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Celebrar o fato de poder celebrar


(Eu, Re e Ângelo, em casa no Brasil, fevereiro de 2008)


Hoje, 16 de Março, o Ângelo faz oito meses. 

Eu sei. Oito meses não é assim uma idade que a gente comemooore, mas eu queria celebrar essa data. Eu tava pensando e acabei por concluir que não gosto muito dessa idéia nossa de comemorar apenas algumas das muitas datas importantes da vida. E eu também tenho amigos que têm um bonde de argumentos para dizer o porquê odeiam comemorar quaisquer aniversário: deles ou de outrém. Eu respeito.

Mas, embora, eu continue gostando desses amigos, acho o fato de não gostar de comemorar, uma "perda de". Respeito, mas acho bobagem porque a vida passa, passa, corre tão depressa. E poder abraçar, beijar apertadinho e dizer "te amo!", "te amo muuito, você não imagina o quanto é especial pra mim", pode ser uma oportunidade de ouro.

Me lembro perfeitamente do único aniversário meu que teve festa em casa, enquanto eu era criança. Foi o de sete anos. Não sei o porquê direito, acho que naquele ano, meus dedicados pais tinham algum dinheirinho a mais. Então, resolveram chamar a família toda. Veio até o tio de Curitiba, o tio "rico" da família. Nossa! E acho que foi ele quem me deu um liquidificador de brinquedo. Não me lembro dos outros presentes. Eu até sinto por isso, mas a verdade é que minha mente naquela época, não tava preparada para pensar nos presentes amorosos, ainda.

A festa foi simples, nada parecido com as festas que a vizinha Ivonete dava (cheia de brigadeiros e beijinhos, Coca-cola etc), mas, para mim, foi demais! Tava cheia de amor!

Naquele dia, vendo todos chegarem era como se eu tivesse certeza do quanto todo mundo me amava. Uma bobeira, eu sei, mas é a verdade.

Depois disso, não teve mais festas. Não porque minha família não se importasse, mas porque, lá em casa, o pessoal comemora, mas não assiiim, com tanta força. Essa mania de comemorar, de celebrar eu comecei depois de ir para a Unicamp e viver na moradia estudantil. 

Lá a gente fazia festa até no dia da faxina, às terças-feiras. Eu, Dri, Wal e Ériquinha cantávamos juntas, jogávamos água uma na outra, limpávamos a casa toda e sentávamos à pequena mesa para comer juntas. Ao menos uma vez por semana comíamos juntas. 
 
Fiz festa de todos meus aniversários, desde então. 

Todos os anos chamo os amigos para uma comemoração e junto a família para outra. Não é que eu comemore o meu aniversário, propriamente dito, mas o fato de eu ter amigos. O fato de eu ter meus entes preciosos no almoço de domingo. O fato de eu ter coisas a agradecer. E sempre peço para ter na medida certa. Para que eu não me engrandeça demais ou esnobe demais. Para que eu saiba o valor dos pequenos ganhos.

E adoro comemorar meu aniversário de casamento. E o de namoro também. E adoro pensar que eu posso brindar o primeiro mês de casa nova ou o primeiro ano na Suécia, ou o fato de termos pregado um armário na parede.

Celebrar significa atualizar. Você recorda um fato e é como se, em certo sentido, o vivesse de novo. Adoro o significado da palavra, desde a época que participava da comunidade. E nessa época eu gostava muito mesmo de pensar na Páscoa. Não no sentido de obrigação de nada, não no sentido dos ovos de Páscoa (que eu nem gosto), mas no sentido de renovação. Pensar na Páscoa - passagem - para algo novo. 

No sentido cristão ela retoma, primeiro, a passagem de Moisés e do seu povo (que vivia como escravo) por entre as águas do Mar Vermelho, em direção à Terra Prometida. Em segundo, no sentido mais atual, celebra a passagem da morte (de Jesus) para a Vida. 

Para mim, sempre é tempo de Páscoa. Sempre é tempo de celebrar uma mudança. Uma passagem. Celebrar cada dia em que a vida superou, mais uma vez, a morte. E que estamos aqui. E que temos, ao nosso lado, aqueles que amamos. E de termos novamente a chance de dar aquele afago que sempre nos prometemos, mas temos vergonha de dar. E deixar as coisas ruins serem levadas com ás aguas do tempo.


(Ângelo tentando pegar a chave que abre a porta do armário, que eu tive de esconder depois disso)

E por essas razões todas, hoje, quero celebrar com vocês o fato de eu ter aqui comigo e com o Renato essa peça única e milagrosa que se chama Ângelo. Celebrar esses meses em que ele passou a fazer parte do mundo e do nosso mundo. Celebrar o fato dele crescer saudável. De estar querendo andar e descobrir o mundo, de estar balbuciando suas primeiras palavras. De sentar nas perninhas e dançar, quando brinco de tocar violão. Quero celebrar o fato dele olhar a nós e os parentes todos com tanto amor e nos fazer crescer como pessoas. Celebrar a natureza perfeita e sábia.

Hoje eu tenho uma ocasição perfeita, ainda que oito meses possa parecer apenas mais uma data, para celebrar o dom do amor e da vida, ou simplesmente o fato de simplesmente poder celebrar.

(Vídeo caseiro e "simpri" de tudo: Eu e Angelinho Linho Linho, felizes da vida, explorando o piso do novo ap.)

Comentários

Anônimo disse…
Um brinde ao texto, às novas descobertas do Ângelo, a tudo que vivemos de bom e não comemoramos e a tudo que está por vir...

Dia 18 de março teremos mais um motivo para comemorar: seu aniversário. Não estaremos presentes na festinha, mas estaremos, mesmo que de longe, celebrando mais um ano das suas conquistas!

Parabéns!

Dri.
Anônimo disse…
Oito meses...é uma data linda sem duvida. Pode parecer pouco tempo e perto de uma vida inteira de descobertas é pouco tempo mesmo, mas se a gente for pensar em um amor sem medida e inexplicavel, que é o amor que une mãe e filho, oito meses passa a ser MUITO....de MUITO obrigado meu Deus. Parabéns pelo Angelinho linho linho.

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