já que muitas se parecem com o sueco e eu agora ando pensando nas duas línguas, quando me forço a não pensar em português.
Obrigada pela torcida, segunda-feira tem as provas orais com discussão do livro que li e de outros textos que deram para a gente ler antes.
Para quem quer alguma dica eu acho que ajuda bastante dar uma olhada e fazer exercícios com provas antigas. Neste site aqui, da Universidade de Gotemburgo, você pode achar as provas completas, ouvir os textos como são dados no dia e ver até amostras de textos que foram aprovados.
Eu agora preciso é confirmar algo que me deixou na maior dúvida hoje. Esse exame é feito em nível nacional aqui. O que a orientadora lá do Komvux me disse era que substituiria o TOEFL pra mim, mas quando li "exame nacional" eu fiquei pensando se isso só me valerá aqui ou se eu receberei algum tipo de avaliação que serve para qualquer outro canto. Vou ver e respondo pra quem quiser saber.
Sobre o ensino de inglês na Suécia:
Um "detalhezinho" incrível é que o que os alunos saídos do segundo grau precisam provar um nível de inglês extremamente exigente, sobretudo se eu comparar com o inglês que a gente consegue no Brasil até o segundo grau.
Eu sempre digo que aqui todo mundo, em qualquer função (gerentes, professores, vendedores, caixas, cozinheiros, faxineiros, mecânicos etc) fala inglês e fala muito bem. Nem mesmo com o que eu conseguia ler após meu doutorado eu conseguiria ter feito a prova não fosse o fato de ter praticado aqui esses dois anos todos os dias. Precisei muito para equivaler o nível deles e ainda assim tem jovenzinho na rua ou caixa do MC Donalds que fala muito melhor que eu e não comete erro gramatical como cometo.
A diferença entre eles e nós é que os jovens suecos, além de precisarem falar outra língua porque o sueco só é falado aqui, têm oportunidade de viajar desde cedo, muito mais que nós. É comum um jovem terminar o ginásio e não entrar direto na universidade. Primeiro, ele faz sua viagem por algum canto do mundo para só daí voltar e estudar mais. Ou seja, o inglês dele já dá de verdade para quando acabaa o colégio. Isso faz toda diferença. Assim, os planos deles quando terminam a universidade também são mais amplos.
Aprender bem o inglês tem realmente importância?
Enquanto eu lia e ouvia um dos textos de um livro de gramática da biografia exigida (Progress Gold A) eu tive uns momentos de puro prazer... Ainda que eu tenha lido muito texto em inglês da graduação até o doutorado eu agora finalmente, graças a Dios, leio fluentemente. Não me dói, não pesa, não demora ler. Eu consigo apreciar a leitura, consigo ter prazer e então eu tive uma sensação muito forte do quanto o mundo da gente se amplia com o conhecimento fluente de outra língua.
O sueco também tem aberto um outro mundo... Me comunico com gente de quase todos os lugares do planeta na escola daqui em sueco, com gente que não sabe falar inglês, mas abriu uma portinha para si mesmo falando sueco. São iraquianas, iranianas, paquistanesas, polonesas, búlgaras, latino-americanas, japonesas, chinesas e tantas mais que estudam aqui comigo diariamente. A maior parte (uns 80% das minhas colegas são mulheres) não sabe nada do inglês, mas a gente pode se conhecer e ver quão rico pode ser o mundo do outro, afora a língua e o preconceito que nos barra já sem tentar nada.
Eu sei que isso de poder se comunicar com gente que vive uma cultura totalmente diferente da sua pode soar básico demais, mas no fundo não é não.
Mesmo meus amigos todos que se formaram na Unicamp, uma das melhores Universidades do país, e também na USP, onde fiz meu doutorado, têm bastante dificuldade para manter uma conversa em inglês. A triste realidade é que muitos deles (com eu antes de vir pra cá) não falam fluentemente nenhuma outra língua que não o português. Eles lêem bem, inglês, francês, alemão, mas a fluência na fala não existe. Lembro da gente, eu e muitas amigas, pulando miudinho para trocar idéia com o pessoal que vinha fazer intercâmbio e também para entender o marido inglês de nossa amiga Lujan.
Falar inglês fluente é algo que nós jovens estudantes brasileiros temos muita dificuldade também porque o ensino da língua (inglesa ou não) é uma matéria "matada" pelos professores e pelos alunos.
A gente faz para passar e os professores dão porque precisam dar. Nenhum professor nas minhas escolas NUN-CA me trataram como alguém que um dia pudesse mesmo usar o inglês na vida para trabalhar ou pudesse viajar. A gente parece que é criado para ser bairrista.
Eu até entendo uma certa aversão ideológica ao inglês. Eu mesma tentei aprender francês e alemão primeiro e tinha uma amiga, Janete, que fazia Esperanto, uma língua que não é falada em lugar nenhum, mas foi criada para ser uma língua Universal.
