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Uma caipira quase sueca na capital paulista, 1

("Abelha", Redmachined)


"Nós continuamos estrangeiros"...

Essa foi uma curta e sábia frase dita pelo meu querido Renato, sábado passado, quando nos dirigíamos a um restaurante e após eu fazer algum comentário do tipo "eles acham que", me referindo a algum modo comum de agir dos brasileiros.

Na Suécia "eles" eram os suecos. Nos sentíamos e éramos muito diferentes dos que por ali haviam nascido e crescido. Apesar de respeitar, admirar, negar ou copiar seus modos e jeito de pensar tínhamos a consciência de que suecos nunca seríamos. Éramos brasileiros e ponto. Ou ao menos isso era o que pensávamos na época.

Sábado, um mês depois de nossa volta, a frase do Renato resumia nosso sentimento de agora não se reconhecer como brasileiro e, de muitas vezes, negar o vínculo que temos com o povo daqui.

Bom, a minha frase "eles acham que" vinha logo depois de eu ter sentido sacudir meu ventre todo numa pancada muito forte que duas paulistanas deram na traseira do nosso carro.

Estavam com pressa, não nos viram, não sei, mas buzinaram alto, enquanto o Renato havia parado na esquina para ver se alguém vinha no cruzamento. Com o solavanco meu útero se contraira todo. Fiquei sentada, paralisada. Estacionamos para ver o que acontecia. Eu estava (fisicamente) bem, Marina estava bem e o carro okey. Elas fugiram, em seu carro estilo esportivo, antes que Renato conseguisse se aproximar para conversa. Estilo de quem acha que tem aventuras na cidade. Estilo de quem anda com muita, muita pressa, mesmo no sábado a noite. Foram embora buzinando muito porque obviamente achavam que nós estávamos errados.

As tais foram assunto do nosso jantar quase romântico. Pela primeira vez Ângelo passaria a noite na praia com os avós e tia e tínhamos a noite para celebrar o fato de algumas coisas estarem finalmente começando a andar e se resolver, a três, claro... Além delas, uma outra personagem feminina, responsável por eu passar a tarde do sábado no Poupa Tempo (local onde se tira segunda via de documentos) na Praça da Sé, foi tema do nosso jantar de estrangeiros.

Terça feira passada, quando saía atordoada de um táxi, com muita, muita dor de cabeça, provocada talvez pelos 12% de umidade quase desértica que tem atingido a capital paulista, alguém roubou minha carteira assim que a deixei cair na calçada. Tudo muito rápido. Percebi passos depois, voltei, perguntei aos seguranças que ali estavam e a explicação: "Ah... a moça acabou de achar e disse que deixaria ali na banca da esquina".

Não deixou. Nunca deixará. A coitada da dona da banca da esquina é que ficou de mal e de álibi para a história daquela que me roubou e provavelmente havia visto que a carteira pertencia à grávida barriguda que havia ali aportado.

O assunto do nosso jantar ainda teve como personagem mais uma mulher, além dessas três. A mãe de família e quem vinha fazendo uma experiência de trabalhar 3 dias por semana aqui em casa, conseguiu me tirar noites de sono. Mesmo sendo sugerida por pessoas queridas e de confiança ela conseguiu só nos primeiros 15 dias levar vários pacotes fechados de doces e comidas para casa. Custou para eu admitir que isso poderia sim acontecer dentro de casa, com alguém a quem eu havia prometido um salário acima da média e a quem eu tratava muito decentemente. Não sei ainda se levou mais, mas quando me dei conta já havia sido muito.

A mesma pessoa com quem já nos primeiros dias eu fui dividindo a estranheza de ter voltado e dividi algumas angústias de se sentir estrangeiro, de quem eu tinha ouvido as histórias de adaptação na grande São Paulo, já que ela vem de outro estado brasileiro...

Em minha cabeça todas as justificativas tentaram se anexar à minha raiva: talvez necessidade, desespero... eu não sabia. Só sabia que sem confiança não se faz relação nenhuma e deixei as coisas dela na portaria, junto ao dinheiro prometido e mais um pouco. Num bilhete eu apenas disse que não teríamos condições de contratá-la e então ela teria uma semana paga para procurar outro local.

