Continuando a idéia do post anterior "Criar é Preciso ou Por que ainda escrevo este blog", aqui vai um texto que sempre tenho na memória. Um querido amigo que "faz suéteres" nas horas vagas sem saber se alguém vai querer comprá-los...
"A infância do Joãozinho"
"A infância do Joãozinho.
O problema é ter uma vida de "Rock Star".
Não, o problema é ter uma vida de "Rock Star" e não ser um.
...
Os professores diziam, os amiguinhos diziam. Todos ao redor diziam: "Você tem talento".
Ele gostava de escrever, gostava de passar as noites preso no quarto, debruçado sobre seu fichário quase feminino. Escrevendo sobre tudo que achava que entendia.
Ele ainda menino, nem tão inocente e longe da amargura da vida, achava que tinha sofrido demais e escrevia.
"o poeta é um fingidor" repetia mil vezes pra si mesmo enquanto dissertava sobre dores que ele ainda nem sentia.
Achava mesmo que aprendera a fingir cedo demais, criar pra si uma outra vida quase como num conto infantil, um mundo paralelo cheio de personagens quase sempre bem mais interessantes que aqueles que fazia parte da vida fora do quarto.
E no dia seguinte, no colégio, as meninas eufóricas pelo texto novo escrito pela madrugada. "Lindo!" "Posso copiar?" "Quero mandar para o Juninho"
E ele sonhava, desejava e acreditava naquilo tudo. Em tudo que o papel lhe dizia.
E Lia, lia tanto que já naquela época perdia noites de sono só para terminar o livro logo.
Seguia assim o menino lá do interior, promissor. Era sem dúvida, dizia a professora de portugês da sexta série, um jovem escritor...
Mas no meio do caminho uma curva, o vento que mudou de rumo, uma pedra que bateu na janela, um soluço tardio, um pé torcido.
Um grito entalado na garganta.
Ele virou bancário."
O problema é ter uma vida de "Rock Star".
Não, o problema é ter uma vida de "Rock Star" e não ser um.
...
Os professores diziam, os amiguinhos diziam. Todos ao redor diziam: "Você tem talento".
Ele gostava de escrever, gostava de passar as noites preso no quarto, debruçado sobre seu fichário quase feminino. Escrevendo sobre tudo que achava que entendia.
Ele ainda menino, nem tão inocente e longe da amargura da vida, achava que tinha sofrido demais e escrevia.
"o poeta é um fingidor" repetia mil vezes pra si mesmo enquanto dissertava sobre dores que ele ainda nem sentia.
Achava mesmo que aprendera a fingir cedo demais, criar pra si uma outra vida quase como num conto infantil, um mundo paralelo cheio de personagens quase sempre bem mais interessantes que aqueles que fazia parte da vida fora do quarto.
E no dia seguinte, no colégio, as meninas eufóricas pelo texto novo escrito pela madrugada. "Lindo!" "Posso copiar?" "Quero mandar para o Juninho"
E ele sonhava, desejava e acreditava naquilo tudo. Em tudo que o papel lhe dizia.
E Lia, lia tanto que já naquela época perdia noites de sono só para terminar o livro logo.
Seguia assim o menino lá do interior, promissor. Era sem dúvida, dizia a professora de portugês da sexta série, um jovem escritor...
Mas no meio do caminho uma curva, o vento que mudou de rumo, uma pedra que bateu na janela, um soluço tardio, um pé torcido.
Um grito entalado na garganta.
Ele virou bancário."
....
Eu acho que ele virou escritor e finge muito bem que é bancário profissional. Por outro lado, eu realmente acho que nao importa muito se a gente se torna o que sempre sonhou, desde que consiga arranjar um jeito de colocar o grito sufocado para fora.
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