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"Brother Sun, Sister Moon", sobre o luto, a dor e o tempo


("Brother Sun, Sister Moon", Donovan, tema do filme de Franco Zefirelli)

Muito curioso...

Já há várias semanas tenho revivido o filme de Franco Zefirelli na cabeça... Tenho ouvido as músicas lindíssimas da trilha sonora que me marcou desde a adolescência.

E hoje, enquanto dava banho na Marina e cantava "Brother Sun, Sister Moon" para ela e pensava no amor, eu não podia imaginar que viria a postar esta música ainda esta noite.

Acontece que agora pouco vi o comentário da Luciana, leitora cuja história eu ainda não conhecia, me pedindo ajuda.

Ela me pedia dicas de nomes de empresas de mudança para o Brasil e, por conta disso, acabei passando em seu blog pela primeira vez.

A Luciana, brasileira moradora da Suécia, perdeu seu único irmão esses dias e escreveu um post emocionante, de fazer as lágrimas cairem, de fazer a gente querer abraçá-la e ter poderes de reverter a dor alheia... A dor da Luciana hoje é minha também. E como acalanto eu só posso te dizer que sim Lu não há nada na vida pior do que perder alguém da família. Embora eu muito felizmente não saiba sobre perder um irmão, já perdi meu pai e amigas jovens muito próximas, então creio que posso afirmar o quanto sua mãe está certa.

O tempo dará lugar a algo suave. A dor se transformará na certeza de um amor vivo. A memória da pessoa nunca se apagará, pelo contrário, ela se tornará cada vez mais presente como se a perda física não fosse mesmo um limite. A ausência física se transformará em presença de espírito intensa.

Ontem, na cidade onde minha família vive, encontrei um senhor que foi amigo do meu pai na época que eu era criança. Falei com ele e me apresentei "Sou a filha do Sr. José!", porque imaginava que o homem não se lembrava de mim. Falar com ele era como reviver um pouco a vida de meu querido pai na época na qual era metalúrgico da Singer. E então eu disse a ele: "O senhor era amigo do meu pai...". "Essa é minha filha e este é meu marido... "Nossa que legal, o Seu Zé! Claro! Mande um abraço para o seu pai!", ao que eu respondi, serenamente, sem dor, sem mágoa, com uma naturalidade que nunca pensei chegar: "Meu pai faleceu há mais de 7 anos!, mas um abraço para o senhor e tudo de bom!".

Era isso. É isso. Meu pai continua vivo. A perda não dói mais como doía... e aí me dei conta do quanto o tempo me curou. Ele continua vivo. Embora haja a ausência, a dor da perda foi de certa maneira curada. Eu não sei explicar como, mas sinto que meu pai está vivo.

Então minha querida Luciana eu sei que palavras não vão diminuir o que sente agora e sim, será preciso muita terapia ou conversa, com amigos, família, psicólogos, como puder pôr para fora esse amor, essa falta...

Você passará por estágios diferemente doloridos. Muita culpa, mágoa, raiva do mundo e até do seu irmão por ter lhe abandonado. Haverá dias em que nada nunca mais parecerá ter lógica e sentido. Em outros você terá fé na possibilidade de ainda ser feliz sem ele... E isso tudo vai doer e fazer sangrar seu coração ainda mais. Só não guarde a dor para você... Escreva sim seus posts! Ao ler o que sente outros também se identificarão! E a vida vai ganhando outros significados.
Com o passar de tantos estágios virá a aceitação, virá a transformação...

Na conclusão de um dos capítulos do livro "Perdas Necessárias", do qual eu gosto muito e já reli muitas vezes, Judith Viorst fala como em meio ao luto e a dor da perda no fundo só nos resta o seguinte:

..." Assim, talvez a única escolha seja a do que fazer com nossos mortos: morrer quando eles morrem. Continuar vivendo como incapacitado. Ou forjar, com a dor e a lembrança, novas adaptações. Através do nosso lamento reconhecemos a dor, sentimos a dor, passamos por ela. Com nosso lamento libertamos os mortos e os guardamos dentro de nós. Com nosso lamento chegamos a aceitar as dificuldades que a perda pode criar - e então começamos a chegar ao fim do luto."

Sobre a mudança: nós viemos com uma empresa arranjada pela Sony Ericsson. Na Suécia ela se chama Acta, é esta quem empacota, carrega etc, mas a representante no Brasil é quem entrega para você aqui é:

ATLANTIS INTERNATIONAL
Avenida das Americas, 16.325 - sala 303
22790-703 Barra da Tijuca
Rio de Janeiro - Brazil
Tel: 55 21 3503 8900

Me mande seu email para borboletapequeninanasuecia@gmail.com que tentarei tirar mais dúvidas.

Um abraço enorme.

Ouça a música do filme de São Francisco, é linda... e fique em paz...


...

Brother Sun

Brother sun and sister moon,
I seldom see you, i can't hear your tune;
Preoccupied with selfish misery.

Brother wind and sister air,
Open my eyes to visions pure and fair,
That i might see the glories around me.

I am god's creature, of him i am part,
I feel his love awakening my heart.

Brother sun and sister moon,
Often i see you, i can hear your tune;
So much in love with all that i survey.

I am god's creature, of him i am part,
I feel his love awakening my heart.

...


Brother Sun, tradução

Irmão sol e irmã lua
Eu raramente os vejo, raramente ouço a sua música
Preocupado que estou com meus desalentos

Irmão vento e irmã ar
Abram meus olhos para o que é puro e belo
Para que eu veja a glória ao meu redor

Sou uma criatura de Deus, Dele sou parte
Eu sinto o Seu amor despertando o meu coração

Irmão sol e irmã lua
Agora os vejo e ouço a sua música
Apaixonado que estou com tudo o que vejo

Sou uma criatura de Deus, Dele sou parte
Eu sinto o Seu amor despertando o meu coração


...

Comentários

Mariana disse…
Muito lindo seu post. Eu imagino que só o tempo possa realmente curar estas dores. Eu nunca perdi ninguem realmente próximo e tenho muito medo de quando este momento chegar, mas acredito que com o tempo a gente aprenda a se adaptar a esta perda.

bjs
Françoise disse…
Que lindo post, que Deus acalme e suavize o coração da Luciana,
Abraços,
Fran
Danissima disse…
Somnia, teu blog eh sempre uma surpresa! obrigada por dividir os teus pensamentos com a gente.
Saudades.
Luciana disse…
Somnia...muito obrigada pelas palavras de carinho e conforto.
Mandei um e-mail para vc pedindo mais dicas.
Beijos carinhosos
Beth/Lilás disse…
Soninha,
Só quem já perdeu um ente querido tão próximo é que sabe essa dor e pode ajudar a outra pessoa.
Suas palavras estão lindas e a música que ofereceste é perfeita para acalentar o coração da Luciana.
Espero que ela, aos poucos, assimile e sublime esta imensa dor.
um beijinho carioca

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