Pular para o conteúdo principal

Ir e voltar: entre dois amores


Chegamos de volta do Brasil ontem.
E para variar o cardápio das nossas voltas, os funcionários do aeroporto de Frankfurt estavam em greve e nossos vôos atrasaram. 
No entanto, vou começar esse retorno sem chorumelas.
Porque uma viagem longa assim sempre é muito cansativa e o retorno exige novamente uma readapção.

É verdade que estranhamos o tempo.
Saimos dos 30 para chegar por aqui com neve.

É verdade também que estranhamos a falta de gente e as babás perfeitas do Angelinho.
E ele também.

É verdade que ficamos com a um nó na garganta de pensar a ausência.
Ausência daqueles que amamos e das coisas que gostamos de ter e fazer.

Uns dois dias antes de voltar já estávamos com uma certa angústia da separação.

Mas, tô aqui escrevendo de frente para a janela do novo apartamento onde estamos.
E se tudo está por fazer, comprar e arrumar, tenho uma vista linda daqui de onde estou.

Apesar do frio, o céu está claro e azul. E assim tem ficado até umas seis e meia da tarde.
Tudo mudando para a chegada da Primavera.

Se tenho tudo para acertar neste retorno, tenho também muito para viver. Para aprender. Para curtir e depois morrer de saudade.

Importante mesmo é que aproveitamos o que tinha de bom daí nesses vinte e poucos dias.
E agora cabe-nos viver bem o que temos aqui.
Toda a diferença!
Toda a rica, dura e deliciosa diferença!

Quero me lembrar do Ângelo gargalhando de fraldas no Brasil e, ao mesmo tempo, saber que ontem ele começou a dar gritos de alegria ao ver a neve pela janela do aeroporto.
Quero saber que tudo me é possível, seja a 30 ou zero graus.
Toda a alegria,
todo desejo,
toda esperança.

Viver só me é dado uma vez.

Espero encontrar alguns de vocês aqui, embora eu tenha sumido esse tempo.
Um grandíssimo beijo, um abraço de "òtima semana para todos nós!".

E!!! Fernando Pessoa para começar a nova fase.

.....


Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.


Fernando Pessoa.

Comentários

Anônimo disse…
Eu estava com saudades dos seus escritos...Que bom que vcs aproveitaram a viajem.
Welcome back!
bjs.

Sandra Reynolds
Somnia Carvalho disse…
Sandra, aproveitamos sim! e cheguei sabendo da noticia deliciosa do Lucas!!! parabéns, parabéns, parabéns! tentarei ligar para vocês!!!
Anônimo disse…
Sô,
Pena que não nos vimos desta vez. Pena que não vi o pequeno grande fofo. Mas também dei uma sumida, com minha mudança. O fim da reforma foi um pouco tumultuado. Ainda me sinto em adaptação na nova casa, na nova vida. Mas logo logo eu volto pro meu blog e pros nossos papos virtuais.
Bjs e tudo de maravilhoso na sua volta, tá?
Bjks
Andréa
Anônimo disse…
Vocês já estão fazendo muita falta por aqui de novo...

Bjs,

Tia Dri
Somnia Carvalho disse…
Andréa e Dri,

tem que ter encontro no bar da cabrita lá... esqueci o nome! beijosss!

Postagens mais visitadas deste blog

"Ja, må hon leva!" Sim! Ela pode viver!

(Versão popular do parabéns a você sueco em festinha infantil tipicamente sueca) Molerada! Vocês quase não comentam, mas quando o fazem é para deixar recados chiquérrimos e inteligentes como esses aí do último post! Demais! Adorei as reflexões, saber como cada uma vive diferente suas diferentes fases! Responderei com o devido cuidado mais tarde... Tô podre e preciso ir para a cama porque Marinacota tomou vacina ontem e não dormiu nada a noite. Por ora queria deixar essa canção pela qual sou louca, uma versão do "Vie gratuliere", o parabéns a você sueco. Essa versão é bem mais popular (eu adorava cantá-la em nossas comemorações lá!) e a recebi pelo facebook de minha querida e adorável amiga Jéssica quem vive lá em Malmoeee city, minha antiga morada. Como boa canção popular sueca, esta também tem bebida no meio, porque se tem duas coisas as quais os suecos amam mais que bebida são: 1. fazer versão de música e 2. fazer versão de música colocando uma letra sobre bebida nela. Nest

"Em algum lugar sobre o arco íris..."

(I srael Kamakawiwo'ole) Eu e Renato estávamos, há pouco, olhando um programa sueco qualquer que trazia como tema de fundo uma das canções mais lindas que já ouvi até hoje. Tenho-a aqui comigo num cd que minha amiga Janete me deu e que eu sempre páro para ouvir.  Entretanto, só hoje, depois de ouvir pela TV sueca, tive a curiosidade de buscar alguma informação sobre o cantor e a letra completa etc. Para minha surpresa, o dono de uma das vozes mais lindas que tenho entre todos os meus cds, não tinha necessariamente a "cara" que eu imaginava.  Gigante, em muitos sentidos, o havaiano, e não americano como eu pensava, Bradda Israel Kamakawiwo'ole , põe todos os estereótipos por terra. Depois de ler sobre sua história de vida por alguns minutos, ouvindo " Somewhere over the rainbow ", é impossível (para mim foi) não se apaixonar também pela figura de IZ.  A vida tem de muitas coisas e a música é algo magnífico, porque, quando meu encantamento por essa música come

O que você vê nesta obra? "Língua com padrão suntuoso", de Adriana Varejão

("Língua com padrão suntuoso", Adriana Varejão, óleo sobre tela e alumínio, 200 x 170 x 57cm) Antes de começar este post só quero lhe pedir que não faça as buscas nos links apresentados, sobre a artista e sua obra, antes de concluir esta leitura e observar atentamente a obra. Combinado? ... Consegui, hoje, uma manhã cultural só para mim e fui visitar a 30a. Bienal de Arte de São Paulo , que estará aberta ao público até 09 de dezembro e tem entrada gratuita. Já preparei um post para falar sobre minhas impressões sobre a Bienal que, aos meus olhos, é "Poesia do cotidiano" e o publicarei na próxima semana. De quebra, passei pelo MAM (Museu de Arte Moderna), o qual fica ao lado do prédio da Bienal e da OCA (projetados por Oscar Niemeyer), passeio que apenas pela arquitetura já vale demais a pena - e tive mais uma daquelas experiências dificilmente explicáveis. Há algum tempo eu esperava para ver uma obra de Adriana Varejão ao vivo e nem imaginava que