Em conversa com quem pensava que a conhecia bem a confirmação: não. Não há situação financeira de desespero. E comigo pelo telefone depois a mesma mulher me cobrava: "e agora o que eu vou fazer sem o trabalho? Você ferrou a minha vida..."

Pois é...

Vai ver as moçoilas do carro esporte acham que o Renato ferrou a vida delas ao parar na esquina, antes de continuar a viagem. Vai ver a outra que tomou minha carteira que eu adorava, lembrança da Suécia, cheia de cartões, documentos importantíssimos (como a carteirinha do plano de saúde que eu iria usar ali mesmo no ultrassom) e algum dinheiro, ache que ela é ferrada suficiente e pode ferrar com a vida de outros também.

Bater na traseira do carro à sua frente não é errado.
Ficar com o dinheiro e pertences de outra pessoa, só porque você não a conhece também não é errado.
Levar pacotes de doces e comida escondido do lugar onde você trabalha não é errado.
Ao menos não o é para muita gente brasileira.

Eu te ferro. Tu me ferras. Nós nos ferramos porque é assim que a lei da selva manda.

Vejo que preciso deixar de ser tão estrangeira e caipira (no bom sentido do termo), porque é muito estranho se sentir assim tão frágil e ameaçada o tempo todo na minha própria terra.

Assim sendo, alguém tem uns ferrões para emprestar por aí?


Comentários

Gabriela R. disse…
Coisa triste :/ E o pior é que as coisas estao assim mesmo por aqui... as vezes penso "nossa, nunca conseguiria morar na Suecia, com todo aquele frio e escuridao" mas depois de ler teu blog e o "nova vida no mundo velho" penso que trocaria o calor brasileiro por segurança e honestidade do povo em dois segundos.

Força aí =)
Unknown disse…
Por isso que acho que quanto mais tempo passo aqui na Suécia, menos provável é eu voltar. Não sei se vou conseguir me readaptar ao status quo daí... Digo isso com muita tristeza.
Luciana disse…
Somnia, fiquei chocada, tão pouco tempo aí e já tanta coisa pra contar, coisas negativas, infelizmente.
Eu digo como Leonardo, também não tenho a menor vontade de voltar, não me adaptei antes e não me adaptaria agora, tenho raiva, nojo, e tudo mais possível desse tipo de coisa que aconteceu com você e que a gente sabe que acontece o tempo todo.
Não tenho ferrões para te emprestar, mas aconselho que com quem for trabalhar aí você não dë intimidade, pois raramente dá certo, não se abra nem abra seus armários, olho vivo na malandragem.

Beijo e muita sorte. Tenha uma semana melhor.
Camila Hareide disse…
Sonildes, primeiramente queria dizer que sinto muito... Sinto muito por vc ter que passar por isso, e sinto muito pelo povo agir da forma que age. Mas é a selvageria da Selva de Pedra. São Paulo não é uma cidade fácil não. Queria poder te dizer algo legal pra te animar, mas não tenho. Sei como vc se sente, me senti assim a cada volta pra casa nesses 10 anos.

O post da Lolinha hoje vem bem a calhar. Não posso fazer muito pra te ajudar, mas há algo que posso te oferecer, mas vou mandar um e-meio, tá?

Essa fota do olho me ripiou todinha...

beijo
somnia disse…
Ola gente muito boa e gente querida da qual eu estou separada... rs...

nao vou conseguir responder aos comentarios do post abaixo agora e vou tentar resumir um pouco o que diria a voces...

hoje de manha uma amiga querida me disse que estava emanando energia muito lilas para mim, porque essa cor consegue refazer, reorganizar o que ta ruim em mim e gerar coisas boas...

e nao foi nossa amiga Lilas nao, foi minha amiga Janete... de qualquer jeito, a Lilas perguntou ai embaixo, e outras queridas de voces sobre como anda tudo...

Nesse post vejo que a amargura de voces e que no fundo a gente sonha que pudesse levar um pouco da vida dai aqui, mas sabe que sera impossivel...

Bom, o pensamento positivo de minha amiga ja me contaminou um pouco. Estou mais sorridente... a teoria dela e de que eu atraio o que estou passando e embora eu nao acredite totalmente nesta tese para explicar o que sofremos aqui no Brasil eu acho que vale a pena eu tentar pensar em tudo que estou tendo de bom aqui...

