Adivinha onde é que Mamma Somnia e Angelito estão?
Numa praia em Ubatuba?
Curtindo o calor do Nordeste do Brasil?
Nada disso! Eles estão na... Suécia!
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Várias pessoas aqui já me perguntaram: todo brasileiro joga futebol e pula carnaval né?
Não.
Nem todo brasileiro, aliás, milhares de brasileiros, detestam futebol e/ou detestam carnaval, embora realmente estas sejam duas paixões no país. (Nem vou discutir o quanto elas foram transformadas em paixões ou não porque não é o ponto aqui.)
Eu, por meu turno, só fui entender a tal "magia do futebol" depois que o marido palmeireinse me levou numa final do Palmeiras com Cruzeiro no Morumbi. De crítica ferrenha passei a frequentar alguns jogos com ele e gostar de ver o jogo ao vivo. O carnaval ninguém ainda me convenceu a gostar.
É curioso notar como os estereótipos sempre perseguem os países e o que outros povos pensam a respeito daqueles que aí vivem. Baseados nisso, por exemplo, o diretores de "Crash, No Limite" e "Babel" escreveram suas belas e profundas histórias. Não quero dizer que sempre se tem uma consequência tão negativa quanto as que vemos nestes dois filmes. Às vezes são coisas bobas mesmo, como as que tenho presenciado aqui.
Essa semana uma colega polonesa do curso de sueco me disse o que todo mundo aqui sempre me diz: "mas você não parece brasileira... não é a brasileira típica". E eu pergunto: "Mah que brasilera típica, bella?" Não tem brasileira típica. Somos um bando de mulher diferente. Então, eu sempre explico "politemente" que o Brasil é uma mistura de muitas etnias e há gente de todo jeito lá, não só as mulatas gostosas, estilo Sargentelli (ih! denunciei minha idade!)
E não tô dizendo que eles não acharem que eu sou brasileira fale a meu favor. Os suecos (que aliás são muito simpáticos e muito pouco frios) gostam muito do Brasil e os europeus, em geral, também. Gostam da gente porque somos um "povo alegre e receptivo" e porque eles gostam do Ronaldinho, do Ronaldo, da Gisele Bunchen e confundem a gente com eles. Às vezes, sou muito melhor tratada quando digo que sou brasileira. Daí, um sorrisão aparece no rosto de quem estava me confundindo e eu ouço: "Brrrasil?! uau! A beautiful country!"
Um grego, um libanês e um turco muito engraçados, donos de um restaurante, insistiram que eu falasse alemão com eles, porque eles não sabiam inglês e eu não sabia sueco. Então, disseram eles, melhor que eu falasse minha língua, porque eles entendiam alemão. E eu pra eles: "mas eu não sou alemã, eu não falo alemão, sou brasileira, falo português". E o grego: "Não, você não é brasileira com essa cara..."
Já acharam que eu fosse russa, sueca, tudo, menos brasileira. O dono da loja de carrinhos de bebês falou com a gente quase uma hora e depois disse: "Ah, vocês não são dinamarqueses?".
Mal sabem eles que a cor dos cabelos do Angelito denunciam minha tintura... Aliás, por falar no Ângelo, o comentário geral, em todos os lugares aqui sempre foi: "Ele chuta muito? porque, sendo brasileiro, com certeza sera jogador de futebol". Claro que vai! Rs... Eu não tenho nada contra essa idéia, mas que ela é bem estereotipada, isso é.
Por outro lado, percebo nos comentários de muitos amigos brasileiros e da família que a fama de lugar frio, gente fria e seca que vive na terra do Papai Noel também persegue os coitados dos suecos.
Muitos amigos e a família sempre diz: "Mas não tá frio aí?". Nãnãninãnão. É verão. Aqui tá ca-lor... rs... No entanto, essa minha fala parece meio falsa e ninguém acredita muito bem no que eu falo não. Eu mesma devia pensar o mesmo antes de vir pra cá. Acho que as imagens que vemos nos filmes inundaram nosso imaginário a respeito dessas terras aqui e, por isso, se alguém diz: "Sônia e Renato estão na Suécia", um frio sobe a espinha do ouvinte e ele pensa: "nossa, coitados!, que frio!"... hahaha... Vai fazer frio mesmo, mas lá para meados de outubro.
É verdade que quando faz frio é muito mais frio que o que sentimos aí no Brasil. Desde que cheguei peguei a mínima de -10. A diferença é que as casas são super quentinhas e aconchegantes e temos roupas muito boas para sair e ter uma vida meio "normal" durante as nevascas, frio e chuva. O problema maior não é o frio, mas a falta do sol. O Re acaba de ler uma matéria do jornal daqui que fala que este ano, devido ao calor ruim, porque choveu muito, teve mais venda de anti-depressivo do que na mesma época em outros anos. Então o estereótipo do frio esconde o real problema que é a falta do sol.
É engraçado. No fundo eu acho que não tem muito jeito, a gente sempre fica com a imagem mais vendida e com aquilo que estamos mais acostumados a ouvir falar de um lugar. Holanda? Terra das Tulipas ou de gente que fuma maconha o dia todo. Paraguai? Do contrabando. Iraque? Dos homens bomba e por aí vai. O problema do estereótipo é que ele parte sempre da generalização o que, no fundo, pode sempre acaba em prejuízo para uma das partes.
(Adelle, sueca-brasileira, filha da minha amiga Márcia)
(Os colegas de ronco do Angelinho)
Comentários
além demais adorei o ejito que voce se expressou a forma de eles não serem frios por causa e como diz tudo tem seu lado cultural até eu por ser descendente de japoneses muitos falam que a raça japonesa é uma raça fria mas não que sejam frios mais são masi timidos perto de nós vindo do brasilvalew pela matéria e bom saber o quanto a suécia e um pais exemplar de ver que as pessoas se dão bem com relação as outras pessoas no geral parabéns