("Noite estrelada", Vincent Van Gogh, 1889)
A Lilás deixou comentário super sincero a respeito de meu último post de "gosto amargo". A ela e a quem mais se sentiu com nó ruim na garganta, dedico esse aqui.
Lilás,
Só de nós,
Só em nós,
mora quieta
alguma chance
de mudança.
Há esperança sim.
Somos nós mesmos.
Mais nada.
E mais ninguém.
Só de nós,
Só em nós,
mora quieta
alguma chance
de mudança.
Um beijo pra todos vocês e uma terça-feira cheia de coisa boa, como essa poesia do Drummond...
...
Viver não dói
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana, que gerou
em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projecções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.
Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.
Carlos Drummond de Andrade
Comentários
eu li o post antigo.. e não entendi pq não quis comentar..
deu um nó na garganta mesmo...
:/
Mas, heim.. adorei o poema!
E, tô de passagem comprada p/ aí;;;
saio dia 20, chego dia 21..
bjão!
boa semana p vc!
21 de outubro? me manda seu endereço e telefone assim que chegar menina! você e sua bagagenzinha fofa... vou te encontrar assim que você tiver assentado sua poeira e puder.
um beijão e ótima ótimíssima viagem!
desculpa pelo nó... odeio ser esse tipo...
É mesmo como ele disse: ..."na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade..."
Acho que amanhã farei um passeio até o centro do Rio, arriscando-me num busão, para almoçar com uma amiga que me convida há tempos e eu não tomo coragem.
Vou pensar!
beijos garotinha.
um dia depois do outro e um post depois do outro deve ajudar... espero! beijos