Pular para o conteúdo principal

God Jul pra todos! God Jul pra todos!

("Feliz Natal e Bom Ano Novo", Olle)


Eu sei, ainda estamos só no início de dezembro e faltam quase três semanas para o Natal. Acontece que eu já estou total no clima de Natal, apesar da chuva que tem caído aqui em Malmö. E o fato de estar ansiosa com a viagem me faz tagarelar mais e mais, apesar de tanta coisa para fazer.

As ruas da cidade estão iluminadas e enfeitadas, tais como as lojas todas. As pessoas estão pelas ruas passeando (de preto, claro!), comprando algo ali e acolá, tomando chocolate quente ou glög e mandando ver nos quitutes da feirinha de Natal que fica entre o canal e a praça Gustav Adolf.

Eu estou louca para passar o Natal com a família, mas também sinto de não poder curtir mais essa época por aqui. Sabe aquela atmosfera que a gente vê em filmes infantis que passam o dia todo na TV em época de Natal? É mais ou menos parecido e é uma delícia. 

Depois que a gente conhece bem a paisagem daqui no inverno, entende porque o Natal europeu ou dos países frios têm aquele pinheiro gigante. Faz sentido ter a árvore e pendurar coisas nela, porque o pinheiro é praticamente uma das únicas árvores que conseguem sobreviver o inverno rigoroso. Ter uma árvore assim (muita gente só usa as que tombaram na floresta) acaba sendo meio que celebrar a vida no meio de uma época em que a vida é uma promessa. 

Eu acho bonito, simbólico.

Pelas ruas a gente também encontra corais de jovens cantando músicas natalinas e um ou outro Santa Claus (Papai Noel) distribuindo doce e ouvindo a criançada. Ainda que eu continue não acreditando na lenda, até o Papai Noel no Natal faz mais sentido aqui.

Sabe aquele velhinho da história? Branquinho, alto, grandalhão, olhos azuis, barba e narizinho empinado? Ele é a cara do povo daqui. E sabe as renas bonitinhas que puxam o trenó e toda a idéia que compramos com o pacote de decoração do Natal? Ela faz mais sentido por aqui, porque acaba parecendo menos artificial, entende? O Papai Noel do Pólo Norte tem tudo a ver se você está próximo ao Pólo Norte. Todas aquelas imagens que povoam nosso imaginário, as casinhas, o gelo, o boneco de gelo, tudo tem a ver com a realidade de alguém que vive num lugar onde o Natal acontece no inverno e no qual inverno significa frio e neve. 

Eu fico tentando imaginar como é para alguém que cresce por aqui pensar essas histórias todas, porque elas devem soar como algo mais natural do que soa pra gente. Acho que a tentativa de capturarmos esse imaginário do Natal e Papai Noel é parecido com um carnaval de rua que vi aqui, no Festival de Malmö. Dá até para curtir, mas é tão deslocado do contexto que pode soar sem valor e sem naturalidade. 

O Natal na Europa é momento de quietude e família. Não tem a nossa festa toda, com dança e música alta. Eles comem juntos, cantam hinos em família, distribuem presentes um para o outro e vão dormir. O nosso é mais animado, com certeza, e acho que como temos forte tradição católica, vê-se mais a imagem do Menino Jesus, o que aqui eu quase não vi. Entretanto, a atmosfera que senti ano passado, quando passamos essa época aqui, é muito preciosa também. E é acolhedora de uma forma que a gente não consegue fazer, porque nossa realidade é outra.

Bom, ainda faltam alguns dias, mas é minha última chance de dizer Feliz Natal, ainda no clima da Suécia. God Jul! 

Feliz Natal, em português, eu só vou dizer mesmo daqui umas semanas para vocês.

Comentários

Neuma disse…
Apesar da saudade, q sinto dos meus familiares, aumentar muito nessa época eu consigo curtir toda essa festan§a natalina na terra do gelo =).
God Jul! Feliz Natal!
Trevlig resa! Boa viagem!
Abra§os
Somnia Carvalho disse…
Neuma, voce disse tudo: apesar de...

ano passado eu fiquei aqui e foi muito legal mesmo!
onde voce mora? vou entrar no seu pedaco e te escrevo!

Postagens mais visitadas deste blog

"Em algum lugar sobre o arco íris..."

(I srael Kamakawiwo'ole) Eu e Renato estávamos, há pouco, olhando um programa sueco qualquer que trazia como tema de fundo uma das canções mais lindas que já ouvi até hoje. Tenho-a aqui comigo num cd que minha amiga Janete me deu e que eu sempre páro para ouvir.  Entretanto, só hoje, depois de ouvir pela TV sueca, tive a curiosidade de buscar alguma informação sobre o cantor e a letra completa etc. Para minha surpresa, o dono de uma das vozes mais lindas que tenho entre todos os meus cds, não tinha necessariamente a "cara" que eu imaginava.  Gigante, em muitos sentidos, o havaiano, e não americano como eu pensava, Bradda Israel Kamakawiwo'ole , põe todos os estereótipos por terra. Depois de ler sobre sua história de vida por alguns minutos, ouvindo " Somewhere over the rainbow ", é impossível (para mim foi) não se apaixonar também pela figura de IZ.  A vida tem de muitas coisas e a música é algo magnífico, porque, quando meu encantamento por essa música come

"Ja, må hon leva!" Sim! Ela pode viver!

(Versão popular do parabéns a você sueco em festinha infantil tipicamente sueca) Molerada! Vocês quase não comentam, mas quando o fazem é para deixar recados chiquérrimos e inteligentes como esses aí do último post! Demais! Adorei as reflexões, saber como cada uma vive diferente suas diferentes fases! Responderei com o devido cuidado mais tarde... Tô podre e preciso ir para a cama porque Marinacota tomou vacina ontem e não dormiu nada a noite. Por ora queria deixar essa canção pela qual sou louca, uma versão do "Vie gratuliere", o parabéns a você sueco. Essa versão é bem mais popular (eu adorava cantá-la em nossas comemorações lá!) e a recebi pelo facebook de minha querida e adorável amiga Jéssica quem vive lá em Malmoeee city, minha antiga morada. Como boa canção popular sueca, esta também tem bebida no meio, porque se tem duas coisas as quais os suecos amam mais que bebida são: 1. fazer versão de música e 2. fazer versão de música colocando uma letra sobre bebida nela. Nest

O que você vê nesta obra? "Língua com padrão suntuoso", de Adriana Varejão

("Língua com padrão suntuoso", Adriana Varejão, óleo sobre tela e alumínio, 200 x 170 x 57cm) Antes de começar este post só quero lhe pedir que não faça as buscas nos links apresentados, sobre a artista e sua obra, antes de concluir esta leitura e observar atentamente a obra. Combinado? ... Consegui, hoje, uma manhã cultural só para mim e fui visitar a 30a. Bienal de Arte de São Paulo , que estará aberta ao público até 09 de dezembro e tem entrada gratuita. Já preparei um post para falar sobre minhas impressões sobre a Bienal que, aos meus olhos, é "Poesia do cotidiano" e o publicarei na próxima semana. De quebra, passei pelo MAM (Museu de Arte Moderna), o qual fica ao lado do prédio da Bienal e da OCA (projetados por Oscar Niemeyer), passeio que apenas pela arquitetura já vale demais a pena - e tive mais uma daquelas experiências dificilmente explicáveis. Há algum tempo eu esperava para ver uma obra de Adriana Varejão ao vivo e nem imaginava que