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Sete anos no nosso Tibet

(Casal, que bem podia ser eu e Renato, se beijando na chuva)

São quase, quase meia noite aqui no Brasil. Eu, ao contrário do prometido há uns dias, não vou ainda responder aos comentários ou escrever sobre a viagem daqui. Após uma tempestade e alguns raios, a placa de rede do micro de minha mãe queimou e só hoje consertamos. Entretanto, uma outra coisa me segura, apesar do sono e do muitíssimo cansaço: hoje, 19 de janeiro é nosso aniversário de casamento, meu e do Renato.

Há sete anos, eu entrava, acompanhada pelo meu pai, numa igrejinha em Helvetia, com uma chuvarada, que parecia que ia desabar o mundo lá fora, para dizer alguns "sins" ao grande amor da minha vida.

- "Tá chovendo?" Foi o que perguntei, em janeiro de 2002, desesperada ao cabelereiro, quando ouvi o início do temporal e imaginei que "tudo poderia" dar errado etc etc. Meus primeiros medos bobos a respeito do casamento foram dissipados quando encontrei apoio na igreja lotada de gente que eu adorava e na figura sorridente do Renato, que havia arranjado tudo e estava tranquilíssimo me esperando.

Desde então, eu estava pensando ontem, quantas águas literalmente rolaram. E quantas águas precisam mesmo rolar num relacionamento para que a gente confirme aqueles "sins" dados quase sempre no auge da paixão.

Ontem e hoje eu estava me lembrando de momentos especiais, quase todos muito alegres e alguns tristes. O Renato esteve comigo lá atrás, quando eu comecei a ser professora e me ajudou a treinar as aulas testes, fingindo dar a aula para ele.

(Parque no centro de Oslo, Noruega, janeiro de 2009, foto Renato Cechetti)


A gente se apoiava em coisas assim e celebrava junto tudo que conseguia. A gente começou nossa história indo morar em Curitiba por, oficialmente, uma semana de casamento, e voltando para São Paulo. Em três apartamentos diferentes e entre umas seis cores de salas, o Renato sempre me apoiou em tudo, desde fazer círculo nos anúncios dos jornais de domingo até as entrevistas. Dos nossos mestrados e o meu doutorado. Nesse tempo, foi como nunca mais ter saído sozinho de casa, ainda que tívessemos saído sozinhos. Foi o Renato quem me viu sorrir e dançar de felicidade em tantos momentos com amigos e família nesses anos e também quem me ouviu chorar, berrar de tristeza, depois da morte de meu pai, após um telefonema na madrugada.

Foi esse meu amigo que me ajudou a superar a ausência com alegria e me deu total apoio quando eu descobri na pintura uma via de expressão. Quando ele viu minhas primeiras cores nas telas e minha assinatura Somnia. Foi ele quem recebeu meus amigos e convidados na porta de minha primeira exposição e orgulhoso me escreveu um cartão dizendo que amava sua "filósofa e pintora", cartão que eu encontrei por acaso essa semana.


Foi esse mesmo companheiro que segurou minha mão, num vôo do Brasil para a Suécia, numa nova vida que decidimos ter fora de nossa terra. E essa mesma mão que segurou firmemente a minha e me ajudou, depois dez horas de parto longe de casa e da família, a trazer ao mundo o Ângelo, a coisa mais linda que fizemos juntos nesse tempo.

E é esse mesmo Renato quem me faz agora não ter ido dormir, embora eu esteja louca para dormir e descansar. O Renato que conheci ainda muito jovem na Unicamp, cheio de muitos sonhos, muitos dos quais realizamos juntos. O mesmo que me convenceu a ficar mais tempo e curtir mais minha família e que me ligou de Oslo, na Noruega, me contando todo encantado sobre a neve e o tempo de lá, ontem a noite. Mesmo à distância a gente "celebrou" esse caminho trilhado junto. É como se em cada conquista e esforço a gente tivesse se conhecido mais e se tornado ainda mais parceiro.

(Parque no centro de Oslo, Noruega, janeiro de 2009, foto Renato Cechetti)


Talvez a gente deva sempre se lembrar de que casamento não é uma amizade fácil de se manter. É preciso dedicação. Não é um amor fácil de permanecer. É preciso cultivar a memória. Não é uma paixão que dure para sempre sem esforço. Ao contrário. É preciso todos os dias lembrar de cada "sinzinho" dado com tanto amor ao longo desse tempo. É preciso lembrar que depois de cada tempestade, inclusive daquela lá em Helvetia, sempre veio bonança e que não há nada que deva ser maior que o que primeiro no uniu: o amor e o desejo de dividir a vida com o outro.

