(Sônia, Renato e o Pavão em Castelo da Região do Skåne. Foto do amigo Hamilton)
Hoje tá fazendo 13 graus aqui em Malmö.
Estamos saindo do verão e entrando no outono, quando todas as folhas verdes que aconchegam a cidade ganharão um amarelo ouro maravilhoso e cairão...
Reconheci de novo a Suécia onde cheguei no ano passado para conhecer e ontem, ao sair de manhãzinha de casa e ver a cidade sob nuvens, sem as barracas e as centenas de pessoas que visitaram o Festival de Malmö, senti uma alegria muito muito gostosa. E eu, que sempre odiei o frio, tive a certeza de que uma das coisas que eu mais sentirei saudade no futuro será dessa temperatura intimista.
(Centro de Malmö durante nevasca no inverno, fevereiro de 2007)
Viver num clima assim é como se você fosse chamado e acolhido para um chá da tarde na casa de alguém muito agradável. E ali se fizesse cercado de livros, de bons e lindos livros. Ficasse numa daquelas conversas gostosas com a voz mais baixa, ao som de um concerto de um Schubert ou um Schuman. Este tempo aqui tem essa cara. Ao menos para mim.
Caminhei rapidamente até meu destino, a farmácia, e atravessei o canal. A penumbra em cima dele, as pessoas com capa de chuva e o silêncio me emocionaram. Tive certeza de que vou sentir muita saudade do que ainda viverei neste lugar.
Sentirei saudade do Ângelo brincando nos parques daqui, do aniversário de um ano, do primeiro dentinho e dele indo pra escolinha sueca. Saudade de embalá-lo para dormir e do Renato abrir a porta de casa as cinco da tarde, de volta do trabalho.
Me lembrarei com ternura do sorriso dos atendentes suecos ao me dizer "Hej!" e vou chorar de saudade ao me lembrar das noites frias em casa ou das cores que invadiam os jardins na primavera e no verão. Eu vou querer de novo passear pelas estradas tranquilas, ver a plantação amarelinha ou os campos cobertos pela neve. Vou desejar imensamente ter a arquitetura vermelha dos tijolinhos à vista daqui. Terei saudade das bicicletas, dos lugares quentinhos e o pessoal a tomar um cafelatte. E quando esse dia chegar eu vou pensar que a vida aqui era perfeita e eu não sabia.
Assim como antes de vir pra cá eu já sabia que "morreria de saudade" do abraço amoroso da minha linda sobrinha Luana e do sorrisão do fofo do Júnior. De ir com minha mãe à horta dela, do pão com queijo quente da padaria perto de casa, do som dos passarinhos na sacada, de pintar até de madrugada no ateliê da Elô...
(Catedral de Lund. Foto do amigo Hamilton, maio de 2007)
E assim, enquanto voltava pra casa, fiquei ainda pensando que o passado, como retrospectiva, às vezes, parece mais bonito, melhor, mais encantador, porque o que era difícil nele já foi superado. O futuro tem um ar saudoso, mesmo ainda sem ter acontecido. Mas é só no presente que se pode ter essa visâo do que passou e só nele pode o futuro pode se tornar viável e real. É só do que eu faço agora que ele depende.
Continuei, entâo, caminhando e sentindo a chuvinha molhada no rosto enquanto meio que concluía comigo mesma: é preciso viver o agora para que eu morra de saudades do presente no futuro e do futuro quando ele for passado. É preciso viver o hoje intensamente. E então voltei feliz da vida pra casa, onde estavam o meu grande amor Angelito, e meus queridos sogro e sogra que cuidavam dele.
(Parque em Copenhaguen, Dinamarca. Foto de José Caetano Pinto)
Comentários
Grande beijo pra vocês!
Myrna
É bom viajar com vc!!!
Bjs, Dri.
sabe por que eu escreverei outro posto amanhã ou depois? porque eu tenho vocês para dividir o que vivo... bjs
Vi a foto do Angelo com a camisetinha e a calça jeans... Fiquei com um largo sorriso no rosto. E isso basta!
Li seu texto sobre o medo e as fotos. Tantas coisas andam acontecendo por aqui, na minha vida, na do Paulo... Seria bom dividi-las mais com você. Prometo escrever mais, estar mais perto, mesmo que tão longe!
Beijos com carinho a você e a toda a trupe Cechetti Pinto por aí.
Mas se temos certeza que vamos sentir saudades de hoje é porque somos felizes hoje, não é??? E isso me deixa mais feliz!!!!
Bjs
Andréa
Beijos
Teco
Quando eu penso: "que saudade da Pinta"... voce sempre me escreve aqui e aí eu me sinto de novo conectada a você... Eu acho uma coisa tão mágica que nós duas tenhamos nos conhecido na Zunicamp, conhecido os amigos lindos que moravam na mesma casa. Nos apaixonado... casado... padrinhos uns dos outros e agora nossos lindos meninos nascem quase juntos.... espero que eles um dia sejam amigos e percebam a sintonia linda que envolve nos 6.
O Ângelo é lindo, muito lindo mesmo...Cada vez fica mais fofo!!!
Beijos cheios de saudades e, agora reflexões,
Cindy