Uma homenagem à Irene e ao Caetano que atravessaram o oceano para encontrar o neto,
Uma homenagem à minha mãe que ficou no Brasil, mas me mandou um avião de beijos e abraços,
Uma homenagem à família... num dia de domingo.
(Bolo de Cenoura que a Mê fez antes de ir embora)
Infância
(Carlos Drummond de Andrade)
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras.
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu...Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro...que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
(Eu, Luana, meu avô João, minha mãe, minha avózinha Maria, Juju e o cachorro, em minha despedida do Brasil, janeiro 2007)
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