Eu ja imaginei varios posts, muitos deles para escrever para voces... alguns sao ate de coisas boas haha que tem por aqui, mas e engracado que mesmo isso nao me parece tao atraente... e como se falasse daquilo que todo mundo ja sabe, chovesse no molhado...

Aqui as coisas estao indo, caminhando sim... sofri essas coisas chatas ai e fico aqui rezando agradecendo e pedindo para que meu futuro no pais nao passe disso, porque e triste demais ver tanta desgraca num lugar so e ainda pensar que estamos tao voluveis a tudo isso.

A Marina ainda esta aqui dentro sim amigas virtuais queridas! se movimenta que so e estou naquela fase de empurrar com a barriga. Me canso muito muito facilmente e ainda assim tenho resolvido coisas essenciais da vida aqui.

Nao vou sumir, ao menos nao quero!

Acho que estou cada vez mais centrada na vinda dela, em ajeitar nosso canto aqui, inclusive porque o ninho da marina, o bercinho, so chegou da suecia quinta feira passada assim como toda roupinha etc que eu tinha dela.

entao, agora to focada nela, no angelo, na pequena familia...

ainda com tudo meio improvisado por aqui.

beijos enormes para voces e obrigada por nao sumirem apesar de eu nao ter aparecido direito!

sonia,
somnia disse…
ah! ja tem de volta aqui em casa para me ajudar,ja que no brasil a gente conta com esses super mega privilegios, e ela se chama glorinha...

e alguem de muitos anos que conheco e isso ja ajuda na tranquilidade...

ahhh! a fota era para arrepiar messss... rs
Daniela disse…
Nem sei o que dizer...
Danissima disse…
Oi So,
fiquei com uma raiva da tua empregada...

bem, mas daqui, mesmo sem saber, eu te mandei um monte de energia boa no domingo, de manha, vc sentiu???
estou fazendo um presente pra vc e para a Marina.

abraços e beijos
Beth/Lilás disse…
Soninha,
Tô chocada, triste demais lendo tudo isso aqui e sabendo que não tem melhoras, sequer perspectivas para nosso povo, haja vista o que vem por aí nessas eleições.
Prefiro falar-lhe por email.
beijinhos
Françoise disse…
Oi amiga,
Como havia sumido achei que a Marina estivesse em seu colo bebendo um delicioso leite quentinho docê.....

Fiquei triste em saber que com este barrigon ai, mais vulnerável e cansada ainda passa por tudo isso. Tantas coisas tristes acontecendo. Uma pena. O Brasil tá meio perdido amiga, acho que São Paulo ainda consegue ser um pouco pior.

Vou daqui torcer pra que tudo fique bem por aí. Há de ficar. Se cuide.

Abraço apertado.
Eveline disse…
Oi amiga, tudo?
Que coisa!!! incrivel o que é a realidade brasileira...
Sabe que mesmo morando no Brasil e sendo brasileira, eu uso muito a frase "eles acham que..", é como se eu não pertencesse a este pedaço de terra, é como se eu tivesse nascido no lugar errado, hehehe.
Mas faz parte, dizem que é nosso karma, talvez, vá saber, afinal esse sentimento é muito forte, de lugar errado na hora errada.
Te cuida guria, estarei aqui tbem emanando boas energias para ti.
Beijos
Xu disse…
Muié, tô super atrasada na leitura do brabulet's e já chego chegando, sentando na janelinha e, pra não perder o costume... descordando 1 bocadinho (rsrsrsrs).
Fiquei super chateada ao ler os últimos ocorridos com vcs por aí. Mas a verdade é que estes fatos não são exclusividade de Sampa. Em menos de 1 mês passei pelos mesmos (ou mto parecidos) sentimentos: nosso carro foi arrombado em plena luz do dia no centro de Malmö; depois um outro carro DENTRO da garagem do nosso prédio teve os 2 para-choques roubados; e quando eu + Gus fomos passar merecidas férias na Grécia, alguém furtou a carteira do Gus (com todos os documentos tb)... e ele não deixou cair, alguém enfiou a mão no bolso da bermuda e zupt, lá se foi a carteira logo no 1o dia de férias.
O que podemos dizer? Este é o mundo (e não apenas SP ou o Brasil) em q vivemos! Saiba q vc está sempre nas minhas oracões e espero q logo vc não se sinta menos estrangeira no próprio país e passe a desfrutar as coisas boas q ele tem pra oferecer. :-)
Ah, espero q a Glorinha seja sua nova Ludvina ;-)

Mas e as coisas boas? Como foi a 1a noite de Angelinho na casa de vovó e o casal jantando "a sós"? Coisa boa, hein?

