São quase, quase meia noite aqui no Brasil. Eu, ao contrário do prometido há uns dias, não vou ainda responder aos comentários ou escrever sobre a viagem daqui. Após uma tempestade e alguns raios, a placa de rede do micro de minha mãe queimou e só hoje consertamos. Entretanto, uma outra coisa me segura, apesar do sono e do muitíssimo cansaço: hoje, 19 de janeiro é nosso aniversário de casamento, meu e do Renato.
Há sete anos, eu entrava, acompanhada pelo meu pai, numa igrejinha em Helvetia, com uma chuvarada, que parecia que ia desabar o mundo lá fora, para dizer alguns "sins" ao grande amor da minha vida.
- "Tá chovendo?" Foi o que perguntei, em janeiro de 2002, desesperada ao cabelereiro, quando ouvi o início do temporal e imaginei que "tudo poderia" dar errado etc etc. Meus primeiros medos bobos a respeito do casamento foram dissipados quando encontrei apoio na igreja lotada de gente que eu adorava e na figura sorridente do Renato, que havia arranjado tudo e estava tranquilíssimo me esperando.
Desde então, eu estava pensando ontem, quantas águas literalmente rolaram. E quantas águas precisam mesmo rolar num relacionamento para que a gente confirme aqueles "sins" dados quase sempre no auge da paixão.
Ontem e hoje eu estava me lembrando de momentos especiais, quase todos muito alegres e alguns tristes. O Renato esteve comigo lá atrás, quando eu comecei a ser professora e me ajudou a treinar as aulas testes, fingindo dar a aula para ele.
A gente se apoiava em coisas assim e celebrava junto tudo que conseguia. A gente começou nossa história indo morar em Curitiba por, oficialmente, uma semana de casamento, e voltando para São Paulo. Em três apartamentos diferentes e entre umas seis cores de salas, o Renato sempre me apoiou em tudo, desde fazer círculo nos anúncios dos jornais de domingo até as entrevistas. Dos nossos mestrados e o meu doutorado. Nesse tempo, foi como nunca mais ter saído sozinho de casa, ainda que tívessemos saído sozinhos. Foi o Renato quem me viu sorrir e dançar de felicidade em tantos momentos com amigos e família nesses anos e também quem me ouviu chorar, berrar de tristeza, depois da morte de meu pai, após um telefonema na madrugada.
Foi esse meu amigo que me ajudou a superar a ausência com alegria e me deu total apoio quando eu descobri na pintura uma via de expressão. Quando ele viu minhas primeiras cores nas telas e minha assinatura Somnia. Foi ele quem recebeu meus amigos e convidados na porta de minha primeira exposição e orgulhoso me escreveu um cartão dizendo que amava sua "filósofa e pintora", cartão que eu encontrei por acaso essa semana.
Foi esse mesmo companheiro que segurou minha mão, num vôo do Brasil para a Suécia, numa nova vida que decidimos ter fora de nossa terra. E essa mesma mão que segurou firmemente a minha e me ajudou, depois dez horas de parto longe de casa e da família, a trazer ao mundo o Ângelo, a coisa mais linda que fizemos juntos nesse tempo.
E é esse mesmo Renato quem me faz agora não ter ido dormir, embora eu esteja louca para dormir e descansar. O Renato que conheci ainda muito jovem na Unicamp, cheio de muitos sonhos, muitos dos quais realizamos juntos. O mesmo que me convenceu a ficar mais tempo e curtir mais minha família e que me ligou de Oslo, na Noruega, me contando todo encantado sobre a neve e o tempo de lá, ontem a noite. Mesmo à distância a gente "celebrou" esse caminho trilhado junto. É como se em cada conquista e esforço a gente tivesse se conhecido mais e se tornado ainda mais parceiro.
Talvez a gente deva sempre se lembrar de que casamento não é uma amizade fácil de se manter. É preciso dedicação. Não é um amor fácil de permanecer. É preciso cultivar a memória. Não é uma paixão que dure para sempre sem esforço. Ao contrário. É preciso todos os dias lembrar de cada "sinzinho" dado com tanto amor ao longo desse tempo. É preciso lembrar que depois de cada tempestade, inclusive daquela lá em Helvetia, sempre veio bonança e que não há nada que deva ser maior que o que primeiro no uniu: o amor e o desejo de dividir a vida com o outro.
Comentários
Parabéns aos dois por terem dito o mais importante de tudo - que se amam!
bjs carioca
xero
Tem sido um experiência muito emocionante trilhar todo este caminho. Você continua sendo a mesma Sônia que eu amo, admiro e me divirto, nem consigo acreditar que já se foram sete anos, parece que foi ontem que eu passei uma cantada despretenciosa naquela estudante de filosofia.
Milhares de beijos virtuais, estou ansioso por beijos reais...te amo, Renato.
Brigada você também! Eu também torço por nós sabe? De verdade. Penso assim quando vejo os velhinhos juntos por aí de mãozinha dada, todos bonitinhos... Penso: "que lindo seria eu e o Re um dia assim..."
Eu ia começar a responder comentários do blog só na próxima semana, mas também não aguentei. Eu poderia mandar email, mas também quero mandar por aqui só para registrar. Em quase dois anos de blog, 246 posts, esse, até onde me lembro, é o primeiro comentário que eu tenho a honra de receber de você. E quer saber? Adorei. Rolaram umas lágrimas aqui...
Muita saudade e já já a gente se encontra para o recomeço.
Até domingo! Sô.
Quero dar-te os parabens pelo(S) blog (s)
encontrei o blog por acaso, quando estava a fazer uma pesquisa sobre a suécia para um maldito trabalho de grupo.
Gostei do blog, dos conteudos, simples, mas muito bem apresentados.
Obrigado pela ajuda no trabalho X)
A distãncia, ainda que temporária, serve pra isso mesmo: reafirmar o que sabemos,exaltar o que sentimos,fazer-nos perceber a importância da presença um do outro. O amor é lindo. Felicidades a vocês dois!
Amei seu texto!
Aiii e o recado dele,, q romanticoo!!!
:D
Parabens por este casamento perfeito!
que venham mais 100 anos!
bjs
andréa
A gente se vê!
a distancia ajuda a gente a valorizar e ser valorizado. Acho excelente para qualquer relacionamento saudavel!
beijcoas
e agora voce tao longe de ca! me manda noticia!
recebi os comentarios juntos e parece que uma falou com a outra! rs...
bjs