O ensino de inglês no Brasil:
Lembro de passar o primeiro e o segundo graus inteiro sem sair do "I am, you are...". O inglês da nossa escola pública é de uma pobreza incrível e o de muitíssimas escolas particulares ou cursos privados fingem que estão ensinando a alunos que fingem que estão aprendendo. Poucas têm o mérito de ter seus alunos capazes de manter uma conversa decente com alguém que venha de outro país.
Paguei cursos em pelo menos três diferentes e conhecidas escolas de inglês no Brasil e não me lembro de ver um texto próximo dos que li esses dias aqui, reunidos no material dos alunos de primeiro grau da Suécia.
Entre as exigências que se faz para um aluno que termina o segundo grau aqui é que ele seja capaz de se expressar em norma culta no inglês, consiga entender uma conversa, dar palpites, escrever uma texto coeso e claro na língua e ser capaz de entender textos razoavelmente complexos. A idéia é que o aluno esteja preparado para trabalhar usando o inglês e acompanhar a leitura de toda uma bibliografia que virá na universidade. Ele pode até não ir tão bem na prova e passar, não precisa acertar tudo, mas ele vai ter mais problema depois, porque terá uma multidão falante do inglês perto de si e ele não.
Ainda assim eu desejaria ter sabido disso antes. Desejaria não ter tido tanto medo quando cheguei aqui de abrir minha boca e não saber responder o que a pessoa me dissesse. Acho que a primeira coisa que falta no ensino de inglês no Brasil é a gente mesmo entender que as escolas nos oferecem muito, mas muito pouco do que precisamos para encarar um mundo que não seja nossa terra.
O Brasil é grande sim, mas ainda que seja para trabalhar e viver aí para quem tem um bom inglês, eu digo bom de verdade, o mundo certamente é muito mais aberto e cheio de oportunidades.
...
update: o texto havia passado com muitos erros e fiz a correção. Inclui uma ou outra frase, sem muita mudança, mas sorry pela bagunça de antes...
Comentários
Fico feliz que tenha feito uma boa prova!! Continuo torcendo por vc!!
beijão e bom fim de semana!
Mulher...entendo perfeitamente o que você quer dizer. Há cerca de un ano e meio eu comecei a estudar espanhol (by myself mesmo- já que nas escolas está tão caro)e como sou cara-de-pau já fui logo tentando escrever na língua. Antes, eu havia aprendido o inglês básico das escolas públicas e um pouco de italiano (bt myself parte 1, na verdade).Sempre gostei de idiomas, e comecei comprando um livro para aprender italiano (sou bisneta e eu só sabia falar os palavrões no idioma - aprendido com meu avô quando este ficava irritado, hehehehe). Bom, depois -já no mestrado - eu fui pro Paraguai e me apaixonei por um...eh, deixa pra lá...pela língua (rs). e este ano eu comecei a me envolver com uma Fundação da Inglaterra e agora uso o meu inglês direto e reto. falo pelo skype, e sempre peço desculpas pelos meus erros (eu odiava inglês, mas o destino...ah, o destino... ele brinca comigo, hahaha). Essa semana fiquei feliz pq conversei no skype com uma mexicana e ela elogiou meu castellano, eba!
ou seja: aprender outros idiomas abriu muitas portas pra mim. Penso em fazer meu doutorado fora, graças a esses conhecimentos. embora o TOEFL e IELTS custem uma fortuna...absurdo isso. MAs existem universidades lá fora que não o exigem, em troca vc deve fazer uma prova já lá na universidade, e se vc não passar...perde tudo (a bolsa).
Agora retomei o italiano (influência clara do meu tio calabrês, hehehe)e, no futuro, taco um francês. Não há limites quando vc nota que pode se comunicar com o mundo. Ele, realmente, parece pequenino...
Lindo texto, Somnia, lindo!
Beijos
Fer
No meu caso, há algum tempo que também tenho tentado alargar os meus horizontes no que diz respeito ao inglês. No trabalho é importante, mas mesmo na minha vida pessoal (viagens, como mencionas) faz-me falta.
Aqui em Portugal o ensino de inglês na Escola também não é muito bom, aprendemos algumas coisas mas só com isso iremos sentir dificuldades.
O que tenho feito (mas ainda estou na fase de ser cansativo) é ler em inglês, vejo séries sem legendas, enfim vou treinando como posso.
Mas no que tenho MESMO dificuldade é em escrever. Cometo um erro básico: penso primeiro em português.
muito beijo
ele me lembrou que dia 29 desse mes tenho prova do vestibular para o curso que quero fazer.
não tem ingles na prova, não é essa minha preocupação, tenho certeza que passo até na prova.
o problema é que o curso é de rede de computadores e para ter um bom emprego na área, inclusive no brasil, é necessário ter ingles fluente e se possível espanhol... e eu tenho uma certa dificuldade na pronuncia do ingles...
o pior é que durante a faculdade será complicado aprender ingles, num sei o que farei a respeito disso... e como você disse, muitos cursos de ingles daqui do brasil só fingem que ensinam e que na hora que precisa usar de verdade acaba tendo dificuldade...
