"Orange", Somnia Carvalho, 2010
(A tela atrás destas florzinhas foi feita sob encomenda para minha amiga polonesa Dorota, ao final da vernissagem)
Em junho do ano passado juntei todas as telas pintadas na época da Suécia em minha própria casa, convidei os amigos e fiz uma vernissagem, da qual falei aqui e também aqui.
Dei-me conta esses dias, quando separava as telas ainda não vendidas, que ainda não havia publicado as telas compradas naquele dia e nem terminado a história que havia começado com muitas flores dos amigos.
A vernissagem-exposição foi organizada mais ou menos assim: dividi minha casa em três grandes sessões e espalhei as telas pela casa toda. Os visitantes eram guiados por títulos e informações sobre cada obra, além de uma apresentação geral sobre o que consistia cada sessão.
- "All we need is love", projeto que reunia as telas cuja inspiração foram casamentos, histórias de família e fotos de vários personagens,
- Abstratos: "Pintura e Música", com as telas pintadas a partir da sensação que eu ia tendo ao ouvir uma única e determinada música.
- Paisagens, que juntava várias telas criadas a partir de paisagens da Suécia
- Diversos, telas antigas sem determinação específica.
No primeiro e no segundo projeto os visitantes podiam ver a tela e ao mesmo tempo selecionar e ouvir as músicas relacionadas a cada um. Minha idéia era permitir que a pessoa entendesse melhor o processor criativo de cada tela e o que poderia ter passado por minha mente ao criá-las.
Embora cada processo e cada experiência seja única e dificilmente pode ser divida de forma objetiva com o outro, eu acredito que meus amigos, amigas e os amigos deles e delas que estiveram lá tiveram uma experiência de pintura diferente. Muitos disseram ter uma sensação ao ver a tela sozinha e outra ao observá-la ouvindo a música selecionada por mim e usada na criação.
Em meio à alegria de ver toda aquela gente, cuja história vinha de cantos diferentes do mundo, passeando pelo espaço e discutindo telas que eu havia criado veio uma rápida surpresa. Logo após os primeiros quinze minutos uma jovem polonesa, amiga de minha amiga, também polonesa, do curso de sueco, se apaixonou por uma tela e disse: "Essa é minha! Como faço para comprá-la? Você pode reservar já para ninguém mais pegá-la?" "Ahn?"... E foi assim... Eu estava de novo vendendo meus quadros, vendendo algo que havia me causado tanto prazer e agora perdia-se de mim e ia se juntando à experiência de outros. Foi uma sensação indescritível!
Sempre digo que os mais incrível em pintura é ver como alguém pode odiar a mesma tela que outra pessoa venha a amar...
É isso... Esse deve ser o último post dessa série sobre a vernissagem e também acaba sendo uma terceira dica de como pôr você mesma para frente.
Aqui apresento algumas dessas telas vendidas, embora eu não vá me deter na explicação de como as criei por pura falta de tempo. Também incluo o nome das músicas usadas. Assim, você está convidado a clicar nelas e também buscar sua experiência. Espero que goste! e, se quiser, divida com a gente...
"Spring", Somnia Carvalho, 2008
Esta tela aqui eu fiz inspirada nuns objetos comprados numa loja de decoração, a Lagerhaus. Ela ficou com a querida portuguesa Ludvina, cujo sutaque e coração de ouro eu não esquecerei jamais.
"No surprises", Somnia Carvalho, 2010
Música: No suprises, Radiohead
A foto não dá o valor que esta tela merece, inclusive porque ela é bastante escura e só com luz direta é possível ver o contraste de cores dessas várias janelas fechadas que dão para o nada. Foi outra disputada quase a tapas pelas amigas de lá, mas quem arrematou foi a primeira amiga sueca que fiz lá, Paulina.
"Bleu" também já foi tema deste post e foi a única tela que pintei até hoje, cujo comprador foi um homem. Meu amigo Nik, companheiro da Nikol, não arredou o pé enquanto não teve a tela na parede de seu apê. Na opinião dele, disparado a tela mais bonita de todas...
"Ode to my family", Somnia Carvalho, 2010
Música: Ode to my family, Cramberries
A mais demorada de todas, mais trabalhosa e exigente, "Ode to my family" foi feita com colagens de fotos pessoais da amiga Xu e seu marido Gus. É claro que, a priori, uma colagem não é nada complicado, mas tive que testar inúmeros materiais até encontrar como fazer as fotos em preto e branco aparecerem coloridas, sem ser sobrepostas. Sem contar a indecisão sobre como combinar as cores e o fundo e ainda agradar a uma esposa e um marido, tão diferentes um do outro.
Depois de terem selecionado dezenas de imagens marcantes em suas vidas e na vida de seus pais e avós, eles me entregaram tudo. Fiz a seleção, a colagem e a pintura enquanto me debulhava de chorar ao som de Cramberries... Todas as histórias juntas: a deles, a minha, a do grupo... E agora, a de vocês...
She, Somnia Carvalho, 2010
Música: She, Charles Aznavour
(Tela vendida para Katarzyna)
Uma grande surpresa foi esta tela aqui, da qual falei acima. Usei repetidas vezes a reprodução de uma foto da avó da Xu. Tirada muitas décadas atrás, a foto trás sua avó e suas amigas posando, todas de mãos na cintura, para o fotógrafo. Ao vê-las tanta coisa me veio à mente... Imediatamente pensei em "She", de Aznavour e fui desenhando - sem nenhuma preocupação com o bem desenhar, as mesmas mulherzinhas que eu fazia de presente para minhas colegas do primário.
Katarzyna (em português, Catarina), contou-me com lágrimas nos olhos porque sentia que a tela havia sido feita para ela... Estava vivendo um momento de separação e dor, mas também no qual ela se fortalecera como ela mesma...
E você, de qual gostou mais? Pode me contar o porquê?
Comentários
A Bleu também é lindimais!
Você é 10!
Bj
Eu ainda me sinto mal de nao ter te entregado o Yellow! rs... se bem que minha amiga Nikol o ama como voce!
Gostei da "Orange" gosto de cores quentes. O "Spring" não é decididamente o meu género de pintura, mas acho que foi a foto em que me demorei mais tempo. Gostei do primeiro imacto ao ver a foto e questionava-me se gostaria de ver o quadro aqui em casa. Do "Yellow" lembro-me do post e aqui está um bom exemplo de um quadro que gostava de ver ao vivo, gostava de ver os detalhes.
Mas gostar mesmo, mesmo foi do "No surprises" e do " Blue". O primeiro foi também amor à primeira vista e do "blue" também me recordo do post. Aliás, vou voltar a lê-lo pois lembro-me perfeitamente do que comentei. Quero ver se tem mais comentários.