Sim. Eu continuo te amando muito Renato.

Sim. Você continua sendo o grande amor da minha vida.

Sim. Eu quero estar com você na alegria e na tristeza.

E vou estar com você na saúde e na doença.

E se continuar como foram esses sete anos, quero sim, continuar te amando e respeitando todo o resto de minha vida.

Comentários

Beth/Lilás disse…
YES! Parabéns, Renato por ter dito o sim e levado uma mulher tão bacana, sensível, inteligente e gente boa!
Parabéns aos dois por terem dito o mais importante de tudo - que se amam!
bjs carioca
Anônimo disse…
Q lindo Somnia!!! Torço por este amor de vcs!! Linda homenagem! ;)
xero
Anônimo disse…
Não costumo deixar comentarios no seu blog, mas não posso deixar de expressar o meu sentimento depois de ter lido este post, alguns milhares de quilometros de distancia de você.
Tem sido um experiência muito emocionante trilhar todo este caminho. Você continua sendo a mesma Sônia que eu amo, admiro e me divirto, nem consigo acreditar que já se foram sete anos, parece que foi ontem que eu passei uma cantada despretenciosa naquela estudante de filosofia.
Milhares de beijos virtuais, estou ansioso por beijos reais...te amo, Renato.
Somnia Carvalho disse…
Hey Lilás queridoca! obrigada por encher minha bola sempre! você é do meu time. Ninguém tasca, eu vi primeiro!
Somnia Carvalho disse…
Jujuca,

Brigada você também! Eu também torço por nós sabe? De verdade. Penso assim quando vejo os velhinhos juntos por aí de mãozinha dada, todos bonitinhos... Penso: "que lindo seria eu e o Re um dia assim..."
Somnia Carvalho disse…
Oi Re, meu amor,

Eu ia começar a responder comentários do blog só na próxima semana, mas também não aguentei. Eu poderia mandar email, mas também quero mandar por aqui só para registrar. Em quase dois anos de blog, 246 posts, esse, até onde me lembro, é o primeiro comentário que eu tenho a honra de receber de você. E quer saber? Adorei. Rolaram umas lágrimas aqui...

Muita saudade e já já a gente se encontra para o recomeço.

Até domingo! Sô.
Márcia disse…
Muito lindo! Parabéns!
Anaa disse…
Olá.
Quero dar-te os parabens pelo(S) blog (s)

encontrei o blog por acaso, quando estava a fazer uma pesquisa sobre a suécia para um maldito trabalho de grupo.

Gostei do blog, dos conteudos, simples, mas muito bem apresentados.

Obrigado pela ajuda no trabalho X)
Lúcia Soares disse…
Tão lindo quanto o amor de vocês é a coragem de expressá-lo publicamente.
A distãncia, ainda que temporária, serve pra isso mesmo: reafirmar o que sabemos,exaltar o que sentimos,fazer-nos perceber a importância da presença um do outro. O amor é lindo. Felicidades a vocês dois!
Anônimo disse…
Que lindo flor!
Amei seu texto!
Aiii e o recado dele,, q romanticoo!!!
:D
Parabens por este casamento perfeito!
que venham mais 100 anos!
Anônimo disse…
lindo post, amiga, emocionou!!!!
bjs
andréa
Anônimo disse…
Que lindo, fiquei emocionada :-)
Somnia Carvalho disse…
Oi Anaaa! vai ver você e a leitora mais jovem do blog! eu vi la seu texto final sobre a Suecia e ficou legal! so uma coisinha: eu nao sou portuguesa, o blog está em português tambem, mas sou brasileira.

A gente se vê!
Somnia Carvalho disse…
Cara Lucia, voce tem toda razão! em doze anos juntos, todas as viagens obrigatorias de trabalho so ajudaram a manter aquela chama boa...

a distancia ajuda a gente a valorizar e ser valorizado. Acho excelente para qualquer relacionamento saudavel!

beijcoas
Somnia Carvalho disse…
Jana, tambem suspirei com o recado!
e agora voce tao longe de ca! me manda noticia!
Somnia Carvalho disse…
Andréa e Jo ann, queridocas,

recebi os comentarios juntos e parece que uma falou com a outra! rs...

bjs

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