(Das paisagens que nunca mais sairão da minha cabeça, Småland, setembro de 2009)
É noite.
Me acalento no som intenso da chuva que cai.
Retorno à infância, quando costumava deitar-me sob as cobertas em dias chuvosos e sorrir no escuro sozinha.
A chuva caindo assim tão pesada é algo mais brasileiro do que a caipirinha e o carnaval.
Adoro.
Há pouco tinha em minhas mãos um longo e caprichado encarte de uma banda sueca, Kent, presente que um amigo querido ofereceu ao Renato antes de nos desperdirmos. Algumas fotos abstratas feitas a partir de paisagens suecas, a dedicatória escrita em inglês, na letra corrente do amigo alemão - "Eu lhe desejo tudo de melhor meu amigo, obrigado for todos os momentos bons..." - deixaram meus olhos marejados...
A água da chuva, a água em meus olhos... O passado, o presente...
(De momentos que adorarei lembrar, a assanhada e a tímida, Xu e Nikol ao som de Dominguinhos, festa do Midsommar na Casa Nova, julho 2009)
Sinto tão verdadeiramente neste instante o quanto a vida é feita mesma de momentos felizes e inesquecíveis...
Com o livro nas mãos é como se pudesse sentir o cheiro da antiga morada, a longíqua Suécia...
Por alguns segundos sou capaz de me transportar às ruas e ter um pouco da sensação maravilhosa de se sentir estranha...
Andar, perambular ou viver num lugar de onde se sabe pouco é como ter rapidamente o mundo em suas mãos...
É sentir-se um tanto poderoso e capaz de ir e vir por entre diferentes multidões...
É ficar satisfeito em ser uma formiga micro no macro...
É ter o coração batendo mais acelerado, uma sensação jovial e desafiadora.
De-li-ci-o-sa...
A chuva se acalma lá fora...
As lembranças se aquietam aqui dentro. Sorrio feliz e satisfeita.
Todo o passado e todo o presente me pertence.
...
* Tillbaka till samtiden, De volta ao presente, é o título do álbum da banda Kent.
Comentários
Eu bem sei como é essa coisa da gente de repente sentir o lugar que tanto amamos, já tive essa experiência e volta e meia fecho os olhos e me transporto aquele lugar. No meu caso, foi na Inglaterra, às margens do Tâmisa, eu sozinha caminhando e vendo tanta coisa linda que ficou gravada em minha mente para sempre.
Sabes, acho que é isso a tal felicidade! Quando a gente relembra com perfeição, até de cheiros, tudo aquilo que nos deixou encantados.
beijos grandes, muitos.
Os momentos foram mesmo muito bons... ou melhor, foram ótimos! delícia de lembranca essa sua...
por aqui tb fico com todas as lembrancas maravilhosas dos 3 anos q passamos juntas nesta Suécia distante.
saudade de vcs....
bjos, Xu
P.S. eu, assanhada?!?! como assim?!?! kkkkkkk :-P
Sabe, eu adoro esta sensação que descrevestes, de ser estranha em um outro país ou cidade, é maravilhosa. Já tive a feliz oportunidade de estar solta e desconhecida em um outro país e acho fascinante! Este sentimento de "não pertencer" é libertador!
Eu também adoro a chuva e ela é diariamente presente na minha cidade natal: Belém do Pará. Adoro quando os dias são chuvosos, nublados, como o dia de hoje, por exemplo.
Um beijo!
Mas é muito linda essa Suécia e voc~e a amou tanto (ama) que até me dá vontade de ir lá. Mas num verãozão, pois odeio frio, dia nublado, chuvoso, como está hoje em BH. A melancolia se entranha em mime fico chaaataaa!
Olha, tô "apostando" que vocês ainda voltam pra Suécia. É uma qustão de tempo.
E hoje a Françoise volta, já deve até ter chegado ao Brasil.
Idas e vindas ao sabor da mágica da vida.
Marininha agradece o calor tropical. (tomara!).
Beijos!
Bom recordar... e lindo viver!
Willkommenes süßes Marina!
Beijukiss