Mta saudade! Vc recebeu minha msg com meu # 011?

Bjos, bjos, mtos bjos
Ivana disse…
Somnia, queridona!
Sinto muito por toda esta manifestação negativa nestes teus poucos dias de brasilidade. Concordo com a Xu quando diz que em qualquer lugar do mundo estamos sujeitos e pode acontecer, mas Xu... Aqui o negócio é "dicumforça", como diz o meu marido!!! Na Suécia, se vocês tem alguma violência, tem a qualidade de vida, o acesso a cultura, a igualdade social, a segurança e tantas outras coisas positivas pra equilibrar a balança. Mas aqui o que temos? Muito pouco, comparado com a violência e corrupção que crescem feito capim nesse nosso país. É difícil, mas é verdade.
Somnia, que seus dias sejam melhores (e serão!) e que Marianinha chegue trazendo só alegrias e apagando da memória todo esse desconforto destes dias!
Um beijo!!
somnia disse…
Ola moleres todas!

Eu acho que a lembranca da Xu com os episodios de Malmo sao otimos pra lembrar que no fundo ha problema sim e a violencia tem crescido em todo canto do planeta... Na Suecia eles precisam mesmo abrir o olho, se organizar quanto a isso. A imigracao trouxe problemas sociais e isso tambem tem trazido violencia.

Entao Xu fiquei maior triste com a noticia do que voces sofreram ai tambem e isso da mostras de algo que a gente nao vinha sentindo nos ultimos 3 anos e tanto que estivemos ai.

permita me porem discordar um pouco: acho que em muitos paises turisticos ha batedores de carteira, como na Grecia... e os furtos ocorridos em malmo sao ruins mas ainda nao se comparam com o poder da violencia daqui: ontem eu estava com amigos da dri e veio a noticia que uma moca do trabalho dela foi roubada no estacionamento e esfaqueada. No mesmo lugar um rapaz esses dias recebeu um tiro porque queriam a moto dele...

o que ocorreu comigo nao e nada! gracas a Deus! mas e uma ponta desse iceberg e demonstra o quanto se pode correr de riscos todos os dias aqui... Li enquanto fazia as unhas num salao que no ultimo mes 50 mil, isso mesmo, 50 mil criancas sumiram no Brasil todo. trafico de criancas e algo grave tambem! imagina ter seu filho roubado e nunca mais saber seu paradeiro?

entende o que quero dizer? meu desanimo nao e com o que ocorreu comigo, mas o que isso esconde, o que isso me lembra.

Entao embora eu saiba que posso ter a carteira batida em paris, em londres etc eu sei que o problema e mal, mas nao vai taoo longe, como a Ivana ressaltou ai em cima.

e isso...

ah! e sua animacao para eu contar as coisas boas me fez pensar num post ontem, to preparando!

beijos a Xu, Ivana e todas voces!
Danissima disse…
Somnia,
teu blog foi indicado num outro blog... olha:
http://verdejardim.blogspot.com/2010/08/blog-day.html

beijocas gordas
Celia disse…
Somnia, que dizer numa situacao dessa??? Fiquei com pena de tudo que lhe aconteceu. Nao é fácil morar um periodo fora, e voltar pra nossa patria e dar de cara com tanta coisa ruim. Moro aqui na Suecia ha 21 anos e nao sei se me adaptaria voltar pro meu Brasil. Sao tantas as coisas que se le, se ouve...sei nao.
Espere que as coisa melhores. Bj
De disse…
Ola Somnia..
Descobri seu blog ha pouco tempo e ainda nao consegui ler muito, mas estou gostando muito. Estou escrevendo pra dizer que entendo 100% o que vc esta sentindo. Morei em Stockholm por 3 anos e me adaptar de volta ao Brasil foi 10x mais dificil que lidar com a escuridao e o frio da Suecia. Tanto que, cinco anos depois, entramos no processo de imigracao canadense e aqui estamos ha 3 anos. Nao temos qq intencao de voltar a morar no Brasil. Sinto falta de tudo; familia, amigos, mordomia e chopinho no fim da tarde, mas nao abro mao da seguranca, liberdade e qualidade de vida que temos aqui.
Que Deus te ilumine e te traga muita paz e luz pra lidar com os leoes que aparecem todos os dias..