Eu não falo, não leio, não entendo...e sinto muito. Mas posso aprender ainda, uai! rsrsrs
E também só agora, que me sinto bem mais confortável para conversar em ingles que eu percebo o quanto o aprendizado de outra lingua nos abre os horizontes.
No supermercado o mesmo: se os caixas falavam comigo em sueco e viam que eu não entendiam mudavam automaticamente pro inglês. Eu fiquei MUITO impressionada com isso.
O meu inglês não era lá essas coisas então, e dai eu usava muito espanhol pra falar com as pessoas tipo os bebês nas ruas ou se me chocasse com alguém. E, olha, encontrei BASTANTE gente falando espanhol em Estocolmo. Gente loira, não imigrantes...hahaha...O pai do bebê me respondeu em um espanhol cheio de sotaque, mas respondeu e até bateu papinho....hahaha
Uma coisa que me deixa revoltada (pq sou professora de espanhol em escola pública) é essa coisa de fingir que ensinamos. Mas mais ou menos também. Porque os PCNS (parâmetros curriculares) dizem que as línguas estrangeiras a serem ensinadas em escolas são apenas instrumentais (leitura e escrita) e não conversação. Isso é muito frustrante pra qq professor de língua porque a gente sempre quer que o aluno aprenda a falar. Falar uma língua estrangeira é muito gostoso, né?
Mas daí, o fato de os PCNs dizerem que é instrumental e não conversação dá pé a todo tipo de coisa, como por exemplo, que nos dêem dois tempos de 50 minutos por semana. E com dois tempos por semana, em uma sala que tem de 25 a 42 alunos (como é o caso das minhas e da MAIORIA de escolas particulares por aí) é impossível aprender a falar língua estrangeira.
Repito, é extremamente frustrante para o professor e também para o aluno (era pra mim que estudei inglês a vida toda e só aprendi vendo séries).
Agora uma coisinha que me deixa ressentida é essa super valorização do inglês. Acho que, como vc bem destacou, falar uma língua estrangeira é importante e abre portas. E, como a aversão ao inglês é ideológica, também o é sua extrema valorização. Como se eu pudesse falar com o mundo todo usando inglês. Primeiro, isso não é verdade, segundo QUEM PRECISA falar com o mundo todo? Quantas vidas eu necessitaria pra falar com todos os falantes de inglês no mundo? hohohohoho
Com meu espanhol (que é bastante fluente, tudo bem) eu me virei SUPER bem na Europa (na França, na Italia, inclusive na Suécia) e me daria bem em todo o continente americano (inclusive nos EUA). Se eu falasse além de espanhol, francês, me viraria melhor ainda e em mais partes do mundo.
Minha resistência ao inglês é porque essa super valorização do inglês compreende a desvalorização de outros idiomas. E não tem né? Melhores e piores idiomas linguisticamente falando. É pura ideologia.
Sempre digo a meus alunos que aprender uma língua estrangeira SEJA ELA QUAL FOR é uma revelação e uma janela que se abre para o mundo.
Sempre tem alguém pra me criticar quando eu digo que quero aprender euskera, catalán, ou sueco. "Pra que?", me dizem. Ora, porque são culturas que me interessam e acho que esse é todo o ponto.
Eu ADOREI o texto e desculpa esse tratado aí ana sua caixa de comentários.
Beijão!
Primeiro o ensino de ingles aqui é estraordinàrio. Todos os jovens falam fluentemente, e a modéstia sueca faz com que a maioria nao renheça isso e tenha vergonha de falar.
Em parte acho que aprendem tao bem (além do bom sistema de ensino e professores competentes) porque eles precisam, por serem de um paìs tao pequeno e falaram uma lingua menor ainda. Entao a dependencia é um fator.
Outra diferença que percebo é o fato de as escolas serem niveladas aqui. No Brasil todos os anos vinha uma enxurrada de novos alunos pro meu colégio e tinhamos que começar de novo pelo verbo to be pra que todos pudessem acompanhar, jà que muitos nunca tiham estudado ingles na vida.
E claro, como tu disse, nenhum professor nunca nos tratou como alguém que precisaria de ingles mais do que o bàsico.
E jà esquecì metade do que queria falar, mas o fato é que estudei ingles por 6 anos no Brasil tanto na escola como em escolas de ingles e sò fui falar fluente quando morei por 1 anos nos EUA.
Na escola não sentia um pingo de "cobrança" para saber inglês. Agora na universidade, coitada de mim de novo. Alguns textos estão só em inglês, quem tem juízo tenta ler. E a prova de proficiência, que o resultado sai hoje até a meio noite, foi triste. Perguntar o que é um array é palhaçada, mas como tem professor doido que fala array durante a aula toda eu descobri. Aprendi inglês porque tive que aprender, não gostava muito da idéia. E agora mantenho porque tenho que manter.
Estudei em escolas públicas e particulares, e o ensino da língua estrangeira é um horror. Inglês eu não ligava muito porque fazia curso por fora, mas espanhol que era só na escola, não aprendi nada. Quem nos dera que no Brasil o ensino de línguas nas escolas fosse como na Suécia.