(Crédito da charge: www.cartuns.com.br/ pizza.GIF)
DAS ATIVIDADES:
Só para ilustrar melhor, algumas atividades que nós mesmos fazemos aqui, porque não há alternativa de pagar alguém para fazer ou porque o serviço é extremamente caro:
1. LAVADOR DE CARROS
Não existe o lavador de carros. Vamos a um lugar onde cada qual põe sua moeda, escolhe as funções e lava seu carro. Depois, seca. Depois, lustra... ui.. depois põe os tapetes... Ajudei o Re fazer isso no oitavo mês de gravidez e não achei nada glamouroso.
2. MANOBRISTA
Não existe o manobrista de carro: não há o tiozinho do estacionamento particular que pega suas chaves. Nananinanão.! E em todas as ruas da cidade, todas, é necessário pagar para estacionar. Se tem o campeão que toma conta pra você por 5 reais? Não. Tem máquinas pela cidade toda, você põe as moedinhas, escolhe as horas que quer ficar e põe o papel dentro do carro. Claro que o detalhe (que o Re também notou) é que os carros podem ficar nas ruas e o recado pode avisar que você só vai voltar a tal hora, porque não tem o bandido que vai se programar o roubo naquele horário. Mas aí, entra em outra questão, a segurança na Suécia, que merece outro texto.
CAIXA DE PEDÁGIO
Como eu disse acima, nem nos pedágios, assim como em estacionamentos pivados, não há um caixa que recebe o dinheiro ou cartão e lhe dá um recibo. Você mesmo desempenha as funções dessa pessoa.
4. CARREGADOR DE MALAS
Em hotéis, logo você repara que falta alguma coisa... Claro! os mocinhos que carregam a mala para você até o saguão ou até o quarto. Isso deve ser um assunto primitivo para eles aqui. Cada qual carrega suas toneladas de mala para o quarto, para o taxi, para onde for preciso.
3. CABELEREIRO, MANICURE/PEDICURE
Existe a cabelereira e a manicure... Mas, o setor de beleza e higiene pessoal é muuuito caro aqui. E eu lastimo todas as vezes que me lembro. Eu tava bem (ou mal) acostumada no Brasil a fazer as minhas unhas toda semana, indo ao cabelereiro e à depilação toda sexta. Não precisa ser madame para se ter este agrado no Brasil. Agora vejo que o serviço era praticamente gratuito aí. Eu pagava mais ou menos 12 a 20 reais para fazer pé e mão no Brasil, em salões perto de casa. E nem tô falando de salões ruins não. Por uma depilação básica eu gastava uns 60 reais num bom salão. Aqui eu não tive o privilégio de usar os salões porque eu pagaria a reles quantia de 200 a 250 reais para fazer a manicure. Sem tirar cutículas. Sem o pezinho, porque nem todo lugar faz o pezinho pra você não. A depilação segue o mesmo tom: super cara. Bom, mas sem perder o foco. Isso quer dizer que a maioria das suequinhas loiras lindas fazem, elas mesmas, sua depilação, suas unhas etc. Quando fazem... (vi isso na aula de ginástica aquática para grávidas rs...) Agora, no verão, os cabelereiros e salões ficam cheios, todas elas se cuidam muito. Unhas pintadas, cabelos coloridos com cortes maravilhosos. No inverno a coisa é um tanto diferente, inclusive porque do corpo a gente só vê mesmo os olhos.
Ah! existe uns produtos para cabelos que nunca vi no Brasil. Tintura com todos os acessórios para, você mesma, fazer suas luzes e mechas. E por aí vai... Uma manicure é um luxo que pouquíssimas pessoas pagam para ter.
4. AS BABÁS
É um serviço raríssimo e muito mal visto por aqui. Infelizmente.
Uma mãe sueca que trabalhe tem direito à licença maternidade de 1 ano e meio, sendo que o governo paga integralmente uma parte dessa licença. A outra é parcial. Elas podem dividir a licença com o marido ou este tirá-la integralmente e cuidar de seu bebe. Então, você verá mães louras e pais louros lindos pela cidade inteira, com seus carrinhos de bebês a cuidar de seus rebentos. E como a cidade é segura e limpa, eles se espalham pra todos os lados. É comum ver grupos de mães com seus bebes em carrinhos ou de pais com seus amigos que também estão de licença. Vi mais carrinhos de bebês na rua aqui em 7 meses do que vi em toda minha vida no Brasil.