Abracos..
Lúcia Soares disse…
Sonmia, você sabe que sou ferrenha defensora do Brasil, que nem todos são marginais, que nem tudo é violência, que há muito mais pessoas boas que más, que em todo lugar há disso...Não dá pra comparar países minúsculos da Europa e EUA. Quando o território é pequeno, claro que o governo dá conta de fiscalizar tudo.
Quando a população é pequena, claro que é mais fácil ser um país rico.
É como as famílias. Se temos 3 filhos, é mais fácil tudo, do que se criamos 10 filhos...
Não defendo, de jeito nenhum essa violência absurda que vivemos, a corrupção, a falta de policiamaneto sério e tudo o mais.
Mas essas moças que bateram no seu carro, essa moça que roubou sua carteira, essas pessoas que atazanaram sua vida nesse pouco tempo que está aqui, não são o Brasil. São a parte podre do Brasil.
Tenho uma empregada que fará, dia 19, 5 anos que está comigo.
Não abre a geladeira senão para o seu serviço, não me pegou nunca uma moeda de 1 centavo que seja, enfim, é da melhor qualidade.
Sei que as coisas não estão fáceis, principalmente em SP e Rio, mas veja lá no Rio Grande do Norte, a qualidade de vida é outra, justamente por ser um Estado pequeno, mais bem olhado.
O que nos falta é seriedade para um bom governo, que priorize os necessitados, mas não dando bolsas, e, sim, educação e condições de trabalho digno.
(Amiga, vou levar esse comentário pro meu blog, viu? Gostei do que falei!)
Beijos!
Tati disse…
Oi Somnia, vim pela postagem da Lucia. Não estava acompanhando suas aventuras brasileiras, passarei a acompanhar.
Posso dizer? Nunca coloquei os pés fora do Brasil. E também me sinto estrangeira... Quando gostamos de agir direito, seguir o certo, pensar no outro, e quando esperamos receber respeito em troca, isso acontece.
Ontem foi um dia em que me senti assim, por ter que ir ao cartório e à Caixa Econômica resolver coisas da empresa que montei com o marido. As coisas no Brasil são emperradas, muitas vezes parece que feitas para não dar certo. E o que não falta são pessoas dispostas a se aproveitar disso.
Também me sinto estrangeira!
Beijos.
somnia disse…
Lucinha, como seu comentario aqui e um resumo do seu post ai no seu blog eu vou apenas copiar a resposta que dei la, ok? so por falta de tempo de reelaborar messss... beijo.


Querida Lucinha,

cheguei em casa e vi seu email e seu comentario no blog! Acho que temos mais e que trocar ideias e o que sentimos e os blogs sao otimos nisso.

Eu espero que a leitura do meu post nao de essa impressao de que generalizei o povo brasileiro, do qual eu, voce, tanta gente e parte.

O que sinto e que nossa cultura de levar vantagenzinha em tudo e conseguir se safar de qualquer lei e punicao favorece atitudes irresponsaveis, sem etica e sem moral nenhuma. E tem por ai, pobre e rico, que adora aproveitar estas brechas.

Por outro lado Lucinha vou dizer algo que acho que respondi pra amiga Glorinha quando ela comentou outro post meu: eu estou fora do Brasil e mesmo por saude mental e emocional optei por viver meio distantes dos eventos daqui. O marido via, comentava, de vez em quando eu acompanhava... Entao eu nao me sinto a vontade para julgar o governo que esta ai, mas o que eu posso dizer e que essa minha insatisfacao nao vem desse governo.

Eu desejei fazer sociologia e era voluntaria em casas de abrigo em sao paulo ha muito, muitos anos atras e o Brasil ja era muito ruim na minha opiniao.

Eu nao vou conseguir debater com voce a eleicao da Dilma ou nao, assim como nao consigo deixar comenarios com senso no blog da Lolinha que e super petista. Entende?