(Este pai não é sueco nem louro, mas já cuida muito bem de seu bebê)
5. FAXINEIRAS
As mães, quase todas, amamentam. e cuidam, elas mesmas, dos seus bebês. Limpam a casa, vão ao supermercado, lavam, passam, Só para ter uma idéia, quando fomos visitar o bebê da Marie, uma sueca casada com um sueco que trabalha com o Re, e que tinha tido parto natural (como de praxe), ela estava a lavar, passar, cozinhar, cuidar do seu bebê de um mês e... construir a casa com o marido. Sim... eles estavam fazendo a parte de cima da casa e a Marie tava linda e magra ajudando. Se eles não podem pagar por um pedreiro? Não é este o ponto. Os dois estudaram na Universidade de Lund e tem cargos muito bons em empresas daqui, além de conhecerem inúmeros países e falarem três línguas. Ocorre que fazer sua própria casa, instalando o piso, as janelas e tudo o mais é algo que eles se programaram fazer e acham que são tarefas que podem e
devem fazer.
(Foto tirada em Lund, em abril deste ano. Estes bulbos são famosos aqui. Todo sueco que se preze, faz um jardim lindo e cuidadoso com eles na Primavera)
6. PEDREIRO
Só para fechar este item, construir e reformar, cuidar do jardim não são atividades que um sueco creia que o transforme em menos por isso. Ao contrário. Ele se sente orgulhoso de dar conta disso tudo e tem prazer em cuidar dessas tarefas que circundam sua vida. Não à toa, o IKEA, uma loja de móveis típica da Suécia (linda e ma-ra-vi-lho-sa) é um dos passeios preferidos deles aqui, principalmente se tiver chovendo. Aí quase não sobra vaga no mega estacionamento. Toda suecada vai pro Ikea, inclusive os brasileiros aqui...
7. MONTADOR DE MÓVEIS
No Ikea (uma espécie de Tok Stok com preço de Marabrás) tudo que você compra precisa montar depois, assim como quase tudo que se compra por aqui. Até uma caixinha de papelão que comprei para por trecos do escritório eu precisei montar com parafusinho. O bercinho do Ângelo, o trocador, armário e uma infinidade de coisinhas foi o super pappi engenheiro dele que montou.
8. ENTREGADOR DE PIZZA
Esse é uma lástima... Das coisas que eu mais sinto falta no Brasil é poder pedir uma pizza quentinha e gostosa na sexta-feira à noite. Em casa era quase sagrado. Eu e Renato não ficávamos sem. Aqui não tem jeito não. Se você quiser uma pizza (que normalmente é feita pelo mesmo cara que faz um kebabi, em outras palavras, uma pizza da "Paolo pizzaria", feita por um grego, e a qual quase sempre terá um pimentão e champignon no meio, mesmo que você não peça), então, deve por seus sapatos, casaco, o que for preciso e ir buscar. Encomende e busque. Nada de moleza, mesmo que esteja -10 graus lá fora. Os rapazes das motos trazendo aquela pizza quentinha e gostosa na porta do seu prédio? Só em São Paulo e aí no Brasil. Creio que a falta desse serviço deve ter a ver com o que falei até aqui, sem contar que um mocinho na moto a -10 daria uma pizza meio cara.. Snif...
Como eu disse, há exemplos que não acabam mais. E esse post tá ficando mais longo do que deveria, porque o meu Ângelo, tá dormindo um pouquinho mais do que eu esperava.
(Na verdade, hoje faz 3 dias que comecei este post e só hoje estou aqui, tentando finalizá-lo. Sempre começo com uma idéia curta que vira um texto gigante. Todo mundo diz que eu escrevo demais, então tô tentando separar meu texto em partes. Não que sejam textos super elaborados. As paradas para mamadas, choros e sono me ocuparam os dias anteriores.
Eu, na verdade, só tenho uma meia hora para escrevê-los. Demoro mais para achar as imagens ou para conseguir dar uma lida final. Se passar erros, me perdoem. Façam de conta que é por causa da minha dificuldade em me adaptar a tantas línguas e porque tô esquecendo o português... rs...
Sem tentar ser positiva demais ou mentirosa demais eu diria que esse sistema auto-serviço da Suécia, país que só perde para a Noruega em distribuição de renda e qualidade de vida, com certeza parece exagerado demais para nós que estamos acostumados a ter ajuda em tudo, quando se tem o privilégio de poder pagar para isso. Entretanto, é assim que se vira a grande maioria da população brasileira , foi assim que se viraram meus pais e muitos dos meus parentes, porque não tem como ser diferente. A diferença é que eles só tem a parte "ruim e árdua" que um sueco tem aqui, porque a parte "boa e fácil" (os benefícios que a Marie que opta por construir a casa tem) fica só para alguns aí na nossa sociedade.
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