Quero dizer que voce, ela e qualquer um e livre para votar, nao votar etc nessa eleicao segundo o julgamento de voces... Eu, por ora, nao consigo fazer julgamento do governo a partir do que vejo de errado nos brasileiros.

Isso vem de tanto, tanto tempo... e quando vi semana passada que o Maluf ainda se candidata e ainda tem gente que vota nele eu pensei que a politica no Brasil continua me deprimindo.

Tenho ouvido muita gente empolgada com a eleicao da Dilma assim como gente totalmente contra. Nao sei ainda o que vou fazer. Provavelmente eu vou me dar o direito, a liberdade de justificar o voto, ainda mais que sera logo depois do parto...

E achei seu post aberto, corajoso e nao fico contra voce. Concordo com ele em muito, mas no quesito politica atual eu prefiro dizer que o meu post nao estava falando exatamente disso, mas da questao etica e moral nossa como sociedade no geral.

um beijo enorme! saudade! e obrigada por ser ainda sua pintorinha preferida... rs
Unknown disse…
Como moradora de uma cidade bem mais tranquila, Curitiba, só posso te dizer: sinto muito...
Dias melhores virão...

Beijos,

Maria Santos disse…
Oi Somnia, vim te conhecer pela indicação do blog da Lucia.
Poxa é uma pena isso q aconteceu com vc, e isso me deixa indignada e envergonhada do nosso país, nasci aqui e nunca sai daqui (ainda, espero poder conhecer outros lugares), tbm passei por algo parecido com a sua história esses dias atraz, essa coisa de eu te ferro, o problema q por mais brava que eu fique e fico não consigo ferrar os outros, meu carater (acho eu) não deixa, tem dia q dá vontade de sair gritando : Peraí de tonta só a cara e o jeito de andar!!!!!
Complicado mesmo vivo dizendo pra minha mãe q não sou daqui ou memso q nasci no país errado.
Sei q o Brasil tem mta coisa boa tbm, o problema q é tanta coisa ruim e pessoas ruins q as vezes fico cega para as boas, sinto mto por vc isso que aconteceu com vc me revolta sabe, mas com certeza vc vai encontrar pessoas boas e honestas por que tem gente assim aqui no Brasil, pessoa de bom coração...
Mts bjs pra vc e muita força, agora vou acompanhar vc..ok?
Bjinhos..
Somnia, benvinda querida borboleta!...ando sumidinha às voltas eu tb ,com meus vôos pela escrita...mas fiquei chocada com o que aconteceu com vc.
Chocada não é bem a palavra, visto que vemos isso a toda hora, a todo momento...hj, aqui no Brasil, a excessão virou regra e a regra, excessão. O réu vitima e a vítima réu...eu semana passada constatei que fui vítima de uma editora fake, que pegou meus manuscritos e disse que mandaria para feiras fake, venderia numa livraria fake e fariam parte de antologias fake...Em suma, querida, ainda acabo achando que fakes somos nós, os honestos e verdadeiros são o resto...triste Brasil esse Brasil fake! Excessão hj em dia é ser honesto e digno!
bjs. e boas vindas! Espero, sinceramente, que consiga ser feliz aqui.
Xu disse…
Baby, entendi total seu ponto de vista e concordo q tem alguns lugares bem menos seguros q outros, neste mundão a fora.
Mas gostei do comentário da Cê... mesmo no Brasil a gente encontra cidades + tranquilas.
No fundo do meu coracão, espero q vc esteja cada vez se sentindo + "em casa".
bjos
Anônimo disse…
Assim como o Leonardo disse, eu também acho que quanto mais tempo se passa na Suécia, mais difícil fica de voltar, de se adaptar aqui de novo.
Essas coisas têm ofuscado meu último ano de Brasil, ano pro qual eu tenho tanta esperanca ainda.
Num país onde todos são passados pra trás, todos passam pra trás.
No entanto já percebí, num cruzamento onde todos cortavam a frente de todos, que eu fiz a mesma grosseria e cortei também. Acho que esse comportamento vem da injustica e da falta de certeza que teremos a nossa vez (como acontece na Suécia). Enfim, é um ciclo vicioso.
O Erik tem a idéia de se aposentar e vir pro Brasil, mas até lá eu duvido que mesmo ele queira!
Beijos e boa sorte pra gente! rsrs

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